domingo, 27 de maio de 2018

MAIOR INCÊNDIO DA HISTÓRIA DO BRASIL MATOU MAIS DE 500 PESSOAS...


FONTE: Dennys Marcel,http://www2.uol.com.br




A tragédia que aconteceu em 1961, em Niterói (RJ), é a com mais vítimas fatais no país e assim como o incêndio no edifício no Largo do Paissandu, já era anunciada com antecedência.


O incêndio e posterior desabamento do edifício no Largo do Paissandu, em São Paulo, chocou a todos com suas imagens aterrorizantes, mas, infelizmente, está longe de ser o mais fatal na história do Brasil. Pouco lembrado entre as maiores tragédias brasileiras, o incêndio no Gran Circo Norte-Americano, em Niterói (RJ), foi o mais mortal do país. O desastre vitimou 503 pessoas, sendo que 70% eram crianças que assistiam a matinê daquele fatídico domingo, dia 17 de dezembro de 1961. Outros 800 espectadores ficaram gravemente feridos.

A tragédia poderia ter sido bem maior, pois no momento do incêndio haviam aproximadamente três mil pessoas que superlotavam o circo, considerado na época o maior e mais completo da América Latina. Toda a estrutura do show não era acompanhada de nenhum sistema de segurança para qualquer tipo de acidente. Já a causa do desastre aumentou ainda mais a perplexidade de todos os envolvidos na tragédia: o incêndio foi criminoso e iniciado por um ex-funcionário do circo juntamente com dois amigos.

Apelidado de Dequinha, Adílson Marcelino Alves quis se vingar do proprietário após sua demissão. Contratado juntamente com outros 50 funcionários para montar a estrutura do circo na cidade, ele foi despedido após uma briga com o dono e prometeu vingança. Somente após as investigações policiais que ficou constatada a participação dos três no crime. Ao final do processo, todos eles foram condenados a 16 anos de prisão. Inicialmente, as suspeitas recaíam sobre as precárias instalações elétricas que teriam gerado um curto-circuito, além da falta de saídas de emergência no circo.
Entre as novidades anunciadas pelo circo, nas ruas de Niterói, estava a moderna lona de algodão (material altamente inflamável) com uma grossa camada de parafina para cobrir a estrutura. Ela iria garantir um espetáculo tranquilo ao público mesmo em caso de chuvas torrenciais, que são comuns nesta época do ano. Para complementar o enredo da tragédia anunciada, o circo possuía apenas uma saída que estava bloqueada com grades de ferro no momento do incêndio. 

Segundo relatos da época, o início do incêndio foi notado por um trapezista que rapidamente gritou "fogo". Depois disso, um caos se instaurou embaixo da lona que se transformou, em menos de cinco minutos, num teto em chamas. Enquanto era consumida pelo fogo, a lona derretia e pingava sobre milhares de pessoas e bichos abrigados sob a estrutura. Durante a confusão, centenas de vítimas foram pisoteadas e intoxicadas pela fumaça que ficou presa dentro do circo.

Para complementar o caos gerado pela tragédia, a classe médica do estado estava em greve e o Hospital Antônio Pedro, o maior da cidade, com as portas fechadas. Após a notícia do incêndio se espalhar, milhares de voluntários foram em direção ao local para ajudar os feridos. Estas mesmas pessoas arrombaram as portas do hospital e iniciaram os primeiros-socorros. Após saberem do desastre, os médicos em greve retornaram imediatamente ao atendimento auxiliados por uma multidão de voluntários que ajudavam em diversas tarefas. "Foi a maior tragédia que eu presenciei. A união de milhares de pessoas ajudou a salvar a vida de muita gente. Na época, eu recolhi doações de medicamentos para os feridos e levava até os hospitais e clínicas", afirma o aposentado Antônio Bartholomei, de 87 anos, que foi um dos milhares de voluntários que trabalharam auxiliando médicos, bombeiros e policiais na mais fatal tragédia da história brasileira.

Elefante Samba.
Entre os animais que tentaram escapar do incêndio estava o elefante "Samba", que em pânico arrombou sua jaula e disparou contra a multidão matando dezenas de crianças e adultos. Por ironia do destino, o animal que atropelou diversas pessoas foi o grande responsável por salvar outras milhares de vidas. Com sua força, o elefante rasgou a lona e abriu um enorme buraco na lateral, criando uma "porta" de saída às vítimas que ainda estavam presas dentro do circo. Estima-se, segundo dados da época, que Samba tenha salvado a vida de aproximadamente 1,5 mil pessoas que utilizaram o rasgo na lona para fugir do Gran Circo Norte-Americano.

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