FONTE: TRIBUNA DA
BAHIA.
Que os
eletrônicos têm queimado etapas da vida das crianças e adolescentes, isso todos
já sabem, principalmente os pais. Mas, o que muitos pais desconhecem é que
aparelhos digitais como tablet e celular, por exemplo, tem trazido sérias
consequências musculares, principalmente na coluna e dedos das mãos.
De
acordo com o médico da COT (Clínica Ortopédica e Traumatológica), Paulo
Colavolpi, casos como artrite, tendinite e até encurtamento muscular na coluna
tem levado muitas crianças aos consultórios ortopédicos para tratamentos por
conta dos aparelhos digitais.
Do
ponto de vista ortopédico, o uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode
ocasionar vícios de postura, levando à dor lombar e eventuais escolioses
(desvios na coluna), encurtamento muscular, artrites e tendinites devido ao
esforço de repetição nos dedos das mãos.
“O que
percebemos hoje é que muitas crianças e jovens que usam excessivamente os
eletrônicos, como sentar em frente a um computador ou estar sentado ou deitado
utilizando um aparelho digital ao invés de desenvolverem atividades na rua,
estão desenvolvendo uma hiperatividade nas articulações dos dedos das mãos,
podendo provocar no futuro uma artrite ou tendinite devido à utilização desses
dedos de forma muito intensa e rápida. Este tem sido um quadro frequente de
procura por um especialista já que as patologias começam a surgir”, contou
Colavolpi.
Outro
dano comum, segundo Colavolpi, tem sido o surgimento de problemas em relação à
coluna. De acordo com o especialista, a postura que fica muitas vezes
inadequada por passar muito tempo sentado, na cama ou em algum outro local,
pode vir a desenvolver problemas como encurtamento muscular, levando ao
surgimento de dores ou qualquer outro desconforto.
“Ficar
sentado muito tempo, principalmente na fase de crescimento, acaba desenvolvendo
o encurtamento muscular que favorecerá um desequilíbrio biomecânico. Muitos até
se queixam de dor no joelho ou na região anterior do joelho e quando um
ortopedista vai avaliar percebe que foi aquele encurtamento que levou ao
desconforto e a dor. Então, se por um lado o acesso fácil às informações chega
como algo positivo, por outro, se descuidar da atividade física, não fazer um
alongamento, ou não procurar um especialista para ver se tem alguma deficiência
em consequência de uma má postura, mais na frente o uso excessivo dos
eletrônicos levará aquele indivíduo a ter sérios problemas de coluna.”,
esclareceu.
Mas
afinal, para o médico, o que pode ser considerado como uso excessivo? Segundo
Paulo, “se for avaliar ou comparar um garoto de hoje ao de alguns anos atrás
que ainda não tinha a facilidade de ter um celular ou tablet, o que facilitava
a prática da atividade física fora de casa, é possível perceber a diferença e
quão grave começa a ser o vício do uso excessivo dos eletrônicos”.
“Hoje
eles perderam a noção de tempo, passam horas em frente a um aparelho digital e
esquecem de praticar uma atividade física, de fazer um alongamento. Para as
crianças, além de alterações posturais, considero graves os danos sociais e o
sedentarismo. É preciso que os pais comecem a identificar esse problema o
quanto antes, incentivando seus filhos a terem outras atividades como a prática
do esporte, por exemplo. Com a vida corrida em que os pais levam, deve-se
procurar uma solução mais viável, contato que estimule as crianças a terem uma
atividade pelo menos três ou quatro vezes por semana onde possa estar alongando
e fortalecendo a musculatura”, orientou.
Hábitos e limite de uso.
E quem
não está muito atenta a esses riscos é a administradora, Luciana Buck. Mãe de
dois meninos, Ivan, 9 anos e Guido, 12 anos, Luciana confessa notar os erros,
mas não muda a situação.
“Eu e
meu marido notamos a postura errada, principalmente por se manterem
constantemente deitados. Não sou o tipo de mãe que se preocupa com isso, mas
confesso que começo a entrar em alerta, até por já ter tido um problema de
inversão da lordose cervical por conta de um computador e celular. Sei que futuras
consequências podem estar por vir e preciso usar de duas alternativas enquanto
ainda é tempo”, disse.
Para a
administradora, as duas alternativas que serão aplicadas de imediato serão a de
determinar limite de uso dos eletrônicos e a de incorporar alguns hábitos de
alongamento: “A gente tenta equilibrar esse hábito do celular para a prática do
esporte, ainda porque dentro da modernidade é impossível mudar isso. Vejo que
tem que ser incorporado como um hábito saudável e não obrigado”, completou.
“Estamos
numa fase de transição e percebemos que dos 30 anos para baixo, as pessoas
estão tendo muito mais acesso aos eletrônicos. Ainda assim, a maior parte das
pessoas que estão lidando com a tecnologia digital são as crianças e jovens.
Desta forma, o que vale é ter o bom senso e mudar o quanto antes. Pais devem
mudar os hábitos dos seus filhos e uma vez notando algum problema muscular,
levá-los a um ortopedista o quanto antes, para que possa perceber logo no
início se está desenvolvendo alguma patologia. Uma vez isso esteja se
instalando, o especialista deve comunicar aos pais para que eles possam
determinar horários para esse tipo de atividade e também horário de atividade
física, isso não pode esquecer”, recomendou Colavolpi.
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