Os primeiros sinais de
alerta podem ter sido ignorados nos casos de uma em cada seis pessoas que
morreram de ataque cardíaco em hospitais ingleses, aponta um estudo.
Todos os ataques
cardíacos e mortes entre 2006 e 2010 foram analisados pelos cientistas.
Pesquisadores do Imperial
College de Londres descobriram que 16% das pessoas que morreram tinham sido
internadas nos 28 dias anteriores. Alguns tinham sinais de alerta como dor no
peito.
Diante desses
resultados, os autores do estudo dizem que mais pesquisas são
"urgentemente necessárias".
Sou enfermeira e não
percebi.
Alison Fillingham, 49
anos, estava no trabalho quando sentiu uma dor profunda em seu pescoço e
clavícula.
Ela continuou seu
plantão de homecare - atendimento na casa dos pacientes - antes de telefonar
para um colega e pedir conselhos após a persistência da dor.
Uma ambulância foi
chamada e um ataque de pânico foi diagnosticado. Mas exames de sangue feitos
mais tarde no hospital mostraram que Alison tinha tido um ataque cardíaco.
"Eu fui
enfermeira por 24 anos, mas eu não achava que era algo relacionado com meu
coração. Meus sintomas não eram típicos. Você espera sentir uma dor no peito.
Você pensa em pessoas agarrando seu próprio peito, mas não foi nada
daquilo."
Ela conta que não
houve nenhuma urgência nos socorros que recebeu da equipe de resgate. "Se
meu ataque cardíaco não tivesse sido diagnosticado no hospital, minha artéria
teria bloqueado completamente e eu não estaria aqui agora."
No ano passado,
Alison fez um cateterismo e agora está se sentindo "ótima" após tirar
alguns meses de repouso antes de voltar ao trabalho.
Ela diz: "Eu era
uma pessoa saudável e ativa. E nadava, caminhava e fazia ioga três vezes por
semana - e agora estou correndo de novo".
Sem registro.
A pesquisa, publicada
na publicação científica Lancet, analisou os registros hospitalares de todas as
135.950 mortes causadas por ataques cardíacos na Inglaterra durante quatro
anos.
Os registros
mostraram se a pessoa tinha dado entrada no hospital nas últimas quatro semanas
e se os sinais de um ataque cardíaco foram registrados como a principal razão
para a admissão hospitalar, uma razão secundária ou se não houve registro.
Os dados mostraram
que 21.677 desses pacientes não tinham registros de sintomas de cardíaco em
seus registros hospitalares.
"Médicos são
muito bons em tratar ataques cardíacos quando eles são a principal causa, mas
não tratamos muito bem ataques cardíacos secundários ou sinais sutis que podem
apontar para um ataque cardíaco que termine em morte num futuro próximo",
disse o médico e autor principal do estudo, Perviz Asaria.
Os autores do
relatório dizem que sintomas como desmaio, falta de ar e dor no peito ficaram
aparentes até um mês antes da morte em alguns pacientes.
Mas eles apontam que
médicos podem não ter ficado em alerta para a possibilidade de que esses eram
sinais da aproximação de um ataque cardíaco fatal porque não havia danos claros
no coração na época.
"Nós ainda não
podemos dizer por que esses sinais estão sendo descartados, razão pela qual uma
pesquisa mais detalhada deve ser conduzida para recomendar mudanças nesse
sentido", disse o professor Majid Ezzati, que também trabalhou no estudo.
"Isso pode
incluir orientações atualizadas para profissionais de saúde, mudanças na
cultura das clínicas ou permitir que os médicos tenham mais tempo para examinar
os pacientes e olhar seus registros anteriores."
Para Jeremy Pearson,
diretor médico associado ao Instituto Britânico do Coração, os números são
importantes.
"Essa falha na
detecção de sinais de alerta é preocupante. E esses resultados devem levar os
médicos a serem mais vigilantes, reduzindo a chance dos sintomas se perderem e,
em última análise, a salvar mais vidas."
Um porta-voz do Royal
College of Physicians disse que o tratamento contra ataques cardíacos é uma das
histórias de sucesso da medicina moderna, "mas esse estudo é um lembrete
importante de que ainda existem áreas que podemos melhorar".
"Embora muitos
ataques apresentem a clássica dor no peito em pessoas que fumam e têm outros
fatores de risco para doenças cardíacas, muitos ataques cardíacos não se
manifestam desta forma."
"O desafio é
diagnosticar com precisão e rapidez todos esses pacientes para que possam ser
oferecidos melhores cuidados. A educação da sociedade, dos médicos de família,
paramédicos e dos médicos de emergência é essencial se quisermos melhorar ainda
mais o atendimento que oferecemos aos pacientes que têm um ataque
cardíaco."
Sintomas de ataque
cardíaco.
- Dor
torácica - sensação de pressão ou aperto no centro do peito
- Dor
em outras partes do corpo - pode ser sentida como se a dor estivesse
viajando do peito para os braços (geralmente o braço esquerdo é afetado,
mas pode atingir os dois), mandíbula, pescoço, costas e abdômen
- Sensação
de tontura
- Transpiração
- Falta
de ar
- Sentir-se
enjoado (náuseas) ou vomitar
- Sensação
extrema de ansiedade (semelhante a um ataque de pânico)
- Tosse
ou chiado
Embora a dor no peito
é frequentemente grave, algumas pessoas têm apenas uma dor menor, semelhante a
uma indigestão. Em alguns casos, pode não haver qualquer dor no peito,
principalmente em mulheres, idosos e pessoas com diabetes.
*** Fonte: NHS
(sistema de saúde britânico).
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