quarta-feira, 30 de novembro de 2016

CASOS DE AIDS CRESCEM ENTRE HOMENS JOVENS NO BRASIL...

FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.
A Aids tem feito estragos entre as populações vulneráveis, como os profissionais do sexo e moradores de rua, e entre os homens mais jovens.
No Brasil, 112 mil pessoas vivem com o vírus HIV e não sabem. Isso foi o que mostrou o novo Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2016, divulgado pelo Ministério da Saúde e apresentado na manhã de ontem, pelo Ministério da Saúde, como parte das atividades do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado hoje. Na solenidade, realizada em Brasília, também foi lançada certificação para municípios que conseguirem eliminar a transmissão vertical, ou seja, a transmissão dos pais para os filhos.
Para sensibilizar a população do Estado para a importância de prevenir contra a contaminação pelo vírus HIV e impedir o avanço da Aids foram elaboradas diversas programações. A primeira será a Sessão Especial na Câmara Municipal de Salvador com o tema “Impacto do HIV/Aids na população jovem e Desafios nas respostas em Salvador”, às 9h. O encontro será no Plenário Cosme de Farias, programado pela Comissão Organizadora da Semana Vermelha 2016.  Às 16h, saindo do Cedap, no Garcia, será feita uma caminhada até o Campo Grande.  Na sexta-feira, 2 de dezembro, será a vez do “Simpósio Aids e Prevenção”, que acontece das 8h30 às 12h, no auditório do Centro de Atenção à Saúde Professor José Maria de Magalhães Netto (CAS). Ainda na sexta-feira, haverá uma Roda de Conversa com especialistas, que acontece no auditório do Complexo Municipal de Vigilância da Saúde.
A Aids tem feito estragos entre as populações vulneráveis, como os profissionais do sexo e moradores de rua, e entre os homens mais jovens. Enquanto que em 2006, para cada 1,0 mulher contaminada havia 1,2 casos em homem. Ano passado, para cada 1 caso detectado entre as mulheres existem 3 casos em homens. Os casos em mulheres têm apresentado queda em todas as faixas, em especial, na faixa de 25 a 29 anos.  Em 2005, eram 32 casos por 100 mil habitantes. Em 2015, esse número foi de 16 casos por 100 mil habitantes. Já entre os jovens do sexo masculino, a infecção cresce em todas as faixas etárias. Entre jovens de 20 a 24, por exemplo, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015.
Homens Jovens.
Para a diretora do Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, essa vulnerabilidade da população masculina e jovem pode ser explicada por várias hipóteses. A exemplo do uso pequeno dos preservativos, o fato desse público não frequentar os serviços de saúde e a própria negação de sua condição do soropositivos. A diretora também ressaltou a necessidade de criar formas inovadoras de comunicação com esse público, como a maior interação nas redes sociais.
Na Bahia, desde o primeiro caso notificado (1984) até novembro de 2016, foram registrados 27.523 casos de Aids. Desses, 17.357 (63%) são do sexo masculino e 10.166 (37%) do sexo feminino. De 2005 a novembro de 2016 na faixa etária de 15 a 24 anos, foram detectados 1.684 casos de Aids, sendo 55,1%  em homens e 44,9 % em mulheres. De 2005 até novembro de 2016 foram registrados 6.160 óbitos por Aids, sendo   65,1% em homens e 34,9 % em mulheres.
De 2005 a novembro de 2016 registraram-se 1.684 casos de aids na faixa etária de 15 a 24 anos:  55,1%  em homens e 44,9 % em mulheres. De 2005 a 2015, a razão de sexos variou de 0,7 para 2,5 casos em homens para cada caso em mulheres. Categoria de exposição de 2005 a 2016 em homens, a proporção da homossexuais e   bissexuais é mais relevante (52,2%); em mulheres é a heterossexual  (89,7) .
Meta em 2020.
