FONTE: http://espnw.espn.uol.com.br
Algumas pessoas até acham
gostoso sentir um pouco de dor depois do treino, dizendo que se não doeu, o
exercício não fez efeito, o tal no pain, no gain. Mas você sabe por
que sentimos dor? Será que realmente a sensação de estar dolorida é necessária
depois da atividade como forma de comprovar que o exercício fez efeito?
Praticamente todas aquelas que
um dia começaram algum esporte ou aumentaram suas cargas de treino tiveram um
quadro de dor muscular tardia, o Delayed Onset of Muscle Soreness (DOMS).
Ela surge em até oito horas após o exercício, seu pico ocorre de 24 a 72 horas
depois da atividade, podendo ter a duração de até uma semana, e dá a impressão
que você acordou com o corpo quebrado e os músculos “moídos”.
Além da dor do movimento,
outros sintomas como a perda de mobilidade, sensibilidade à apalpação e
espasmos musculares também estão presentes. Ocorre também o déficit na produção
de força, que surge imediatamente após o exercício e geralmente desaparece em
48 horas.
Para se recuperar basta
descansar ou utilizar técnicas simples para relaxamento. “Compressas de gelo e,
em alguns casos, medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes
musculares podem ser utilizados”, explica Sérgio Maurício, ortopedista
especialista em joelho e membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
Massagens também podem ser
empregadas, assim como exercícios de curta duração e “mais leves”. Eles
melhoram a vascularização do músculo e ajudam na drenagem dos mediadores
inflamatórios.
Microlesões.
Qualquer tipo de movimento
pode ocasionar a dor muscular tardia, mas elas são mais comuns nas contrações
do tipo excêntricas – quando o músculo se contrai e se alonga. “É o que
acontece com nossos quadríceps e panturrilhas durante a corrida, por isso são
os que mais doem. Esse tipo de movimento leva à microrruptura de inúmeras
fibras musculares e ao aumento de enzimas”, diz Sérgio.
O mecanismo de produção da dor
muscular tardia não está completamente entendido, mas algumas teorias buscam
explicar o quadro. A principal delas é que acontecem lesões teciduais com
reações inflamatórias e, por isso, sentimos a dor após o treino intenso.
Seguindo essa linha de raciocínio, durante o exercício de intensidade elevada
há um grande aumento das enzimas musculares CPK na corrente sanguínea,
indicando que houve dano tecidual.
“Alguns estudos mostram
elevadas concentrações de leucócitos, macrófagos e mediadores inflamatórios no
músculo. A inflamação, ao mesmo tempo que é responsável pela regeneração
muscular, seria a grande causa da dor”, esclarece. Ele também explicou que
outros autores acreditam que, além da lesão tecidual pelo estiramento das
fibras, as altas concentrações de cálcio no local levam à necrose celular, o que
contribui para o surgimento da dor.
Além da teoria principal,
outras já foram levantadas para tentar explicar a dor depois do treino. Uma
delas é o distúrbio neuromuscular. Após o exercício intenso, ocorreria uma
desorganização dos mecanismos de contração muscular, levando a espasmos
dolorosos. O sistema neuromuscular é a ligação do cérebro com os músculos, que
faz o movimento ou o gesto acontecer. Quando treinamos de forma inteligente,
esse sistema é ativado e favorece uma postura e uma execução corretas dos
movimentos, além de estimular as fibras musculares. Quando estamos sem
treinamento ou vamos além da conta, podem acontecer distúrbios nessa troca de
informações do cérebro com os músculos.
Há também a teoria que “culpa”
o ácido lático, dizendo que ele intoxica os músculos. Mas, segundo Sérgio, ela
não passa de um mito. “Essa teoria é vista como um mito popular, já que os
níveis sanguíneos normalizam em até uma hora após a atividade.”
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