A Aids tem feito
estragos entre as populações vulneráveis, como os profissionais do sexo e
moradores de rua, e entre os homens mais jovens.
No
Brasil, 112 mil pessoas vivem com o vírus HIV e não sabem. Isso foi o que
mostrou o novo Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2016, divulgado pelo
Ministério da Saúde e apresentado na manhã de ontem, pelo Ministério da Saúde,
como parte das atividades do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado hoje.
Na solenidade, realizada em Brasília, também foi lançada certificação para
municípios que conseguirem eliminar a transmissão vertical, ou seja, a
transmissão dos pais para os filhos.
Para
sensibilizar a população do Estado para a importância de prevenir contra a
contaminação pelo vírus HIV e impedir o avanço da Aids foram elaboradas
diversas programações. A primeira será a Sessão Especial na Câmara Municipal de
Salvador com o tema “Impacto do HIV/Aids na população jovem e Desafios nas
respostas em Salvador”, às 9h. O encontro será no Plenário Cosme de Farias,
programado pela Comissão Organizadora da Semana Vermelha 2016. Às 16h,
saindo do Cedap, no Garcia, será feita uma caminhada até o Campo Grande. Na
sexta-feira, 2 de dezembro, será a vez do “Simpósio Aids e Prevenção”, que
acontece das 8h30 às 12h, no auditório do Centro de Atenção à Saúde Professor
José Maria de Magalhães Netto (CAS). Ainda na sexta-feira, haverá uma Roda de
Conversa com especialistas, que acontece no auditório do Complexo Municipal de
Vigilância da Saúde.
A
Aids tem feito estragos entre as populações vulneráveis, como os profissionais
do sexo e moradores de rua, e entre os homens mais jovens. Enquanto que em
2006, para cada 1,0 mulher contaminada havia 1,2 casos em homem. Ano passado,
para cada 1 caso detectado entre as mulheres existem 3 casos em homens. Os
casos em mulheres têm apresentado queda em todas as faixas, em especial, na
faixa de 25 a 29 anos. Em 2005, eram 32 casos por 100 mil habitantes. Em
2015, esse número foi de 16 casos por 100 mil habitantes. Já entre os jovens do
sexo masculino, a infecção cresce em todas as faixas etárias. Entre jovens de
20 a 24, por exemplo, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil
habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015.
Homens Jovens.
Para
a diretora do Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken,
essa vulnerabilidade da população masculina e jovem pode ser explicada por
várias hipóteses. A exemplo do uso pequeno dos preservativos, o fato desse
público não frequentar os serviços de saúde e a própria negação de sua condição
do soropositivos. A diretora também ressaltou a necessidade de criar formas inovadoras
de comunicação com esse público, como a maior interação nas redes sociais.
Na
Bahia, desde o primeiro caso notificado (1984) até novembro de 2016, foram
registrados 27.523 casos de Aids. Desses, 17.357 (63%) são do sexo masculino e
10.166 (37%) do sexo feminino. De 2005 a novembro de 2016 na faixa etária de 15
a 24 anos, foram detectados 1.684 casos de Aids, sendo 55,1% em homens e
44,9 % em mulheres. De 2005 até novembro de 2016 foram registrados 6.160 óbitos
por Aids, sendo 65,1% em homens e 34,9 % em mulheres.
De
2005 a novembro de 2016 registraram-se 1.684 casos de aids na faixa etária de
15 a 24 anos: 55,1% em homens e 44,9 % em mulheres. De 2005 a 2015,
a razão de sexos variou de 0,7 para 2,5 casos em homens para cada caso em
mulheres. Categoria de exposição de 2005 a 2016 em homens, a proporção da
homossexuais e bissexuais é mais relevante (52,2%); em mulheres é a
heterossexual (89,7) .
Meta em 2020.