De acordo com a coordenadora de Agravos da Diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde da Bahia(Sesab), Maria Aparecida Rodrigues, desde 2005, 13 mil pessoas foram tratadas no Estado. “Nossa meta agora é atingir os 90/90/90 definidos pelo Ministério que se propõe a testar 90% da população, diagnosticar 90% dos testados e tratar 90% dos testados”, explica a representante, lembrando que até então, os pacientes só eram tratados quando havia sintomas da AIDS. O alcance das metas de 90% das pessoas testadas, 90% tratadas e 90% com carga viral indetectável até 2020, estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), é um dos resultados mais expressivo das ações de combate ao HIV e aids no país. 
“Entre os dias 14,15 e 16 estaremos treinando os profissionais de saúde da Bahia para que busquem os pacientes testados pela rede pública, pois sabemos que o tratamento feito, mesmo quando o paciente não tem sintomas – ajuda a reduzir a carga viral, promove uma condição de vida melhor e reduz as chances de transmissão”, completa a representante do Estado, lembrando que a Bahia avançou muito quando o assunto é identificar o HIV. “Hoje, em cada um dos 417 municípios baianos existe, pelo menos, um serviço capaz de realizar o teste rápido e há uma rede de serviços que possibilita ao paciente diagnosticado retirar a medicação próximo de casa, sem a necessidade de ter que vir à capital buscar assistência”, completa. 
No Estado, a Sesab possui um olhar especial para 30 municípios onde há uma detecção maior de HIV. Salvador lidera uma relação que ainda tem Porto Seguro, Dias D’Ávila, Barreiras, Eunápolis, Lauro de Freitas, Valença, Teixeira de Freitas. Em Salvador, 111 de unidades de atenção básica realizam o teste rápido e três serviços especializados dão o suporte especializado para o tratamento (Semae-Liberdade, SAE São Francisco e o SAE Manoel Novaes -Penísula de Itapagipe). 
O boletim mostrou que a epidemia da AIDS está estabilizada no Brasil , com taxa de detecção em torno de 19,1 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 41,1 mil casos novos ao ano. Desde o início da epidemia no Brasil (em 1980) até o final de 2015, foram registrados 827 mil pessoas que vivem com HIV e AIDS. Desse total, 372 ainda não estão em tratamento, e, destas, 260 já sabem que estão infectadas. Além disso, 112 mil pessoas que vivem com HIV não sabem.
“Inserir essas pessoas nos serviços de saúde, por meio da testagem e do início imediato do tratamento, é a prioridade do ministério”, afirmou Ricardo Barros. Dessa forma, estaremos impactando diretamente na epidemia, pois vamos reduzir a circulação do vírus entre a população, acrescentou. Ainda segundo o levantamento, a partir da implantação do tratamento para todos, em 2013, o número de pessoas infectadas e tratadas, subiu 38%. De 355 mil, em 2013, para 489 mil pessoas atualmente. 
Bebês.
A taxa de detecção de Aids em menores de cinco anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos por 100 mil habitantes, em 2010, para 2,5 casos por 100 mil habitantes, em 2015. A taxa em crianças dessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da transmissão vertical do HIV “A redução de 36% na transmissão de mãe para filho foi possível graças a ampliação da testagem, que promovemos nos últimos anos, aliados ao reforço na oferta de medicamentos para as gestantes”, explicou o ministro Ricardo Barros, nesta quarta-feira.
A certificação proposta ontem pelo MS será concedida a municípios cujas taxas de detecção de Aids em menores de 5 anos sejam iguais ou inferiores que 0,3 para cada mil crianças nascidas vivas e proporção menor ou igual a 2% de crianças com até 18 meses. Serão certificados, prioritariamente, os municípios com mais de 100 mil habitantes.

 “A redução de 36% na transmissão de mãe para filho foi possível graças a ampliação da testagem, que promovemos nos últimos anos, aliados ao reforço na oferta de medicamentos para as gestantes”, explicou o ministro Ricardo Barros.

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