Dezenas de milhares
de pessoas na África Ocidental devem começar a receber vacinas experimentais do
ebola até janeiro, mas uma imunização da população em geral ainda está
distante, afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na terça-feira (21).
Testes clínicos
iniciais de vacinas das farmacêuticas GlaxoSmithKline GSK.L e NewLink Genetics
NLNK.O já estão em andamento. Cerca de 500 voluntários devem participar em
países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, Suíça, Mali, Gabão e
Quênia.
Os testes irão gerar
dados sobre segurança e resposta imunológica até dezembro. As vacinas poderão,
então, ser enviadas no começo do ano que vem para alguns grupos, como agentes
de saúde no fronte do combate à doença, declarou a diretora-geral-assistente da
OMS para sistemas de saúde e inovação, Marie-Paule Kieny.
"Estes dados são
absolutamente cruciais para permitir a tomada de decisões sobre a dosagem que
deve ser usada nos testes de eficácia na África", disse Kieny em uma
entrevista coletiva de imprensa.
Determinar a dosagem
irá ditar a produção, ou a quantidade total, de vacinas disponíveis para os
grandes testes clínicos na África, informou ela.
"Ainda existe a
possibilidade de que não dê certo, mas todos estão se organizando para poderem
ir para o oeste da África em janeiro", acrescentou Kieny.
"Quando falo em
mobilização, não falo de vacinação coletiva, mas da utilização de doses em
dezenas de milhares de pessoas nos primeiros meses do ano."
O surto de ebola no
oeste africano já matou 4.546 pessoas dentre 9.191 casos conhecidos desde março
na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné, de acordo com a OMS, que declarou que as
epidemias no Senegal e na Nigéria terminaram.
Surgiram alguns casos
na Espanha e nos Estados Unidos, que na segunda-feira emitiram novos e rígidos
protocolos para os agentes de saúde que tratam de vítimas do vírus mortal.
Produção de vacinas.
Os fabricantes de
vacinas e autoridades regulatórias estão agindo rápido e acelerando os testes e
aprovação das vacinas, disse Kieny, e os doadores estão prontos para financiar
sua distribuição, que deve custar centenas de milhões de dólares.
A aliança GAVI,
sediada em Genebra, oferece vacinas a preços acessíveis para uso em países em
desenvolvimento. Embora as vacinas da GSK e da NewLink sejam vistas como
"principais candidatas", há outras sendo desenvolvidas.
A Johnson&Johnson
JNJ.N tem uma vacina em potencial que deve começar a ser usada em testes
clínicos em janeiro, declarou Kieny.
A Inovio
Pharmaceuticals INO.O está desenvolvendo uma vacina de DNA que também entra na
fase de testes no início de 2015, e a Protein Sciences prepara uma vacina que
deve ser testada no primeiro trimestre do próximo ano, disse ela.
Entre as drogas
experimentais contra o ebola está o remédio para gripe Avigan, ou favipiravir,
da Fujifilm 4901.T, cujas segurança e eficácia o governo francês irá avaliar em
um teste clínico na Guiné, relatou a diretora da OMS.
A droga Zmapp, da
Mapp Biopharmaceutical, foi ministrada a alguns agentes de saúde retirados da
região africana afetada, mas isso foi feito de maneira pontual, esclareceu ela.
*** Reportagem
adicional de Tom Miles e Ben Hirschler.
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