FONTE: *** Cintia Cercato, https://cintiacercato.blogosfera.uol.com.br
O glúten é uma
combinação de proteínas presente em cereais como trigo, cevada e centeio, muito
utilizada na produção de massas e pães, pois garante uma boa elasticidade e
textura aos produtos.
As dietas sem glúten
ganharam popularidade nos últimos anos e pesquisas de mercado indicam que mais
do que 15,5 bilhões de dólares foram gastos em produtos sem glúten em 2016,
praticamente o dobro do valor de 2011.
Classicamente, os
produtos sem glúten são indicados para pessoas portadoras de doença celíaca
–uma doença na qual existe uma reação imunológica ao glúten, que causa
inflamação no intestino, prejudicando a absorção de uma série de nutrientes.
Estima-se que 1% da população apresenta a doença celíaca, e esse número não vem
aumentando ao longo dos anos. Por outro lado, muitas celebridades surgem na
mídia defendendo que a dieta sem glúten ajuda a perder peso, o que sem dúvidas
ajuda muito a impulsionar esse mercado bilionário dos alimentos “gluten-free”.
Um estudo apontou que até 30% dos americanos já tentaram fazer uma dieta sem
glúten por ter a percepção de que seria mais saudável para o organismo e
produziria maior perda de peso.
Mas afinal, o que dizem
as evidências científicas?
Sem sombra de dúvidas,
para os portadores de doença celíaca é fundamental retirar o glúten da dieta,
pois o consumo desses produtos leva à atrofia das vilosidades intestinais
causando má-absorção e deficiências nutricionais. Existe um grupo de pessoas
que tem sido classificados como portadores de sensibilidade ao glúten não celiaca.
Elas não têm doença celíaca, mas apresentam sintomas como cólicas, distensão
abdominal, gases, diarreia e dor de cabeça, que melhoram com a restrição do
glúten e pioram com a reintrodução dele. Como o diagnóstico é menos objetivo, a
prevalência dessa condição é muito variável na população –cerca de 0,6% a 13%,
dependendo do estudo. Nesse caso é muito importante a avaliação clínica, pois a
restrição ao glúten pode ser benéfica quando existe a melhora dos sintomas.
E para emagrecer? Neste
momento não há provas científicas de que dietas sem glúten promovem maior perda
de peso que dietas com glúten se as calorias forem as mesmas. O que acontece é
que pessoas que retiram o glúten acabam eliminando alimentos como pão branco,
pizza e bolo, reduzindo assim o número de calorias ingeridas no dia.
Outro ponto importante
é que como o mercado dos produtos “gluten-free” está em alta, existem muitas
opções para o consumidor, mas não se iluda! Nem sempre esses alimentos são
“mais saudáveis”. Muitos deles tem mais gordura que a sua versão tradicional.
Sabe o que mais? São muito mais caros, chegando a custar 200% a mais!!!
Por tudo isso, é sempre
muito importante buscar orientação do médico ou do nutricionista quando o
assunto é dieta e alimentação saudável.
Sobre a autora.
Cintia Cercato é médica
endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à
obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora
responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP,
onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação
Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e
atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
- Facebook: https://www.facebook.com/dracintiacercato/
- Instagram: https://www.instagram.com/cintiacercato/
Sobre o blog.
Este é um espaço com
conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento
da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica
disponível, garantindo informações de credibilidade.
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