Mulheres
afrodescendentes tendem a apresentar tumores de mama mais agressivos.
Embora registrem
menor número de casos de câncer de mama, as Regiões Norte e Nordeste são as que
têm a maior incidência de tumores mais agressivos, revela estudo inédito
divulgado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, por ocasião do Dia
Internacional Contra o Câncer de Mama, celebrado neste domingo, 19. Durante
dois anos, os pesquisadores analisaram as características dos tumores de mama
de 5.687 mulheres em todas as regiões do País.
Já os tumores do tipo luminal A representam 30,8%
dos casos relatados na Região Sul e 28,8% no Sudeste. A frequência desse tipo
de câncer cai para 24,1% no Nordeste, 25,3% no Norte e 25,9% no Centro-Oeste.
Segundo Filomena Carvalho, professora associada do Departamento de Patologia da
Faculdade de Medicina da USP e uma das autoras do estudo, as diferenças nas
incidências dos diversos tipos de tumores, de acordo com a região do Brasil,
mostram que o aparecimento de determinado câncer tem a interferência de
questões raciais e ambientais.
“Outros estudos internacionais já mostraram que mulheres
afrodescendentes tendem a apresentar tumores de mama mais agressivos. No Norte
e Nordeste, a taxa de população negra é maior. O calor também pode ser um fator
que influencia nas mutações genéticas”, diz ela, que integra a SBM e liderou o
estudo ao lado do pesquisador Carlos Bacchi, diretor do laboratório Bacchi, de
Botucatu.
Moradora de Salvador, a farmacêutica Isabele Maiara de
Oliveira e Silva, de 34 anos, descobriu o câncer de mama há pouco mais de um
mês. Por causa da agressividade da doença, ela foi submetida à cirurgia de
retirada do tumor e da mama 20 dias depois. Embora ainda esteja aguardando os
resultados da biopsia, a principal hipótese é de que ela tenha o tumor do tipo
triplo negativo.
“Eu fazia ultrassom da mama todos os anos. Só não fazia
mamografia porque, pela idade, ainda não tinha indicação. De um ano para o
outro, esse tumor surgiu e, quando descobri, já tinha dois centímetros. Ele
crescia muito rápido”, conta ela, que agora terá de passar por quimioterapia e
radioterapia.
A analista de sistemas Denise Guedes Marques Amadeu, de
49 anos, de São Paulo, passou, há cinco anos, por processo similar ao de
Isabele. “Tive de fazer a cirurgia, químio e radio. A sorte foi que
descobri o tumor logo no começo, e o tratamento foi iniciado rapidamente”,
conta ela.
Denise teve um tumor do tipo luminal A, o que tem as
maiores chances de cura. “É bom as pessoas saberem que o diagnóstico de câncer
de mama não é uma sentença de morte. E mesmo o trauma da retirada da mama pode
ser minimizado com a cirurgia de reconstrução”, diz.
Prevenção.
Para Filomena Carvalho, o estudo das diferenças
geográficas dos tumores é importante para o estabelecimento de políticas
públicas de prevenção e diagnóstico mais eficazes para cada contexto.
“Embora a gente não saiba com certeza as causas dessas
diferenças, elas devem nortear toda a estratégia de prevenção. No caso de
regiões com maior incidência de tumores mais agressivos, o diagnóstico precoce
é ainda mais importante”, defende.
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