FONTE: Jolivi Natural Health, site parceiro da Tribuna da Bahia Online, TRIBUNA DA BAHIA.
Aprenda a técnica para ter uma mente tranqüila.
Se
alguém dissesse que descobriu o segredo da felicidade, você pagaria quanto pela
revelação? E se esta pessoa afirmasse ainda que tal fórmula secreta é
gratuita e, de quebra, ainda protege contra as mais variadas doenças, você
continuaria acreditando?
Por
fim, caso o mesmo vendedor hipotético afirmasse que você, sim você mesmo, já
possui, sem saber, as condições plenas de desfrutar imediatamente deste
segredo, qual seria o tamanho da sua descrença?
Bom, é mais ou menos sobre isso que eu quero falar hoje ao
te apresentar o conceito de mindfulness. E antes que você
torça o nariz ou ache que eu sou só mais um querendo meter o dedo na sua
felicidade – e na suas estratégias preventivas – sugiro que continue comigo.
O estado de mindfulness (frequentemente
traduzido como atenção plena) é descrito como a experiência de estar atento ao
momento presente. Sim, este aqui agora em que você destina os seus olhos
para este site. É um modo de ser que implica ter total consciência
daquilo que você está vivenciando, não importa o que seja.
Para
isso, você deve simplesmente observar as coisas como são, sem colocar na conta
as experiências prévias que teve até aquele momento, sem se apegar ao que você
gosta ou gostaria de ter, sem levar em conta os medos e receios.
Eu sei.
Em um primeiro momento parece mensagem motivacional típica de autoajuda, e você
pode estar se perguntando: “mas o que eu ganho com isso e por que diabos eu
iria querer viver desse jeito?”
Sugiro então esta reflexão:
Você já
prestou atenção ao que está se passando pela sua mente enquanto tomava banho ou
lavava a louça? Se você for como eu, é bem capaz que utilize estas tarefas
tão prosaicas para pensar em como vai conseguir fechar as contas no final do
mês, não é?
Talvez
utilize a hora do banho para criar uma lista mental dos ingredientes que vai
precisar para preparar o jantar ou, quem sabe, ensaiar a resposta que devia ter
dado na discussão que teve com um familiar no dia anterior.
E você
também já deve ter percebido que esses pensamentos produzem alterações
fisiológicas em nosso organismo, certo? Pensamentos de raiva e hostilidade
podem acelerar as batidas do seu coração e elevar a pressão sanguínea (pressão
alta é um perigo e pode levar ao AVC)
O ponto
que trago para este nosso encontro é que pensamentos de ansiedade e medo podem
fazer com que você sue frio, provoque tremores nas mãos, nó no estomago e
fraqueza. Resumindo, talvez seja hora de prestar mais atenção àquilo que
você pensa porque o seu corpo já está te dando sinais de que as coisas não andam
tão legais em seu andar de cima.
Até os
estudos comprovam.
Saiba,
caro leitor, que este hábito de ruminar pensamentos, aparentemente inofensivo,
pode ser a razão pela qual você não é mais feliz e o que te coloca no alvo de
doenças importantes. Um estudo da Universidade de Harvard concluiu que a
distração mental é o melhor medidor de infelicidade em nós humanos. Para
chegar a tal conclusão, os psicólogos responsáveis pela pesquisa realizaram um
experimento. Eles desenvolveram um aplicativo que contatava os 2250 voluntários
em momentos aleatórios do dia. Nestes contatos, os cientistas
questionavam, entre outras coisas, o que os voluntários estavam fazendo e se
eles estavam pensando sobre o que estavam fazendo.
O
resultado foi impressionante. As pessoas gastam inacreditáveis 46,9% do
tempo em que estão acordadas pensando sobre algo não relacionado ao que estão
fazendo. E a descoberta mais incrível dos pesquisadores foi que o nível de
felicidade relatado pelos participantes não dependia da natureza da atividade
em que eles estavam engajados, mas sim do quão presentes eles estavam enquanto
faziam o que faziam.
Sabe a
tal rotina de pensar na família enquanto trabalha e não esquecer do emprego
enquanto está em um compromisso familiar? Então, é disso que a pesquisa de
Harvard trata.
Malhar a mente.
Ok, mas
imediatamente ao ter contato com esta pesquisa eu pensei que 99% das pessoas
que eu conheço não conseguem esta tão eficiente “dedicação integral” ao momento
(eu, réu confesso, me incluo nessa).
A boa notícia é que fui pesquisar mais sobre o tal mindfulness e
descobri que essa capacidade de atenção pode ser cultivada e fortalecida da
mesma maneira que podemos trabalhar nossos músculos em uma academia.
E o
melhor é que, para treinar a mente, não é preciso pagar matrícula e nem mesmo
sair de casa. É só sentar em silêncio e… meditar. É exatamente isso que os
experientes meditadores ligados às tradições contemplativas do oriente e
ocidente vem falando há séculos.
Mas foi
nas últimas décadas que essa visão se encontrou com a ciência, especialmente
com a popularização do conceito de neuroplasticidade.
Já falei
sobre essa nossa capacidade imensa de moldarmos nosso cérebro, e a quantidade
de e-mails que recebi me incentivou a explorar mais este assunto. Ainda
mais porque aprendi com o nosso consultor Dr. Leonardo Aguiar que este
gerenciamento é fundamental para a prevenção das mais variadas doenças, entre
elas o tão incidente diabetes.
