terça-feira, 22 de novembro de 2016

20% DOS BRASILEIROS SOFRERÃO COM DOENÇA DE PEYRONIE, DIZ ESPECIALISTA...

FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.

A doença provoca fibrose no pênis e, em certos casos, impossibilita qualquer relação sexual.
De cada cem brasileiros, 20 desenvolverão ao longo da vida alguma fibrose no pênis. Em alguns casos, essas fibroses (que são como pequenos calos) passarão de forma imperceptíveis, em outros, a quantidade de calos provocará dor e impossibilitará qualquer relação sexual em virtude da curvatura no membro que eles causarão.
De acordo com o urologista Francisco Costa Neto, da Clínica do Homem, que participou de uma pesquisa na Universidade da Califórnia (EUA) sobre essa curvatura no pênis, conhecida como doença de Peyronie, o problema tem crescido no Brasil e na Bahia. “Senão pelo aumento nos casos, pela facilidade de diagnóstico e pelo fato de que, desde o início da Campanha do Novembro Azul, os homens se sintam mais motivados a procurar orientação médica”, diz Costa Neto.
“Não existe predisposições genéticas ou outras causas que apontem para o surgimento da Doença de Peyronie. Sabemos que ela é mais comum em homens mais velhos, mas no consultório também tenho atendido a casos de jovens menores de 18, sem experiência sexual, com curvatura de até 90°, explica o médico. Costa Neto esclarece que a curvatura e as dores surgem na medida que o pênis vai sofrendo microtraumas e vai perdendo a elasticidade. “A curvatura surge nos locais onde houve o trauma”, diz o médico urologista.
Traumas.
O também urologista Augusto Modesto, que atua em hospitais como Aristides Maltez, São Rafael e Cican, disse que a Medicina sabe que, ao longo da vida, o homem termina sofrendo microtraumas na região, e que o processo de cicatrização traz essa fibrose, que compromete a elasticidade do pênis e cria um endurecimento da região afetada. “Dependendo do ângulo que vá se formando, o homem fica impossibilitado de efetuar uma penetração, além da relação causar incômodos nas parceiras”, completa o especialista.
Francisco Costa Neto ressalta que a doença de Peyronie geralmente tem um amadurecimento de cerca de 12 meses. “Depois desse prazo, se houver dor e uma curvatura muito anunciada, a indicação é para a realização de cirurgia, caso não haja incômodos e que a curvatura seja suave, mantemos a observação”, esclarece o especialista.
Ele lembra que não há tratamento medicamentoso para o problema. “Já se experimentou corticoides e substâncias como a Pentoxifilina (usada para tratar problemas de má circulação sanguínea) e até mesmo vitamina E, mas os resultados não foram animadores”, completa.
Tratamento.
Segundo Augusto Modesto, as técnicas cirúrgicas podem ser de dois tipos: a mais simples, utilizada também nos casos de pênis curvo congênito, é aquela em que o médico tenta compensar o desvio e corrigir o pênis, fazendo do outro lado uma prega no corpo cavernoso. “O problema desse procedimento é que haverá uma redução no tamanho do pênis. Dessa forma, ela não é aconselhada para aqueles homens com pênis muito pequeno ou que se incomodem com essa questão”, esclarece. O outro procedimento cirúrgico consiste numa incisão na placa, retirando a fibrosidade e substituindo por um enxerto de outro tecido para corrigir o defeito. “Há os profissionais que preferem a veia safena como enxerto, mas também pode ser utilizado o pericárdio bovino e a túnica albugínea da região do períneo, entre o ânus e o escroto”, esclarece.
Francisco Costa Neto ressalta, no entanto, que em 30% dos casos cirúrgicos, a fibrosidade pode voltar. “Felizmente, nesses casos, a curvatura é sempre mais branda”, completa o médico.  

Problema antigo, mas pouco conhecido.
Peyronie, ministro da Saúde do rei Luís XV da França, era portador da doença batizada com seu nome. Ele teria sido o primeiro a descrever o quadro no século XVIII. No entanto, embora seja conhecida há muito tempo, pouco se sabe ainda sobre os mecanismo que causam a curvatura acentuada no pênis. Quando há alguma fibrose na túnica albugínea que reveste o corpo cavernoso, ela não consegue a distensão que faz o pênis ficar ereto. Numa comparação é como se um pedaço de esparadrapo fosse colado numa bola de assoprar vazia. Se for cheia em seguida, a bola não consegue ser esticada normalmente. O tratamento para a Doença de Peyronie é feito pelo SUS e pelos planos.

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