FONTE: *** Alexandre Faisal (dralexandrefaisal.blogosfera.uol.com.br).
O Ministério
da Saúde pretende baixar o índice de cesarianas nos serviços privados por meio
de algumas medidas e com apoio de consulta popular. Saiba quais são e os
limites de tais medidas
Saber o índice
de cesariana do seu obstetra ajudará a gestante na escolha do médico ? Clique aqui para votar
Na semana passada, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de
Saúde (ANS) Suplementar apresentaram propostas para a mudança do modelo de
assistência ao parto vigente no setor privado. Trata-se de consulta popular,
sendo que o envio das contribuições ocorrerá de 24 de outubro a 23 de
novembro, exclusivamente por meio formulário disponível no
portal da ANS. A expectativa é que as normas entrem em vigor em dezembro. O
objetivo declarado é reduzir as taxas de cesarianas no sistema privado. Para se
ter uma noção destas taxas, no período de 2003 a 2012, elas variaram tanto no
SUS quanto no serviço privado. No SUS foram de 26% para 40%. No sistema
suplementar de saúde foram de 64% para 84%.
Uma medida se refere ao acesso à informação. As mulheres,
gestantes ou não, poderão cobrar do estabelecimento de saúde e do médico, as
taxas de cesáreas e de partos normais. Outra decisão inclui a distribuição, por
parte das operadoras de planos de saúde, do Cartão da Gestante com a Carta de
Informação à Gestante, instrumento para registro das consultas de pré-natal, com
orientações e dados de acompanhamento da gestação. Com este tipo de informação
sobre o médico e o serviço hospitalar ela poderá ter um perfil de ambos e isso
pode ajudar na eleição da mulher por determinado tipo de médico ou serviço. A
outra medida é mais técnica e se refere ao preenchimento dos dados de evolução
do parto: o partograma. Ele é um instrumento útil para acompanhamento do parto.
É um gráfico no qual são registrados dados, tais como a freqüência cardíaca
fetal (indicador de vitalidade do bebe), a dilatação do colo uterino (em
centímetros) e a altura da posição da cabeça fetal. Esta monitorização permite
ao médico avaliar a evolução do trabalho de parto e chance de parto normal,
além de dar maior segurança para a mãe. Ao registrar compulsoriamente os dados,
fica mais difícil fazer uma “cesariana desnecessária”.
Os críticos destas medidas consideram que elas são apenas medidas
paliativas que não vão mudar a cultura da cesariana reinante nos hospitais
privados. De fato, a efetividade destas medidas só poderá ser avaliada depois
de um período de implantação, quando então serão comparadas as taxas de
cesariana (antes e depois). Para muitos, esta taxa só cairá se mudarmos nosso
modelo obstétrico atual, em que o médico que faz o pré-natal é também o médico
que faz o parto. O cenário ideal é aquele em que os partos são feitos por
equipes de plantão, desvinculadas do pré-natal e que contam com obstetrizes e
enfermeiras. Um modelo que já é usado e aprovado em países europeus como
Holanda, Bélgica, Suécia, etc. O Brasil é um país singular e original, mas como
se vê, tem coisas que a gente podia copiar dos outros tranquilamente.
Sobre o autor.
Alexandre Faisal é
ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento
de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto
Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é
co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e
um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio
Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no
exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos
Sobre
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