FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Um levantamento feito no Reino Unido
mostra que mais de 12 mil crianças e adolescentes com menos de 18 anos foram
hospitalizados no ano passado por causa de episódios de automutilação. De
acordo com reportagem publicada no Daily Mail, o número deve ser ainda
maior, pois nem todos as pessoas procuradas quiseram responder à pesquisa,
feita com usuários do sistema nacional de saúde britânico.
Uma análise semelhante feita em 2012
resultou em pouco menos de 10 mil casos de automutilação, o que indica que
houve aumento de 30% em um ano.
Um dos casos mais chocantes,
divulgados pela reportagem, é de um garoto de sete anos que ingeriu veneno, e o
de uma criança de apenas 3 anos que consumiu uma overdose de paracetamol,
analgésico que naquele país é usado em altas doses em tentativas de suicídio.
De acordo com o levantamento, as
adolescentes do sexo feminino são mais propensas a se automutilar do que os do
sexo masculino, e acabam no hospital com uma frequência três vezes maior. Já
entre as crianças mais novas, esses casos são duas vezes mais comuns em
meninos.
Um outro estudo, realizado na
semana passada também Reino Unido , apontou que um em cada cinco jovens de 11 a
15 anos se automutila deliberadamente. O levantamento, que contou com
participação da Organização Mundial da Saúde, incluiu 6 mil jovens.
Entre as causas da automutilação, os
pesquisadores citam as pressões cada vez maiores que esses garotos sentem, por
exemplo ao ver os pais trabalhando feito loucos para colocá-los em uma boa
faculdade.
Outras causas destacadas são o
cyberbulling, que é cada vez mais comum nessa geração, uso de álcool e drogas,
problemas de autoimagem e falta de perspectivas para o futuro, algo relacionado
à crise econômica.
Outro estudo tão completo como esse
sobre automutilação no país tinha sido feito em 2002, com 6 mil jovens de 15 e
16 anos, e indicava que 6,9% deles tinham esse tipo de atitude. O que leva a
concluir que a proporção de casos está aumentando.
Sobre o autor.
*** Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
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