Sabe quando você lembra
de algo, mas tem a sensação de que nunca viveu de verdade a lembrança? Pois
bem, um estudo recente publicado na revista Neuropsychologia afirma
que essas lembranças, conhecidas como “falsas memórias”, são provocadas pelos “fusos
de sono”, que são atividades cerebrais rápidas que ocorrem durante o
período de descanso. Esses fusos ocorrem em um dos
estágios mais leves do sono, chamado de estágio 2, que é definido
por uma frequência cardíaca lenta e sem movimento ocular.
Falsas memórias e o
sono.
De acordo com o Live
Science, os pesquisadores da Universidade de Lancaster, na Inglaterra,
recrutaram 32 estudantes saudáveis que tinham baixo consumo de cafeína e os
dividiram em dois grupos: o grupo do cochilo e o grupo desperto. Antes de serem
monitorados por um dispositivo de polissonografia – exame que mede a
atividade respiratória, muscular e cerebral durante o sono -, cada
estudante recebeu algumas palavras referentes ao mesmo tópico.
Depois de monitorar as
atividades cerebrais dos estudantes por algum tempo, os pesquisadores mostraram
novamente uma série de palavras aos participantes (algumas delas eram novas)
para saber se eles lembravam das que haviam recebido antes. Os resultados
apontaram que os alunos que cochilaram eram significativamente mais propensos a
lembrar de palavras que na verdade não tinham visto anteriormente. Segundo
o psicólogo John Shaw, um dos autores da pesquisa, essa descoberta mostra
que os fusos do sono estão criando acidentalmente memórias falsas.
Durante o estudo, os
cientistas ainda descobriram que o lado direito do cérebro dos voluntários
estava mais suscetível a criação de falsas memórias. Essa revelação aconteceu
depois algumas palavras serem colocadas mais a direita ou a esquerda do campo
de visão dos estudantes. As palavras que apareceram no campo direito foram mais
“recordadas”, mesmo que não tivessem sido mostradas antes.
A comunidade científica
já desconfiava que os fusos do sono desempenham papel importante na
consolidação de memória de curto prazo em arquivos de longo prazo no cérebro,
assim como podem auxiliar no desenvolvimento cortical, local em que ocorre o
processo neuronal mais sofisticado do cérebro. “O cérebro adormecido gasta
muito tempo e esforço tentando identificar os aspectos mais importantes do que
foi aprendido durante o dia anterior”, comentou Robert Stickgold, diretor do
Centro de Sono e Cognição do Centro Médico Beth Israel Deaconess, nos Estados
Unidos.
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