Então,
conheci a Ana Caner, psicóloga, doutora em neurociências e a prova de que este
tipo de “ginástica” pode ser uma arma eficiente para todos, incluindo aí os que
recebem o diagnóstico de uma doença tão associada ao medo como o câncer de
mama.
Sim,
Ana está nas estatísticas de mulheres com câncer. E as 57 mil brasileiras que
vão terminar 2016 com a notícia desta doença, conforme os números oficiais,
ainda superam e muito a quantidade de pessoas que sabem da importância da mente
no processo de adoecimento.
Mindfulness contra o câncer.
“Fui
meditar quando vi que tudo o que eu tinha aprendido em neurociências nos anos
90 tinha mudado. Ouvi a vida toda que éramos produto da nossa herança genética
e da maneira como fomos criados. Sendo assim, não poderíamos mudar aspectos
importantes da personalidade”, me disse Ana Caner durante nossa última conversa.
Nesta sua busca pela “nova neurociência”, Ana encontrou a
meditação mindfulness, técnica popularizada no ocidente por Jon
Kabat-Zinn, médico fundador e diretor da Clínica de Redução do Estresse, no
Centro Médico da Universidade do Massachusetts.
No final dos anos 70, Kabat-Zinn desenvolveu um programa
chamado MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction), que apresenta a
meditação mindfulness descolada do contexto
religioso. Um método que pode ser aplicado a qualquer pessoa que sofra de
estresse, independentemente da sua cultura, religião, ou sistema de crenças.
Ana
Caner tornou-se uma das poucas instrutoras certificadas pelo programa MBSR no
Brasil e gostou tanto da experiência que criou uma entidade, o Instituto Fluir,
para disseminar a prática.
Fórmula.
Foi no final de 2015 que Ana recebeu o diagnóstico de
câncer de mama, quando já era capacitada em ensinar o mindfulness. E
se ao ler isso você já pensa que tal técnica é, portanto, ineficaz para a
prevenção, te proponho um outro olhar.
Isso porque, quem já passou por uma doença parecida, sabe
bem o quão devastador pode ser o tratamento. Ana está no final do ciclo da
quimioterapia e diz que a experiência com a meditação mindfulness tem
sido fundamental para que ela possa atravessar esse momento com mais tranquilidade
e lucidez.
“Com a
doença, passei a investigar como fazer a escolha por estar presente, mesmo
naqueles momentos em que vemos a realidade como algo insuportável. Sinto que a
experiência está servindo para mim como uma espécie de iniciação”, afirma Ana.
Tal estratégia também transformou a experiência com o
câncer de mama que viveu a ex-modelo Flávia Flores, ainda que ela não soubesse
ter este o nome de sua fórmula contra a doença . E a “atenção plena” é tão
efetiva que o alcance do mindfulness ganhou a ciência.
Gerenciar o estresse deixou de ser a única “vantagem” atribuída (como se fosse
pouco, né?).
Há
pesquisas publicadas demonstrando que a prática pode aumentar o potencial de
processamento do cérebro, reduzir o risco de doenças cardíacas, melhorar a
memória, entre outros. E como você que acompanha a Jolivi já
sabe bem, não poderíamos terminar sem te passar algumas recomendações práticas
sobre como é possível cultivar o estado de atenção plena no seu dia a dia.
Vamos
então algumas práticas simples recomendadas pela Ana Caner:
1) Mindfulness no cotidiano.
Faça um
trajeto comum do seu dia a dia, como o caminho de casa até o trabalho, com um
olhar de principiante. Considere que é a primeira vez que você está
passando por essa experiência e fique atento às árvores, às pessoas e aos
imóveis que encontrar pelo percurso.
Quando
estiver tomando banho, traga sua atenção ao momento presente. Sinta a água cair
sobre o corpo e escorrer por sua pele, sinta a temperatura, os aromas. Sinta a
textura do sabonete, da esponja e o toque do xampu em seu couro cabeludo.
Observe e sinta o vapor pelo banheiro.
Ao se
alimentar, preste atenção ao aroma, à textura, ao sabor e à imagem da comida
enquanto se alimenta. (E se tiver dúvidas sobre o que comer,
a Jolivi é o lugar certo pra se informar sobre isso).
2) Mindfulness na respiração.
O
objetivo desta prática é simplesmente perceber, aceitar e estar consciente da
sua respiração. Seu corpo sabe muito bem como isso funciona, então não é
preciso fazer nada especial. Sente-se calmamente em uma cadeira com os
dois pés no chão e as mãos em seu colo. Traga toda sua atenção ao ato físico de
respirar. Perceba como o ar entra pelo nariz e viaja para os pulmões. Observe
com curiosidade se as respirações são frias ou quentes e qual a trajetória do
ar dentro do seu corpo.
Não
tente fazer nada com a respiração, não há certo e errado. Apenas preste atenção
a ela e esteja consciente disso. Perceba que, cada vez que você inspira, o seu
diafragma se expande, e a cada expiração, ele relaxa. Não importa se a sua
respiração é lenta ou rápida, profunda ou superficial, ela simplesmente é.
Se você
notar que se perdeu em meio aos pensamentos, não se preocupe. É exatamente
sobre isso que se trata a meditação. Observe-os, solte-os e retorne a
consciência para a respiração. Você pode começar a praticar por 5 minutos
diários. Com o tempo, pode ir aumentando.
Se
tiver dificuldades para dormir, você também pode fazer este exercício deitado
na cama. Quando nossa respiração relaxa, os músculos também relaxam.
E aí, o
que achou dessas sugestões? Como acha que seria viver com mais atenção plena?
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