FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Respiração ofegante, aumento do ritmo cardíaco,
mãos suadas, raciocínio embaralhado, sentimentos de medo repentinos e sem
explicação. Juntos, esses sintomas configuram o que os médicos chamam de crise
de ansiedade.
Presente em 25% da
população mundial, segundo Scoth Stossel, autor do livro “Minha era de
ansiedade: medo, esperança, pavor e a busca por paz de espírito” (Ed. Knopf),
lançado no início do ano nos EUA, a ansiedade exacerbada tornou-se a vilã do
mundo moderno.
O país que mais sofre com esse sintoma é os
EUA, com ao menos de 40 milhões de adultos com distúrbios de ansiedade a partir
dos 18 anos. Apenas um terço dos diagnosticados norte-americanos recebem
tratamentos terapêuticos ou medicamentosos. Os dados são da Associação de
Ansiedade e Depressão da América (ADAA, em inglês).
Vale esclarecer, segundo psicólogos e
psicanalistas brasileiros ouvidos pelo Delas, que a ansiedade está presente em
todos os seres – o que a torna preocupante é o seu grau de atuação.
“A ansiedade normal é aquela que nos
possibilita chegar ao local dentro do horário e interagir com o ambiente.
Quando começo a ter prejuízos, tenho a ansiedade exacerbada”, explica a
terapeuta comportamental Letícia Guedes.
Com uma ansiedade aguda, os primeiros
prejuízos, citados por Letícia, despertam inúmeras doenças físicas facilmente
associadas a outras causas, como psoríase, gastrite, dores de cabeça e
dificuldades de concentração e sono. Em condições graves, o quadro pode
desenvolver casos de dependência química, síndrome do pânico e depressão.
De crianças a idosos.
Engana-se também quem imagina que o
“sofrimento por antecipação” atinja apenas executivos e moradores de grandes
metrópoles, conhecidas peloas altos índices de violência e trânsito e pela
sensação de insegurança. Hoje, o sintoma está presente em todos os grupos da
sociedade – de crianças a idosos.
“Nos primeiros anos a criança pode apresentar
diarreia, vômito e até estado febril por estar ansiosa”, diz Letícia.
Já em adultos, muitos sofrem de ansiedade
aguda, como ataques de pânico, sem compreendê-lo como tal. Com durabilidade de
no máximo cinco minutos e crises recorrentes, o ansioso reconhece o desconforto
fisiológico, mas não o classifica como pânico e, por isso, não busca ajuda de
um profissional.
“Só fiquei nervosa, não foi um ataque”,
explica a terapeuta usando a frase repetida por mais de 95% dos pacientes no
próprio consultório.
Ao alcançar novo estágio, as crises de
ansiedade viram limitadoras e impõem barreiras no convívio social, chegando a
provocar desistências em viagens e encontros sociais.
“Ansiedade traz muita angústia, dor
e sofrimento. Os ansiosos sofrem por algo que não necessariamente tem relação
com a realidade, como, por exemplo, deixar de viajar porque o avião pode cair
ou não sair de carro pelo medo de
ser assaltado”, conta a psicóloga e psicanalista Cleunice Menezes, especialista
em transtornos de ansiedade.
Mas, o que desperta toda essa aceleração e
preocupação? Para a psicóloga a resposta está no rumo do mundo capitalista, que
provoca o sentimento de insatisfação e instiga o consumo de informação e bens
materiais.
“Essa insatisfação é um vazio
inerente ao ser humano. Ansiedade, depressão, compras, sexo e
drogas são reflexos de intensa procura pelas coisas que o outro tem”, define
Cleunice.
Veja abaixo dicas
comportamentais para enfrentar uma crise de ansiedade:
1ª Organize o seu dia.
Se você acorda com os sentimentos de
preocupação por algo que ainda não aconteceu, melhor organizar o dia,
mentalmente ou em uma lista de afazeres por ordem de prioridade.
“Não conseguimos fazer tudo na vida. É a hora
de refletir o que eu quero, o que me faz bem e o que pretendo com aquela
atividade”, explica Cleunice.
Respondendo essas perguntas, você consegue
refletir o quanto as atividades são necessárias naquele momento. Tentar não
criar expectativas significa evitar novas frustrações. Faça o teste e descubra:
Você é organizada?
2ª Ficou mais nervosa?
Reconheça a crise!
Alguns apostam em meditar, ouvir uma boa
música ou apenas levantar e abandonar a situações de estresse por alguns
minutos.
“Tudo o que você fizer para sair do burburinho
irá ajudar. É preciso reconhecer a crise e aceitar que precisa de um tempo”,
orienta a psicóloga. Ao reconhecer o estresse e a crise de ansiedade, será
possível separar o presente das preocupações futuras.
3ª Respire, inspire,
respire…
Pare por um momento e respire fundo.
Especialistas em comportamento afirmam que respirar é “fonte de vida”. Inspirar
profundamente ajuda a conectar com o corpo, os pensamentos interiores e o
momento presente. Terapeutas comportamentais, por exemplo, apostam em diversos
treinamentos com respiração para alcançar a calma e apreender a diminuir a
crise ou até acabar com ela.
4ª Não resolveu? Procure
ajuda especializada.
Muitos têm dificuldades para realizar os
exercícios em busca do autoconhecimento. Sessões de terapia podem ajudar no
processo de autogestão e também a decifrar qual o gatilho que desencadeia a
crise ansiedade.
“Quanto mais você conhece do sintoma, mais
ferramentas tem para lidar com o problema”, conclui Cleunice.
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