FONTE: Helô Oliveira,
Colaboração para o UOL (estilo.uol.com.br).
Depois de anos de espera, no fim de outubro a
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, parcialmente, a
comercialização de melatonina --o "hormônio do sono"-- no Brasil. No
momento, apenas uma empresa, a Active Pharmaceutica, recebeu permissão para
importá-la e vendê-la a farmácias de manipulação. Para quem não sabe, a
melatonina é produzida no escuro pela glândula pineal --localizada na parte
central do cérebro-- e, assim que o corpo a reconhece, assimila que é hora de
dormir.
“Por isso, se você estiver em um local iluminado, mesmo que pela luz emitida pela televisão, computador ou celular, a produção diminuirá e o organismo receberá o recado de que ainda é dia”, explica Bruno Halpern, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Como resultado, o relógio biológico fica desregulado e todos os demais hormônios param de funcionar corretamente, causando não só distúrbios de sono, como também uma série de problemas à saúde. Entre eles, obesidade, diabetes, envelhecimento precoce e hipertensão.
“Por isso, se você estiver em um local iluminado, mesmo que pela luz emitida pela televisão, computador ou celular, a produção diminuirá e o organismo receberá o recado de que ainda é dia”, explica Bruno Halpern, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Como resultado, o relógio biológico fica desregulado e todos os demais hormônios param de funcionar corretamente, causando não só distúrbios de sono, como também uma série de problemas à saúde. Entre eles, obesidade, diabetes, envelhecimento precoce e hipertensão.
Quando tomar?
Na maioria das vezes, a melatonina é indicada
para trabalhadores noturnos, que precisam dormir em horários alternativos, ou
para quem tem uma rotina fora do comum. É o caso da paranaense Raissa Pestana,
25, relações públicas, que começou a tomar a substância há cerca de três meses,
por recomendação de sua endocrinologista. “Praticava atividades físicas à noite
e fazia plantões no trabalho às seis da manhã. Meu corpo não entendia essa
rotina e meu sono era muito instável. Falei com minha médica, fiz exames e ela
me receitou a quantidade de melatonina adequada. Passei a dormir melhor e
ganhei mais disposição no dia a dia”, conta.
Aqueles que sofrem com o incômodo “jet lag”
(alteração do ritmo biológico após mudanças do fuso horário em longas viagens de
avião) também podem fazer uso. “Ela ainda pode ser indicada para melhorar o
bem-estar de pacientes portadores de doenças que diminuem a produção do
hormônio, como Alzheimer, Parkinson, autismo e Transtorno do Déficit de Atenção
com Hiperatividade”, recomenda José Cipolla Neto, professor do departamento de
fisiologia do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo) e um dos maiores pesquisadores de melatonina no Brasil, com diversos
artigos publicados sobre o tema. Gestantes e mulheres que desejam engravidar ou
que estejam fazendo tratamento à base de estrogênio devem ficar longe da
substância, uma vez que ela tem um leve efeito inibidor do hormônio feminino.
Se você não se enquadra nos casos citados,
dificilmente precisará ingeri-la. E vale enfatizar: uma simples dificuldade
para dormir não é suficiente para tomá-la, pois é preciso que exames
solicitados por endocrinologistas ou médicos do sono comprovem sua deficiência.
“Se a pessoa não tiver uma necessidade médica e, mesmo assim, fizer uso, o
organismo sairá do ritmo e as consequências serão graves. Ela pode desenvolver
distúrbios metabólicos e imunológicos sérios”, garante Cipolla Neto. Outros
problemas desencadeadores da falta de sono, como depressão e ansiedade, também
não podem ser tratados com a substância. “A melatonina vai funcionar para
dormir se o problema de base for a falta do hormônio. Se você dorme mal por
depressão, por exemplo, não fará efeito e precisará de outro tipo de
medicamento”, explica Halpern.
Prescrição médica.
A automedicação é uma realidade nos países em que
sua comercialização é autorizada. O empresário Ricardo Vitay, que mora no
Canadá, ingeriu melatonina pela primeira vez para aliviar os efeitos do “jet
lag” e decidiu incluí-la na rotina para dormir melhor.
“Na cidade onde moro, ela é encontrada facilmente em farmácias e supermercados, sem necessidade de prescrição médica”, conta Vitay. Halpern alerta para o perigo da ingestão sem orientação de um especialista. “A automedicação é um erro grave. O horário e a dose dependem muito do quadro do paciente. A venda indiscriminada é reprovável e deve ser proibida”, salienta.
“Na cidade onde moro, ela é encontrada facilmente em farmácias e supermercados, sem necessidade de prescrição médica”, conta Vitay. Halpern alerta para o perigo da ingestão sem orientação de um especialista. “A automedicação é um erro grave. O horário e a dose dependem muito do quadro do paciente. A venda indiscriminada é reprovável e deve ser proibida”, salienta.
Segundo Bruno Halpern, é exatamente por essa
falta de consciência dos pacientes e dos médicos que a substância ainda não foi
totalmente liberada pela Anvisa. “A melatonina passou a ser receitada para
qualquer coisa.” Em comunicado, a agência reguladora declarou que a análise minuciosa
e a adoção de critério rigorosos para a liberação têm exatamente como objetivo
“estabelecer a segurança” em relação à utilização do hormônio.
“Melatonin madness”.
O primeiro registro da existência da melatonina
foi feito em 1958, pelo dermatologista norte-americano Aaron Lerner. Nas
décadas de 1960 e 1970, deu-se início à sua comercialização, mas o verdadeiro
“boom” nas vendas aconteceu vinte anos depois. “Na década de 1990, foi
observado um grande estouro nas vendas, o que apelidamos de ‘melatonin madness’
(“febre” da melatonina, em tradução livre para o português), lembra Cipolla
Neto.
Além da melhora no sono, um dos motivos para o
consumo, nos anos 90, era seu efeito antienvelhecimento ("baseado em
experimentos questionáveis, vale ressaltar”, diz Cipolla Neto). Segundo o
estudioso, a ingestão do hormônio deve ser feita somente diante de prescrição e
jamais por motivos estéticos.
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