FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Quem tem um automóvel, sabe que muitas vezes
acaba custando mais tê-lo que de fato comprá-lo. Além do combustível, da
manutenção, das revisões e lavagens, há também o seguro, que deve ficar ainda
mais caro até o final do ano. Essa é uma das perspectivas do estudo da
corretora Marsh, o Insurance Market Report, divulgado com exclusividade ao iG.
Segundo o material, fazer o seguro do carro vai ficar 10% mais caro até o final
do ano.
E, como não podia ser diferente, a chamada
taxa de sinistralidade – que mede a frequência de incidentes que envolvem o
pagamento de indenizações pelas seguradoras – subiu.
Em 2013, foram roubados 470 mil veículos em
todo o Brasil. Segundo as expectativas da Federação Nacional dos Seguros Gerais
(Fenseg), serão 570 mil roubos neste ano, número 12,8% maior – segundo a
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o número
de carros novos vendidos caiu 0,9% no mesmo ano, o que aponta um aumento
desproporcional entre ocorrências e venda de veículos.
Entre os possíveis sinistros, como colisões,
enchentes e acionamento para terceiros, os roubos e furtos exercem o maior peso
na composição do preço. Este aumento deverá ter impacto direto sobre as
finanças das seguras, que, consequentemente, repassarão seus custos ao cliente.
Da composição do preço do prêmio – que é o
valor pago por cliente –, 75% tem a ver com a sinistralidade. “Existem alguns
pontos em que a seguradora tem controle efetivo, por exemplo, nos custos de
comercialização. Mas no caso das indenizações, não temos como controlar”,
comenta Neival Freitas, diretor executivo da Fenseg.
A alta nos roubos e furtos já vem desde 2013,
quando o número de ocorrências cresceu 11,9% e acabou forçando as seguradoras a
rever seus preços. “Até 2010, havia um processo forte de redução nos índices de
roubo de furto e o preço vinha caindo sistematicamente. Já em 2012, o cenário
começou a mudar”, aponta Freitas.
No Estado de São Paulo, por exemplo, que
concentra a maior frota do País, o número de roubos cresceu cerca de 40%, segundo
dados do Sindicato dos Corretores de Seguros no Estado de São Paulo
(Sincor-SP). A maior parte do crescimento se deu no interior do Estado. “Isso
desequilibra a carteira das seguradoras, é claro que poderá significar um
ajuste”, afirma o presidente do Sincor, Alexandre Camillo. “O aumento dos
roubos é alarmante.”
Temporada de seca alivia
pouco o caixa das seguradoras.
Se, por um lado, o roubo de carros cresce, por
outro, os gastos das seguradoras com sinistros relacionados a enchentes já
diminuíram, uma vez que a temporada de chuvas deste ano foi comedida.
“Havia uma provisão para essa expectativa que
eles não realizaram”, lembra Alexandre Camillo. No entanto, o presidente do
Sincor destaca que as perdas parciais que acontecem na maior parte dos casos de
enchente são bem mais baratas que os eventos de roubo ou furto. “Esse impacto é
quase inadministrável".
Lei dos desmanches pode
aliviar preço do seguro a partir de 2015.
Na terça-feira (20), foi sancionada uma lei
federal que trata do desmanche de veículos. Na expectativa de uma redução de
50% no número de ocorrência de roubos e furtos, Neival Freitas comemora a
decisão. A lei determina que toda empresa de desmanche de veículos tenha uma
autorização expedida pela Secretaria de Segurança Pública e cada peça deverá
ser identificada, de forma a sinalizar quais materiais vieram de carros já
roubados.
Assim, deverá ficar mais difícil revender as
peças após o desmonte, inibindo a ação dos bandidos. “A partir da vigência
dessa lei, peças roubadas ficarão de fora do mercado, diminuindo o sinistro.”
Esse movimento deverá refletir no preço, naturalmente, fazendo pressão para a
queda nos prêmios.
No mercado corporativo, a terceirização das
grandes frotas também é um fator agravante. “Quando é terceirizado, existe menos
cuidado dos condutores e dos gestores com o veículo”, Thomas Andersson, líder
da prática de posicionamento de mercado da corretora Marsh.
Outros seguros também devem
oscilar de preço.
A corretora Marsh também vê uma tendência de
aumento de 10% nos planos de saúde. Aqui, a alta também é resultado do aumento
da sinistralidade – algo bem natural quando se considera o crescimento no
número de empregos formais. “Quando o seguro é da empresa, as pessoas usam o
benefício com muito mais frequencia”, pontua Andersson.
O aumento da demanda, aqui, não tem o mesmo
efeito que o aumento nas frotas de veículos. “Temos visto um interesse
crescente nos ajustes dos benefícios do seguro saúde”, sinaliza Andersson.
Mais que isso, o acompanhamento do governo em
cima do assunto cria uma instabilidade para a operadora, que se vê obrigada a
se capitalizar para sustentar os períodos de suspensão ela Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS). “O olho do governo neste setor é enorme. As empresa
têm de tomar cuidado para não ter a licença suspensa.”
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