De acordo com a coordenadora de Agravos da Diretora de Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Saúde da Bahia(Sesab), Maria Aparecida
Rodrigues, desde 2005, 13 mil pessoas foram tratadas no Estado. “Nossa meta
agora é atingir os 90/90/90 definidos pelo Ministério que se propõe a testar
90% da população, diagnosticar 90% dos testados e tratar 90% dos testados”,
explica a representante, lembrando que até então, os pacientes só eram tratados
quando havia sintomas da AIDS. O alcance das metas de 90% das pessoas testadas,
90% tratadas e 90% com carga viral indetectável até 2020, estabelecida pelo
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), é um dos
resultados mais expressivo das ações de combate ao HIV e aids no país.
“Entre
os dias 14,15 e 16 estaremos treinando os profissionais de saúde da Bahia para
que busquem os pacientes testados pela rede pública, pois sabemos que o
tratamento feito, mesmo quando o paciente não tem sintomas – ajuda a reduzir a
carga viral, promove uma condição de vida melhor e reduz as chances de
transmissão”, completa a representante do Estado, lembrando que a Bahia avançou
muito quando o assunto é identificar o HIV. “Hoje, em cada um dos 417
municípios baianos existe, pelo menos, um serviço capaz de realizar o teste
rápido e há uma rede de serviços que possibilita ao paciente diagnosticado
retirar a medicação próximo de casa, sem a necessidade de ter que vir à capital
buscar assistência”, completa.
No
Estado, a Sesab possui um olhar especial para 30 municípios onde há uma
detecção maior de HIV. Salvador lidera uma relação que ainda tem Porto Seguro,
Dias D’Ávila, Barreiras, Eunápolis, Lauro de Freitas, Valença, Teixeira de
Freitas. Em Salvador, 111 de unidades de atenção básica realizam o teste rápido
e três serviços especializados dão o suporte especializado para o tratamento
(Semae-Liberdade, SAE São Francisco e o SAE Manoel Novaes -Penísula de
Itapagipe).
O
boletim mostrou que a epidemia da AIDS está estabilizada no Brasil , com taxa
de detecção em torno de 19,1 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa
cerca de 41,1 mil casos novos ao ano. Desde o início da epidemia no Brasil (em
1980) até o final de 2015, foram registrados 827 mil pessoas que vivem com HIV
e AIDS. Desse total, 372 ainda não estão em tratamento, e, destas, 260 já sabem
que estão infectadas. Além disso, 112 mil pessoas que vivem com HIV não sabem.
“Inserir
essas pessoas nos serviços de saúde, por meio da testagem e do início imediato
do tratamento, é a prioridade do ministério”, afirmou Ricardo Barros. Dessa
forma, estaremos impactando diretamente na epidemia, pois vamos reduzir a
circulação do vírus entre a população, acrescentou. Ainda segundo o
levantamento, a partir da implantação do tratamento para todos, em 2013, o
número de pessoas infectadas e tratadas, subiu 38%. De 355 mil, em 2013, para
489 mil pessoas atualmente.
Bebês.
A taxa de detecção de Aids em menores de
cinco anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos por 100 mil
habitantes, em 2010, para 2,5 casos por 100 mil habitantes, em 2015. A taxa em
crianças dessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da
transmissão vertical do HIV “A redução de 36% na transmissão de mãe para filho
foi possível graças a ampliação da testagem, que promovemos nos últimos anos,
aliados ao reforço na oferta de medicamentos para as gestantes”, explicou o
ministro Ricardo Barros, nesta quarta-feira.
A
certificação proposta ontem pelo MS será concedida a municípios cujas taxas de
detecção de Aids em menores de 5 anos sejam iguais ou inferiores que 0,3 para
cada mil crianças nascidas vivas e proporção menor ou igual a 2% de crianças
com até 18 meses. Serão certificados, prioritariamente, os municípios com mais
de 100 mil habitantes.
“A
redução de 36% na transmissão de mãe para filho foi possível graças a ampliação
da testagem, que promovemos nos últimos anos, aliados ao reforço na oferta de
medicamentos para as gestantes”, explicou o ministro Ricardo Barros.