FONTE: Do UOL, em São Paulo
(noticias.uol.com.br).
Uma pessoa com
problemas mentais tem mais chance de morrer precocemente que um fumante,
apontou uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford, publicada no jornal World
Psychiatry. Somente no Reino Unido, uma em cada quatro pessoas possuem
problemas de saúde mental e 21% dos homens e 19% das mulheres fumam cigarro.
Os pesquisadores
descobriram que pessoas com transtorno bipolar tem uma redução de nove a 20
anos na sua expectativa de vida, de 10 a 20 anos em casos de esquizofrenia,
nove a 24 anos quando há abuso de álcool e outras drogas e de sete a 11 anos em
casos de depressão recorrente. Já os fumantes pesados possuem de redução na
expectativa de vida de 8 a 10 anos.
Pesquisadores da
instituição revisaram mais de 20 estudos científicos que relatavam riscos de
mortes em casos de pessoas com problemas mentais, abuso de álcool e outras
drogas, demência, transtorno do espectro autista, dificuldade de aprendizagem e
distúrbios de comportamento na infância. Os estudos envolviam
mais de 1,7 milhão de pessoas e 250 mil mortes. Os resultados dessas
pesquisas foram comparados às estatísticas mais otimistas relacionadas ao
tabagismo.
Segundo o doutor
Seena Fazel, do departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford, muitos
dos casos pesquisados apresentaram uma queda na expectativa de vida que
assemelha a de um fumante que consome 20 ou mais cigarros por dia.
"Existem
provavelmente muitas razões para isso. Comportamentos de alto risco são comuns
em pacientes psiquiátricos, especialmente quando envolvem o abuso de drogas e
álcool, e eles são mais propensos a morrer por suicídio, por exemplo. Há ainda
o estigma que pode fazer com que pessoas com problemas mentais não sejam
tratadas da maneira correta nos serviços de saúde", afirmou.
Para Fazel, a
separação entre doenças mentais e físicas dificulta o tratamento desses
pacientes. "A doença mental piora o prognóstico de uma série de doenças
físicas, especialmente doenças do coração, diabetes e câncer", diz.
Segundo a OMS
(Organização Mundial de Saúde) apenas 2,8% do orçamento público no mundo é
locado para saúde mental e 85 países possuem menos de um psiquiatra para uma
população de 100 mil habitantes. O chefe de Neurociência e Saúde Mental do
Wellcome Trust, companhia que financiou o estudo, John Williams, afirma que pesquisas
como essas são de extrema importância para o direcionamento de políticas
públicas para a área. "A doença mental é tão ameaçadora para a expectativa
de vida quanto outras ameaças à saúde pública, como o tabagismo",
diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário