Entidades da área da saúde estão unidas para enfrentar um desafio: fazer
com que os adultos mantenham a caderneta de vacinação atualizada e participem
das campanhas de imunização. Neste mês, houve a primeira reunião de um grupo
permanente de discussão sobre vacinação para adultos e idosos, formado pela
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e representantes de entidades como
as Sociedades Brasileiras de Pediatria, Geriatria e Gerontologia e a Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). O objetivo
é propor mudanças na conduta de profissionais de saúde, no comportamento desse
público e até nos horários de oferta dos imunizantes.
Ao Estado, a presidente da SBIm, Isabella Ballalai, falou sobre a cultura
de só incentivar a vacinação de crianças.
A necessidade de
vacinar crianças é consolidada no País. Por que não é com adultos?
Ninguém diz para ele tomar e ele não sabe a vacina que deve tomar.
Estudos mostram que 80% dos adultos que tomaram vacina foi por prescrição
médica. Mas os médicos não estão falando de vacina, ainda não é uma rotina como
é na pediatria. Outro ponto é acesso: na rede pública, o posto funciona no
horário comercial e para no almoço. Que horas o adulto vai se vacinar?
Qual a situação vacinal
dos adultos no Brasil?
A gente só tem metas em campanhas, não há um programa de metas e de
acompanhamento dessa cobertura vacinal. Sabemos quantas doses foram aplicadas,
mas não em quem, e isso é importante para podemos correr atrás dessa pessoa.
Quais vacinas devem ser
tomadas pelos adultos?
O calendário nacional
não tem todas que a gente gostaria, mas oferece:
hepatite B
dT a cada dez anos
tríplice viral até 49 anos
influenza para quem faz parte do grupo de risco
febre amarela
para as gestantes, hepatite B, influenza, dTpa
O calendário da SBIm inclui nesse rol a dTpa para todos e hepatite A.
Para maiores de 60 anos, as pneumocócicas e herpes zóster. Também a do HPV. Os
Cries (Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais) oferecem essas
vacinas para pessoas com diabete, que têm direito à vacina pneumocócica; e quem
tem doenças hepáticas recebe a da hepatite A. Para cada grupo de risco, há
vacinas que não estão no calendário.
A não imunização de adultos pode interferir em crianças?
Quase todos os óbitos em bebês de até 3 meses por coqueluche acontecem
após pegarem a doença de adulto não vacinado. A vacinação faz proteção
coletiva.
Como o sarampo pode voltar a ocorrer no Brasil?
Por adultos não vacinados.
Há campanha da febre amarela, mas a cobertura continua baixa. Quais os
riscos?
Ainda há 50% da população-alvo que não foi vacinada. As pessoas precisam
pensar preventivamente.
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