Dados
do Ministério da Saúde mostram que o número de mulheres que tiveram filhos após
os 40 anos aumentou 49,5% em 20 anos, como divulgou o jornal O Estado de São Paulo. Se, em 1995, 51.603 em 1995 foram mães após essa
idade, em 2015, chegaram a 72.290. Entre elas, 373 se tornaram mães depois dos
50 – 21 já tinham mais de 60 anos.
Desde
a década de 60, o perfil das mães brasileiras tem mudado. O último censo
demográfico do IBGE, realizado em 2010, demonstrou que a mulher está adiando a
maternidade e construindo famílias bem menores do que de suas avós e mães. A
taxa de fecundidade é sintomática: de seis filhos por mulher, em 1960, caiu
para 1,9 em 2010. Atualmente, estamos próximos de países europeus, como a Suíça
e a Dinamarca.
O
aumento da escolarização e da participação da mulher do mercado de trabalho, é
claro, são dois fatores decisivos nesta mudança. Entretanto, ainda enfrentam
outros problemas da desigualdade de gênero, como a licença-paternidade de
pouquíssimo tempo e a falta de compreensão das empresas contratantes.
Problema:
a natureza não é generosa com as mulheres quando o assunto é fertilidade. Com o
passar dos anos, inevitavelmente, os efeitos do tempo são sentidos. Felizmente,
a medicina está ao lado das que sonham em ser mães. Para esclarecer todas
as dúvidas, conversamos
com o doutor Dr. Carlos Alberto Petta, Coordenador do Núcleo de Reprodução
Humana do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
CLAUDIA:
A partir de qual idade uma gravidez já é considerada tardia?
Dr.
Carlos Alberto Petta: Não
existe um consenso, o que existe são cenários diferentes. Uma gravidez pode ser
tardia pelo risco de complicações – seja com o bebê ou com a mãe – ou pela
questão da fertilidade da mulher. Falamos em “idade ideal” pela natureza,
mas cada caso é um caso.
O
risco de saúde para a grávida começa, em especial, a partir dos 40 anos, pois
aumenta a probabilidade do desenvolvimento de hipertensão, diabetes e
alterações genéticas. Entretanto, uma mulher de 40 anos que está em um peso
saudável, que não fuma, que tem pressão arterial normal, oferece melhores
condições para a gestação do que mulher de 35 com problemas de saúde
pré-existentes. Vale analisar.
O
que devemos ter em mente é o declínio da taxa de fertilidade feminina. A partir
dos 30 anos, esse índice começa a cair lentamente. Já a partir dos 35 anos, o
processo acelera e aumentam os riscos de aborto espontâneo e de alterações
de saúde. Aos 37, esses fatores ganham ainda mais importância.
E
a gravidez acima dos 40 anos?
Você
pode engravidar depois dos 40? Pode, mas as estatísticas não estão ao
seu lado. Aos 40 anos, de 40 a 50% das mulheres apresentarão dificuldades
para engravidar naturalmente. Isso tem a ver com a qualidade e a quantidade dos
óvulos. A menopausa, que se aproxima nesta faixa etária, nada mais é do que uma
consequência do fim da reserva ovariana, pois, com o passar dos anos, essa
reserva sofre quedas tanto em quantidade quanto em qualidade – uma
vez que esses óvulos também envelhecem.
Algum
fator pode influenciar na aceleração desta queda?
Sim.
Enquanto a própria idade faz isso de forma lenta, o tabagismo ou medicamentos e
tratamentos de doenças, como a quimioterapia, aceleram o processo.
Como
a pílula anticoncepcional interfere na fertilidade? É mito ou verdade que
seu uso contínuo pode causar infertilidade?
É
mito. Este conceito não existe. A pílula apenas impede que o óvulo amadureça
para a concepção, mas ele já seria perdido caso não houvesse fecundação.
Quais
as opções atuais, em termos de tecnologia clínica, para mulheres que não
desejam engravidar aos 30?
As
técnicas evoluíram muito de dez anos para cá: conseguimos que o óvulo mantenha
a mesma qualidade que tinha antes do congelamento. Por que isso é
interessante? Tão importante quanto a idade da mulher é a idade de seu
óvulo. Por exemplo, uma mulher de 34 anos que faz uma fertilização in vitro tem 60% de chances de engravidar. Se
ela congelar os óvulos aos 34 anos, consegue manter essa porcentagem aos 40, 42
ou 43 anos. Por outro lado, com os óvulos de 40 anos, essa chance cai para 30%.
Aos 45, cai pela metade e vai a 15%. Depois dos 45, a chance fica quase nula.
Quanto
custa para congelar os óvulos?
Atualmente,
pela tecnologia, precisamos de menos óvulos para isso. Imagine, então, algo em
torno de 13 a 15 mil reais. Por razões sociais, como a ascensão da carreira ou
o foco nos estudos, essa procura tem aumentado. Saber que os óvulos estão
guardados para um momento futuro traz também tranquilidade emocional. Vale
lembrar que ter os óvulos congelados diminui, futuramente, os custos de uma
fertilização assistida.
Quem
não pode ir por este caminho, por exemplo, tem outras soluções?
Para
começar, essa mulher pode evitar o fumo e manter-se fisicamente bem: esses dois
passos ajudarão, caso ela tenha uma gravidez mais tarde. Também é importante
manter os exames ginecológicos em dia.
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