FONTE: Do UOL, em São Paulo, (noticias.uol.com.br).
Desonestidade gera
desonestidade. Não entre pessoas diferentes, mas só para quem pratica. Um
estudo publicado nesta segunda (24) na revista Nature Neuroscience
aponta que repetidos atos de comportamento desonesto em prol de si próprio
diminuem a sensibilidade do cérebro para a desonestidade.
O que a frase acima
quer dizer é o seguinte: quanto mais a pessoa pratica atos desonestos,
mais seu cérebro acredita que tal ação não é tão ruim assim.
A pesquisa provocou e
mediu a desonestidade em um ambiente controlado para notar que há uma
explicação biológica para aquelas "escorregadas" em que pequenos
desvios da verdade tornam-se, ao passar do tempo, uma bola de neve de atos
desonestos substanciais.
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Os cientistas da britânica
Universidade College London pediram para 80 adultos, entre 18 e 65
anos, avisar uma segunda pessoa sobre a quantidade de dinheiro que havia em um
frasco de vidro com moedas de um centavo.
Em meio a isso, os
autores analisaram se a desonestidade sobre o conteúdo do frasco beneficiaria o
participante à custa de seu parceiro, beneficiaria ambas as partes,
beneficiaria o parceiro à custa do participante, beneficiaria apenas o
participante sem afetar o parceiro ou beneficiaria o parceiro do estudo sem afetar
o participante.
Os pesquisadores
perceberam que a desonestidade foi intensificada ao longo de vários
testes em um maior grau para as duas condições que beneficiariam o
participante (seja à custa dou outro ou também beneficiando o parceiro) em
comparação aos cenários em que o parceiro era beneficiado em detrimento dos
participantes.
Quando mentimos para
ganho pessoal, a nossa amígdala produz um sentimento negativo que limita o
quanto estamos preparados para mentir. No entanto, essa resposta diminui à medida
que continuamos a mentir, e quanto mais ela cai, maiores nossas mentiras se
tornam" Tali Sharot, autor
sênior da pesquisa e professor de psicologia experimental.
As pessoas tenderam
mais a buscar se sair melhor nas situações apresentadas, seja para benefício ou
não do outro envolvido. Além disso, o nível medido de desonestidade e o grau
que essa desonestidade alcançou foram maiores quando a desonestidade beneficiou
apenas o participante, comparando-se com quando apenas o parceiro foi
beneficiado, o que sugere uma busca pelo interesse próprio.
Um grupo de
participantes completou o teste enquanto sua atividade cerebral era monitorada
por ressonância magnética. Entre estas pessoas, os autores viram que a
amígdala, uma região do cérebro sensível a eventos que envolvem emoções,
mostrou sinais contrários nas situações presentes no estudo.
As amígdalas
reduziram progressivamente a resposta para a desonestidade em benefício
próprio, mas não para a que prejudicava o participante. A redução dessa
resposta pode ser usada para explicar por que a desonestidade em benefício
próprio se intensificou no teste seguinte. O estudo apontou um papel
primordial e quase único das amígdalas para a desonestidade que beneficia quem
a pratica. Isso pode levar a pessoa a uma "ladeira escorregadia",
onde pequenos atos de desonestidade transformam-se em mentiras mais
significativas.
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