quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

NA BARCA DO CORAÇÃO...

Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas... 
Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis -, levarem-te a dizer: - que dia! 
Lembra-te... 
Caía a tarde e a multidão ainda estava reunida na praia. 
Desde que o Sol surgira, Jesus atendera as incontáveis súplicas daqueles que o buscavam. Mãos e lágrimas roçavam-lhe o rosto e a túnica - antes tão limpa e alva - e agora, toda manchada de lamentos. 
Finalmente, chegara às margens do lago, vencendo a dor e as tristezas dos sofredores. Aqueles que O viram deixando atrás de si um rastro confortador de estrelas, perguntavam-se: - quem será este homem, a quem as dores obedecem? 
O céu acendia as cores da noite quando a barca de Pedro recolheu preciosa carga. 
Jamais Jesus mostrara na face sinais tão evidentes de cansaço. Acomodado sobre uma almofada de couro, Sua majestosa cabeça pendeu sobre o peito, como um girassol real despedindo-se ao poente. 
Seus lábios deixaram escapar um longo suspiro antes de adormecer. Seus amigos pescadores não ousaram perturbar-lhe o merecido sono, manejando remos com cuidado, auxiliados pelos sussurros de doce brisa. 
O lago de Genesaré assemelhava-se a gigantesco espelho de prata ao luar, tranqüilo e sereno como o Mestre adormecido. 
Faltava pouco para completar a travessia, quando tudo transformou-se. 
O tempo irou-se, sem aviso. Adensadas, as nuvens de gaze leve tornaram-se tenebrosa tempestade, e o lago esqueceu a calmaria, encrespando-se, açoitado pelo vento. 
Para a barca, vencer a tormenta era como lutar contra vigoroso e invencível Titã. 
Pedro usou toda a sua força e sabedoria nos remos, gritando ordens que se perdiam entre as gargalhadas dos trovões e dos relâmpagos. 
Os discípulos assustados correram a acordar Jesus que ainda dormia. 
- Mestre! - exclamaram em coro desesperado - pereceremos!
Jesus, assim desperto, levantou-se prontamente, equilibrando o corpo cansado muito ereto, apesar da barca que por pouco não naufragava. 
Sua majestosa silhueta parecia estar envolta em misteriosa luz, quando ergueu os braços, ordenando à tempestade: 
- Calai-vos! E voltando-se para os amigos:- acalmai-vos! Homens, onde está a vossa fé? 
Os ventos emudeceram e o lago baixou suas ondas, aplacado por misterioso imperativo. 
Os discípulos olhavam-se, num misto de surpresa e alívio. 
Envergonhados, voltaram-se para os remos. No compasso ritmado avançava a barca, ao compasso do coração daqueles homens que se perguntavam: quem será este homem, a quem os ventos obedecem? 
............... 
Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças, e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas... 
Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis -, levarem-te a dizer: - que dia! 
Lembra-te...da mensagem do Cristo adormecida em ti e... Acalma-te!

"A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação." Chico Xavier – Emmanuel.

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