sexta-feira, 24 de março de 2017

'MINDFULNESS' PROMETE DIMINUIÇÃO DO ESTRESSE E AUMENTO DA FELICIDADE...

FONTE: Jolivi Natural Health, site parceiro da Tribuna da Bahia Online, TRIBUNA DA BAHIA.

Aprenda a técnica para ter uma mente tranqüila.


Se alguém dissesse que descobriu o segredo da felicidade, você pagaria quanto pela revelação? E se esta pessoa afirmasse ainda que tal fórmula secreta é gratuita e, de quebra, ainda protege contra as mais variadas doenças, você continuaria acreditando?
Por fim, caso o mesmo vendedor hipotético afirmasse que você, sim você mesmo, já possui, sem saber, as condições plenas de desfrutar imediatamente deste segredo, qual seria o tamanho da sua descrença?
Bom, é mais ou menos sobre isso que eu quero falar hoje ao te apresentar o conceito de mindfulness. E antes que você torça o nariz ou ache que eu sou só mais um querendo meter o dedo na sua felicidade – e na suas estratégias preventivas – sugiro que continue comigo.

O estado de mindfulness (frequentemente traduzido como atenção plena) é descrito como a experiência de estar atento ao momento presente. Sim, este aqui agora em que você destina os seus olhos para este site. É um modo de ser que implica ter total consciência daquilo que você está vivenciando, não importa o que seja.
Para isso, você deve simplesmente observar as coisas como são, sem colocar na conta as experiências prévias que teve até aquele momento, sem se apegar ao que você gosta ou gostaria de ter, sem levar em conta os medos e receios.
Eu sei. Em um primeiro momento parece mensagem motivacional típica de autoajuda, e você pode estar se perguntando: “mas o que eu ganho com isso e por que diabos eu iria querer viver desse jeito?”
Sugiro então esta reflexão:
Você já prestou atenção ao que está se passando pela sua mente enquanto tomava banho ou lavava a louça? Se você for como eu, é bem capaz que utilize estas tarefas tão prosaicas para pensar em como vai conseguir fechar as contas no final do mês, não é?
Talvez utilize a hora do banho para criar uma lista mental dos ingredientes que vai precisar para preparar o jantar ou, quem sabe, ensaiar a resposta que devia ter dado na discussão que teve com um familiar no dia anterior.
E você também já deve ter percebido que esses pensamentos produzem alterações fisiológicas em nosso organismo, certo? Pensamentos de raiva e hostilidade podem acelerar as batidas do seu coração e elevar a pressão sanguínea (pressão alta é um perigo e pode levar ao AVC)
O ponto que trago para este nosso encontro é que pensamentos de ansiedade e medo podem fazer com que você sue frio, provoque tremores nas mãos, nó no estomago e fraqueza. Resumindo, talvez seja hora de prestar mais atenção àquilo que você pensa porque o seu corpo já está te dando sinais de que as coisas não andam tão legais em seu andar de cima.
Até os estudos comprovam.
Saiba, caro leitor, que este hábito de ruminar pensamentos, aparentemente inofensivo, pode ser a razão pela qual você não é mais feliz e o que te coloca no alvo de doenças importantes. Um estudo da Universidade de Harvard concluiu que a distração mental é o melhor medidor de infelicidade em nós humanos. Para chegar a tal conclusão, os psicólogos responsáveis pela pesquisa realizaram um experimento. Eles desenvolveram um aplicativo que contatava os 2250 voluntários em momentos aleatórios do dia. Nestes contatos, os cientistas questionavam, entre outras coisas, o que os voluntários estavam fazendo e se eles estavam pensando sobre o que estavam fazendo.
O resultado foi impressionante. As pessoas gastam inacreditáveis 46,9% do tempo em que estão acordadas pensando sobre algo não relacionado ao que estão fazendo. E a descoberta mais incrível dos pesquisadores foi que o nível de felicidade relatado pelos participantes não dependia da natureza da atividade em que eles estavam engajados, mas sim do quão presentes eles estavam enquanto faziam o que faziam.
Sabe a tal rotina de pensar na família enquanto trabalha e não esquecer do emprego enquanto está em um compromisso familiar? Então, é disso que a pesquisa de Harvard trata.
Malhar a mente.
Ok, mas imediatamente ao ter contato com esta pesquisa eu pensei que 99% das pessoas que eu conheço não conseguem esta tão eficiente “dedicação integral” ao momento (eu, réu confesso, me incluo nessa). 
A boa notícia é que fui pesquisar mais sobre o tal mindfulness e descobri que essa capacidade de atenção pode ser cultivada e fortalecida da mesma maneira que podemos trabalhar nossos músculos em uma academia.
E o melhor é que, para treinar a mente, não é preciso pagar matrícula e nem mesmo sair de casa. É só sentar em silêncio e… meditar. É exatamente isso que os experientes meditadores ligados às tradições contemplativas do oriente e ocidente vem falando há séculos.
Mas foi nas últimas décadas que essa visão se encontrou com a ciência, especialmente com a popularização do conceito de neuroplasticidade.
Já falei sobre essa nossa capacidade imensa de moldarmos nosso cérebro, e a quantidade de e-mails que recebi me incentivou a explorar mais este assunto. Ainda mais porque aprendi com o nosso consultor Dr. Leonardo Aguiar que este gerenciamento é fundamental para a prevenção das mais variadas doenças, entre elas o tão incidente diabetes.
Então, conheci a Ana Caner, psicóloga, doutora em neurociências e a prova de que este tipo de “ginástica” pode ser uma arma eficiente para todos, incluindo aí os que recebem o diagnóstico de uma doença tão associada ao medo como o câncer de mama.
Sim, Ana está nas estatísticas de mulheres com câncer. E as 57 mil brasileiras que vão terminar 2016 com a notícia desta doença, conforme os números oficiais, ainda superam e muito a quantidade de pessoas que sabem da importância da mente no processo de adoecimento.
Mindfulness contra o câncer.
“Fui meditar quando vi que tudo o que eu tinha aprendido em neurociências nos anos 90 tinha mudado. Ouvi a vida toda que éramos produto da nossa herança genética e da maneira como fomos criados. Sendo assim, não poderíamos mudar aspectos importantes da personalidade”, me disse Ana Caner durante nossa última conversa.

