quarta-feira, 22 de março de 2017

BAHIA TEM 4,5 MIL CASOS DE TUBERCULOSE POR ANO...

FONTE: Gabriele Galvão, TRIBUNA DA BAHIA.


Tratamento é distribuído pela rede pública de saúde.



A tuberculose está entre as doenças infecciosas que mais mata no Brasil. Dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), revelam que a Bahia ocupa o 3º lugar com maior carga da doença no País e que, anualmente, são diagnosticados mais de 4.500 casos novos de tuberculose no Estado, destes, apenas 61,8% são curados e o abandono de tratamento chega a 6,1%. 
As estatísticas apontam que na Bahia, em 2015, as ocorrências chegaram a 4.442 casos novos e 392 óbitos, e em 2016, dados ainda não fechados, apontam que 4.379 pessoas foram acometidas pela doença e, dessas, 225 morreram. Como forma de chamar a atenção para a doença, entre os próximos dias 24 e 30, a Sesab, através do Programa Estadual de Controle da Tuberculose, promove uma série de eventos em comemoração ao Mundial de Mobilização e Luta contra a Tuberculose, celebrado nesta sexta-feira. Este ano, o tema da campanha mundial é “Unidos pelo fim da Tuberculose”.
A pneumologista e membro da diretoria Sociedade Pneumologia da Bahia, Rosana Franco, informou que a tuberculose é uma doença infecciosa e muito contagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch. “A doença é mais comum na forma pulmonar, mas pode acometer vários outros órgãos do corpo, como pele, rins, linfonodos, ossos,etc. A transmissão é feita pelo ar, através de aerossóis expelidos pela tosse, espirro ou pela própria fala. Estima-se que uma pessoa infectada, se não tratada, pode contaminar outras 10 no espaço de um ano, mas apenas uma desenvolverá sintomas. São apenas os casos sintomáticos capazes de transmitir a doença”, explicou.
Segundo ela, atualmente 1/3 da população mundial está infectado pelo bacilo de Koch, mas apenas 10% das pessoas que entram em contato com a bactéria, desenvolvem tuberculose. “Esta resistência se dá pelo nosso sistema imune que é competente em impedir a progressão da tuberculose. Quando o bacilo não é completamente eliminado pelo sistema imune fica adormecida no nosso organismo, sem causar sintomas, a espera de uma queda nas nossas defesas para voltar a se multiplicar”, esclareceu.
A pneumologia contou que na Bahia ocorrem mais de 400 mortes pela doença a cada ano, atingindo principalmente as populações em situação de vulnerabilidade social ou com baixa imunidade, entre elas, as pessoas residentes nas áreas mais pobres dos municípios, e especialmente as pessoas em situação de rua, os negros, os indígenas, as pessoas vivendo com HIV/Aids, diabéticos, alcoólatras , renais crônicos, transplantados, portadores de neoplasias em uso de quimioterapia e as pessoas privadas de liberdade.
O quadro típico de tuberculose pulmonar é de desenvolvimento lento com febre baixa, geralmente no final do dia, suores e calafrios noturnos, dor no peito, tosse com expectoração, por vezes com raias de sangue, perda de apetite, prostração e emagrecimento. “Deve-se pensar sempre em tuberculose pulmonar naqueles pacientes com quadro de pneumonia que não melhoram com antibióticos comuns ou tosse por mais de três semanas.
O diagnóstico da tuberculose pulmonar é feito através da história clínica, da radiografia de tórax, do exame de escarro onde se identifica a presença do bacilo de Koch e do teste de mantoux ou PPD”, afirmou.
Tratamento é distribuído pela rede pública de saúde.
O infectologista Antonio Bandeira ressaltou que os doentes que apresentam sintomas de tuberculose são tratados com um esquema de 4 antibióticos por 6 meses que é distribuído gratuitamente na rede pública de saúde no Brasil e que um dos problemas do controle da tuberculose é o abandono antes do final. “O tratamento é longo, mas eficaz. Já tentamos diversas vezes diminuir o tempo dele, mas o êxito só é logrado após os seis meses. Muitos não têm paciência de esperar o fim o tratamento e acaba abandona-o, trazendo problemas maiores, pois quando deixam o tratamento, o pacientes cria resistência a ele e quando voltam a fazê-lo temos que usar medicação mais forte e com maiores efeitos colaterais”, contou.
O médico revelou que os pacientes deixam de transmitir tuberculose após aproximadamente 15 dias de tratamento e que como os sintomas melhoram alguns pacientes não completam o tempo de tratamento, favorecendo o surgimento de cepas multi-resistentes do bacilo de Koch. “A tuberculose não tratada leva a doença grave e morte”, frisou.

A pneumologista Rosana Franco ressaltou que existe uma vacina chamada de BCG, que faz parte do calendário nacional, administrada quando criança e serve para prevenir as formas mais graves da doença, como a tuberculose disseminada e a meningite turberculosa. “A vacina apesar de diminuir a incidência da tuberculose pulmonar, não a evita por completo. Como é feita a partir de bactérias vivas, não deve ser administrada em imunossuprimidos. O método mais eficaz de controle da tuberculose é a busca e o tratamento precoce dos casos novos evitando a disseminação da doença”, afirmou.

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