HOMENS
ACIMA DOS 40 ANOS LIDERAM AS ESTATÍSTICAS.
Segundo
dados do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), o câncer de
boca está entre os dez mais comuns no Brasil. O país também é o terceiro com
maior incidência da doença no mundo, atrás apenas da Índia e da República
Checa. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), anualmente são
registrados no país 11.140 novos casos em homens e 4.350 em mulheres.
COMPORTAMENTOS
DE RISCO.
Os
fatores de risco mais comuns são o fumo, o consumo em excesso de bebidas
alcoólicas e o vírus HPV. “O fato de os mais afetados serem homens acima de 40
anos se dá justamente pelo comportamento: o consumo excessivo de tabaco e álcool”,
afirma Fábio De Abreu Alves (CROSP 83680), secretário da Câmara Técnica de
Estomatologia do CROSP. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de
90% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca eram tabagistas. A
associação entre cigarro e bebida etílicas propicia o surgimento do câncer de
boca.
É
IMPORTANTE DIFERENCIAR O TIPO DE CÂNCER DE ACORDO COM O LOCAL DO TUMOR.
O câncer
de lábio, por exemplo, ocorre geralmente no lábio inferior, e seu principal
fator causal é a radiação solar. Esses casos também têm uma chance de cura
maior do que quando os tumores estão localizados dentro da cavidade oral, pois
se a pessoa tem uma ferida no lábio, aparente, ela tende a procurar ajuda mais
rápido. “Por outro lado, o câncer de garganta, além do fumo e álcool, também
está relacionado ao vírus HPV”, explica Alves.
TRATAMENTO.
Geralmente,
o tratamento do câncer de boca inclui cirurgia. Se o tumor for maior de 2 cm,
também será necessário realizar radioterapia. Alves esclarece que quanto mais
precoce for o diagnóstico, menos invasivo será o procedimento. “Na fase
inicial, a chance de cura é maior do que 80%. Nos casos em que a doença está
mais avançada a possibilidade de recuperação cai para 40%”, conta o
profissional.
ADRIANO
TEVE DUAS VEZES A DOENÇA.
Adriano
Henrique Nuernberg, de 43 anos, é professor da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) e foi diagnosticado duas vezes com câncer, uma em 2007 e outra
em 2016. “No primeiro, reparei um aumento intenso do volume da minha língua.
Era o tumor se expandindo. No segundo, após 9 anos, comecei observando
alterações no tecido da língua e sentindo uma retração muito grande desse
músculo. Em ambos os casos, a fala e a deglutição se alteraram”, conta
Nuernberg, que nunca fumou e nem bebe em excesso.
EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR É IMPORTANTE PARA O SUCESSO DO TRATAMENTO.
No caso
do professor, a terapia incluiu cirurgia para retirada do tumor e radioterapia
associada à quimioterapia. “É um tratamento duro, pois os efeitos secundários
prejudicam a fala e a alimentação, o que exige o acompanhamento de uma equipe
formada por oncologista, nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta,
psicólogo e dentista”, alerta.
RECUPERAÇÃO.
Agora o
professor está na fase de reabilitação, que costuma iniciar após alguns meses
do término da radio e quimioterapia. “Estou administrando os efeitos
secundários do tratamento, como a anemia e a dificuldade para engolir, bem como
buscando recuperar posturas e movimentos da boca e pescoço que foram
prejudicados”, conta. “Aos poucos estou mais autônomo nas atividades da vida
diária e saindo do isolamento social que decorre desse processo”, finaliza o
professor, voluntário da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil),
que realiza projetos de prevenção, acompanhamento e acolhimento relacionados à
doença.
SEQUELAS.
Entre as
sequelas que o câncer de boca pode deixar está a perda de parte da mandíbula,
ou maxila ou língua, ou até a língua inteira, dependendo do tamanho e posicionamento
do tumor. Os pacientes que são submetidos a radioterapia podem ficar com
xerostomia (boca seca), o que aumenta a possibilidade de cáries.
FIQUE
ATENTO AOS PRINCIPAIS SINTOMAS!
Se você
notar feridas dentro da boca (normalmente na na língua e no assoalho) ou no
lábio que não cicatrizam por mais de 15 dias, além de manchas/placas vermelhas
ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca, e bochecha, caroços no
pescoço e rouquidão persistente, procure a ajuda de um profissional! É muito
importante que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível.
DIFICULDADES
PARA REALIZAR AÇÕES BÁSICAS, COMO FALAR E COMER, MARCAM ESTÁGIO MAIS AVANÇADO
DA DOENÇA.
Muitas
vezes pode ser difícil perceber o câncer. Ao contrário de outras disfunções, as
feridas na boca muitas vezes não são vistas com facilidade ou detectadas com
autoexames. Quando o câncer já está em estágio avançado, os pacientes costumam
sentir dor, dificuldade de abrir a boca, de mastigar e engolir, além de
complicações na fala e sensação de que há algo preso na garganta. Nesses casos
torna-se ainda mais necessária a consulta com um dentista.
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