Nesta sua busca pela “nova neurociência”, Ana encontrou a meditação mindfulness, técnica popularizada no ocidente por Jon Kabat-Zinn, médico fundador e diretor da Clínica de Redução do Estresse, no Centro Médico da Universidade do Massachusetts.

No final dos anos 70, Kabat-Zinn desenvolveu um programa chamado MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction), que apresenta a meditação mindfulness descolada do contexto religioso. Um método que pode ser aplicado a qualquer pessoa que sofra de estresse, independentemente da sua cultura, religião, ou sistema de crenças.
Ana Caner tornou-se uma das poucas instrutoras certificadas pelo programa MBSR no Brasil e gostou tanto da experiência que criou uma entidade, o Instituto Fluir, para disseminar a prática.
Fórmula.
Foi no final de 2015 que Ana recebeu o diagnóstico de câncer de mama, quando já era capacitada em ensinar o mindfulness. E se ao ler isso você já pensa que tal técnica é, portanto, ineficaz para a prevenção, te proponho um outro olhar.

Isso porque, quem já passou por uma doença parecida, sabe bem o quão devastador pode ser o tratamento. Ana está no final do ciclo da quimioterapia e diz que a experiência com a meditação mindfulness tem sido fundamental para que ela possa atravessar esse momento com mais tranquilidade e lucidez.
“Com a doença, passei a investigar como fazer a escolha por estar presente, mesmo naqueles momentos em que vemos a realidade como algo insuportável. Sinto que a experiência está servindo para mim como uma espécie de iniciação”, afirma Ana.
Tal estratégia também transformou a experiência com o câncer de mama que viveu a ex-modelo Flávia Flores, ainda que ela não soubesse ter este o nome de sua fórmula contra a doença . E a “atenção plena” é tão efetiva que o alcance do mindfulness ganhou a ciência. Gerenciar o estresse deixou de ser a única “vantagem” atribuída (como se fosse pouco, né?).
Há pesquisas publicadas demonstrando que a prática pode aumentar o potencial de processamento do cérebro, reduzir o risco de doenças cardíacas, melhorar a memória, entre outros. E como você que acompanha a Jolivi já sabe bem, não poderíamos terminar sem te passar algumas recomendações práticas sobre como é possível cultivar o estado de atenção plena no seu dia a dia.
Vamos então algumas práticas simples recomendadas pela Ana Caner:
1) Mindfulness no cotidiano.
Faça um trajeto comum do seu dia a dia, como o caminho de casa até o trabalho, com um olhar de principiante. Considere que é a primeira vez que você está passando por essa experiência e fique atento às árvores, às pessoas e aos imóveis que encontrar pelo percurso.
Quando estiver tomando banho, traga sua atenção ao momento presente. Sinta a água cair sobre o corpo e escorrer por sua pele, sinta a temperatura, os aromas. Sinta a textura do sabonete, da esponja e o toque do xampu em seu couro cabeludo. Observe e sinta o vapor pelo banheiro.
Ao se alimentar, preste atenção ao aroma, à textura, ao sabor e à imagem da comida enquanto se alimenta. (E se tiver dúvidas sobre o que comer, a Jolivi é o lugar certo pra se informar sobre isso).
2) Mindfulness na respiração.
O objetivo desta prática é simplesmente perceber, aceitar e estar consciente da sua respiração. Seu corpo sabe muito bem como isso funciona, então não é preciso fazer nada especial. Sente-se calmamente em uma cadeira com os dois pés no chão e as mãos em seu colo. Traga toda sua atenção ao ato físico de respirar. Perceba como o ar entra pelo nariz e viaja para os pulmões. Observe com curiosidade se as respirações são frias ou quentes e qual a trajetória do ar dentro do seu corpo.
Não tente fazer nada com a respiração, não há certo e errado. Apenas preste atenção a ela e esteja consciente disso. Perceba que, cada vez que você inspira, o seu diafragma se expande, e a cada expiração, ele relaxa. Não importa se a sua respiração é lenta ou rápida, profunda ou superficial, ela simplesmente é.
Se você notar que se perdeu em meio aos pensamentos, não se preocupe. É exatamente sobre isso que se trata a meditação. Observe-os, solte-os e retorne a consciência para a respiração. Você pode começar a praticar por 5 minutos diários. Com o tempo, pode ir aumentando.
Se tiver dificuldades para dormir, você também pode fazer este exercício deitado na cama. Quando nossa respiração relaxa, os músculos também relaxam.

E aí, o que achou dessas sugestões? Como acha que seria viver com mais atenção plena?

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