BRASÍLIA -
Com a escalação do Fluminense em mente, um emissário da Odebrecht bate à porta
do escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, na Avenida Nilo Peçanha,
centro do Rio, em 2014.
Nas mãos, o
funcionário carrega um pacote com R$ 1 milhão, deixado no local somente depois
de mencionar e ouvir como resposta o nome de um jogador do tricolor carioca. No
universo das negociações de repasses de caixa 2 para a compra de apoio da
legenda em 2014, essa era a senha e a contrassenha utilizadas para a efetivação
de repasses ao PDT.
O código foi
definido previamente entre o tesoureiro e o ex-diretor da Odebrecht Ambiental
Fernando Reis, responsável por negociar a adesão do PDT na chapa presidencial
de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014. O primeiro encontro entre os dois
ocorreu numa cafeteria em São Conrado, também no Rio. A partir daí, Reis passou
a ser chamado pelo codinome Canal. A escolha da citação do nome de um jogador
do Fluminense seria uma sugestão de Panela, torcedor fanático do time carioca,
assim como o presidente da legenda, Carlos Lupi.
Quantia. Após
acertos, pacotes foram entregues em ao menos quatro ocasiões, nos dias 4 e 11
de agosto e 1 e 9 de setembro de 2014. A cada ida do emissário foi deixado no
escritório R$ 1 milhão, em espécie, oriundo de caixa 2.
Segundo
declarações de Reis ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman
Benjamin, a quantia poderia ter chegado a R$ 7 milhões, valor que foi
autorizado a negociar com integrantes do PDT. Mas ficou em R$ 4 milhões porque,
após a primeira oferta, não houve questionamentos. O montante serviria para
garantir, além do apoio político do PDT, o tempo de TV, de cerca de 51
segundos. Pelo acerto, cada segundo adicionado pelo PDT à chapa presidencial do
PT custou R$ 78 mil.
Segundo
Reis, o pedido para que negociasse o ingresso do PDT na chapa foi feito pelo
ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar. E ocorreu após Marcelo Odebrecht,
herdeiro e ex-presidente do grupo, informá-lo que o ex-ministro Guido Mantega
cobrava repasses para outras legendas da base aliada.
Por meio de
nota, o presidente do PDT, Carlos Lupi, chamou as declarações de Reis ao TSE de
calúnias. “É importante esclarecer que o ônus da prova cabe ao acusador. O PDT
vai agir no âmbito da Justiça.”
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