FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Quem
não se lembra do comercial de TV, de 1992, em que um garoto exibe sua
tesourinha do Mickey e diz, em tom de deboche: “Eu tenho, você não tem”? Ou
então do jingle “Compra, mãe, compra Cremutcho”, sucesso publicitário duas
décadas atrás?
O apelo
consumista está presente não só na publicidade infantil, mas também na escola,
com o desfile de iPads e tênis de marca. Dentro de casa, os hábitos dos pais
também são referência para a forma com o pequeno vai lidar com o dinheiro.
“As
crianças acabam incorporando os exemplos dos outros, principalmente dos pais”,
explica o planejador financeiro Valter Police Junior, da Police Consultoria.
Por isso, em sua opinião, é legal que os pais desenvolvam desde cedo a noção de
que é importante dar valor ao dinheiro e que ele pode acabar.
A
partir dos 10 anos de idade, é possível começar a conversar com a criança sobre
educação financeira, dando o entendimento básico sobre a importância do auto
controle para não ter problemas com dívidas no futuro. Para isso, uma série de
recursos como livros e jogos interativos estão disponíveis na internet, lembra
Police.
Se
esses valores não forem cultivados no dia a dia, é grande o risco de a criança
ser influenciada pelos apelos de consumo e tornar-se um adulto cheio de dívidas
e problemas financeiros.
A boa
notícia é que é possível reverter essa tendência com algumas mudanças de
comportamento que podem ser introduzidas no cotidiano, sem grandes traumas, de
acordo com o planejador financeiro:
1. A mesada do seu filho acaba rápido demais.
O
descontrole da mesada é um dos sintomas mais objetivos de que a criança não
sabe lidar com dinheiro, segundo Police. “É comum ver irmãos que ganham a mesma
mesada, mas em uma semana um deles não tem mais nada, e o outro irmão consegue
guardar até o fim do mês”, exemplifica.
Solução: Converse com a
criança sobre a importância de guardar para não faltar, e explique se se ela
juntar o dinheiro, poderá comprar coisas melhores. Se a criança pedir mais
dinheiro, não ceda. “Se assim fizer, estará ensinando que ele pode gastar tudo
de novo. Faça um acordo para que isso não se repita no próximo mês”, aconselha
Police.
2. A criança quer todos os brinquedos dos coleguinhas
Os
comentários das crianças sobre o que elas gostariam de ter revelam muito os
sintomas de consumismo. Segundo Police, se elas desejam um brinquedo só porque
viram o coleguinha com ele, pode ser que o desejo da posse e de se igualar à
outra criança esteja se sobrepondo à real vontade de possuir aquele objeto.
Solução: preste atenção
ao que a criança diz quando pede um presente. Será que ela realmente gosta
daquilo? Ou será que ela está transferindo o sonho de outra pessoa para ela,
pelo mero desejo de ter? Tente reconhecer se seu filho de fato vai usufruir do
presente se o tiver.
3. Seu filho pede coisas caras demais e fora de suas
condições
Ao
consumir, dificilmente as crianças sabem diferenciar preço de valor, explica
Police. Isso faz com que muitas acreditem que o que custa mais caro é melhor, o
que nem sempre é verdade. Assim, elas acabam desejando os produtos e
experiência que mais doem no bolso dos pais, e nem sempre trazem satisfação.
Solução: Tentar mostrar
para a criança que um presente não precisa ser caro para ser legal. Se a viagem
para a Disney não cabe no orçamento, sugira um passeio diferente, recomenda o
especialista. “Diga que vocês vão para a praia construir seu próprio castelo da
Cinderela na areia”, exemplifica. Mostre que é possível trocar um presente caro
para um amigo por um presente inventado, como montar uma boneca ou um carrinho.
4. A criança tem o mesmo descontrole que você
Não
adianta exigir que seu filho faça bom uso da mesada se você não der o exemplo
primeiro. Crianças são altamente influenciáveis, a ponto de imitar os hábitos
de consumo dos pais. Adultos super endividados e consumistas demais
dificilmente terão um filho bem resolvido com as finanças.
Solução: “A melhor
maneira de ensinar é dando o exemplo. Não adianta dizer que cigarro faz mal se
você fuma”, observa Police. Isso significa que se você cuidar da sua saúde financeira,
as chances de seu filho seguir o mesmo caminho aumentam naturalmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário