FONTE: Amanda Sant'Ana, TRIBUNA DA BAHIA.
Entrar
no mercado de trabalho e necessidade em desempenhar papéis na sociedade. Estes
são os fatores responsáveis por adiar, cada vez mais, a gestação das
brasileiras, diminuindo consideravelmente o que antes era normal, o fenômeno
“gravidez na adolescência”.
Segundo
dados da pesquisa Estatísticas do Registro Civil realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a gravidez entre os 15 e 19 anos
caiu no Brasil de 20,4% do total, em 2002, para 17,7% em 2012, enquanto que as
mulheres que se tornaram mães entre 30 e 34 somavam 14,4% em 2002. Dez anos
depois, em 2012, o grupo representava 19%.
“Os
dados do IBGE batem com a realidade na qual venho acompanhado e muito no
consultório. São mulheres buscando engravidar cada vez mais tarde, dando
prioridade a profissão, estudos e trabalho, deixando a maternidade para o
último plano”, contou a ginecologista, Adriana Tavares, alertando ainda para
riscos em gestações na casa dos 30.
“Engravidar
após os 30 anos como também a gestação após os 35 anos, pode acarretar riscos.
Quanto maior a idade, mais difícil para engravidar e maior o risco para a mãe e
feto, já que a gravidez tardia traz complicações como alterações de hipertensão
e diabetes, sem contar que a partir dos 40 anos tem o risco de Síndrome de Down
para cada 50 gestações”, alertou.
Na
opinião da especialista, a idade ideal da primeira gestação seria antes dos 30
anos, já que alguns fatores podem comprometer a fertilidade das mulheres numa
idade mais madura, como as cólicas e sangramentos fortes que podem causar um
processo inflamatório nas trompas ou endometriose que podem comprometer a
fertilidade dessas pacientes.
“Se a
gravidez ficar para muito mais tarde, após os 35 anos a mulher terá um
pouquinho mais de dificuldade de engravidar e por conta disso ter que optar
pela Fertilização In Vitro”, alertou.
De
acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), na Bahia, de 2013
para 2014,o número de mulheres grávidas dos 30 aos 39 caiu.
Em 2013
mais de 50 mil mulheres geraram filhos, enquanto em 2014 esse número reduziu
para 30 mil. Já nas idades entre 40 e 49, quase 5 mil mulheres engravidaram em
2013, enquanto em 2014 apenas 2.700 tiveram filhos.
“Isso
prova que o fato da mulher entrar no mercado de trabalho e a necessidade dela
em desempenhar os novos papéis nos quais pretendem na sociedade, faz com que
deixem a gestação para o último plano. Ao lado disso, você pode ter um
prolongamento na adolescência, nas classes média e alta, e um prolongamento
também da vida útil, vida ativa, deixando os filhos para quando a pessoa se
considerar preparada, isso quando ela escolhe, pois muitas delas querem se
formar, ter o primeiro emprego, se qualificar, ter condições de garantir o
mínimo de segurança para o filho que vai nascer, principalmente nos dias de
hoje onde as exigências aumentaram. Isso varia de classe para classe e de
região para região”, explicou o sociólogo, Joviano Carvalho.
Ainda
que as realizações profissionais e pessoais venham antes do sonho de ser mãe, a
ginecologista Adriana alerta as mulheres que tardam a gestação, quanto aos
cuidados que devem ter nesse período.
“Se a opção é ter um filho a partir dos 35 anos, é bom ter cuidados com um pré-natal mais frequente, alimentação para evitar a diabete gestacional e hipertensão. Se seguir essas recomendações, a mulher, além de estar realizada profissionalmente e pessoalmente, passará pela realização da maternidade muito mais feliz e sem maiores problemas”.
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