Será que o que acontece
no nosso intestino pode ter alguma ligação com a saúde do nosso coração? Pode
parecer maluco, mas novos estudos mostram que a barriga influência mais o
coração do que podíamos imaginar.
Um novo estudo feito
pelo Hospital Universitário do Centro Médico de Cleveland, nos Estados Unidos,
mostrou que doenças inflamatórias intestinais podem aumentar em 23% as chances
de um infarto. A causa desse aumento, de acordo com os cientistas, é a
inflamação que ocorre em decorrência das doenças, mais conhecidas como doença
de Crohn
e retocolite.
Da mesma forma que as
inflamações atacam o intestino, também podem afetar as artérias, gerando um
bloqueio na passagem sanguínea e riscos altos para o coração.
"Com base no
estudo é preciso reafirmar a importância de acompanhamento médico para o
coração daqueles que têm doenças inflamatórias intestinais, sem esquecer a
complexidade das inflamações causada pela doença e sua influência no corpo como
um todo. Com esse cuidado é possível analisar com antecedência, caso haja
alguma alteração cardiovascular e diminuir os riscos de ter um infarto",
afirmou Élcio Pires Júnior, cirurgião cardíaco e membro da Sociedade Brasileira
de Cirurgia Cardiovascular.
Relação das bactérias
do intestino com o coração.
Uma outra pesquisa
recente, feita na Universidade de Tufts, também nos Estados Unidos, revelou que
eliminar as bactérias intestinais de uma pessoa ajuda a melhorar a função
cardíaca e a reduzir os danos de quem já teve problemas cardíacos.
A ideia dos cientistas
era investigar qual papel o sistema imunológico e as bactérias do intestino
desempenham na recuperação da insuficiência cardíaca.
Para isso, se basearam nas células T, um tipo de glóbulo branco que desempenha
um papel importante na nossa resposta imunológica.
Na pesquisa, ratos
foram divididos em grupos, onde parte deles teve as bactérias intestinais
eliminadas e o restante seguiu com a microbiota normal. Depois disso, metade
dos ratos que tinha tomado remédio e metade daqueles que ficou com as bactérias
regulares passaram por cirurgias para mimetizar os efeitos da insuficiência
cardíaca.
Como esperado pelos
médicos, quando comparado os corações de ratos que tinham o microbioma
completo, os corações dos animais sem bactérias intestinais foram menos
danificados e bombearam o sangue com mais eficiência.
Os pesquisadores ficaram impressionados com a força do efeito e afirmaram que o
fato foi surpreendente.
A teoria é que as
células T são ativadas por insuficiência cardíaca e se movem para o tecido
cardíaco. Uma vez lá, eles liberam citocinas, moléculas
sinalizadoras envolvidas na resposta imune.
As citocinas causam
inflamação e formação de tecido cicatricial, que danificam o coração. Sem a
presença de bactérias intestinais, há menos células T disponíveis e essas
alterações são evitadas.
"Entender como a
microbiota intestinal regula diretamente a função de órgãos distantes, como o
coração, lançará nova luz sobre possíveis novas abordagens terapêuticas em
pacientes recentemente diagnosticados com insuficiência cardíaca para prevenir
a progressão", conclui Francisco J. Carrillo-Salinas, em entrevista ao Medical
News Today.
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