De acordo com a OMS, em
2025, 11,3 milhões de crianças no Brasil estarão com excesso
de peso. E além de essa taxa aumentar riscos de diabetes e
hipertensão arterial, ela também afeta o cérebro. Um novo estudo realizado por
epidemiologistas da Universidade Brown, nos Estados Unidos, descobriu que as crianças
com idades entre cinco e oito anos e que estão no limiar da obesidade ou
sobrepeso têm menor raciocínio e memória do que crianças magras. O estudo
também indicou que os escores de QI podem ser menores para crianças com maior
peso.
"Os primeiros anos
de vida são críticos para o desenvolvimento da cognição e investigamos se a
adiposidade precoce tem um impacto sobre as habilidades cognitivas mais tarde
na vida", diz Nan Li, autora e pesquisadora de pós-doutorado no
Departamento de Epidemiologia da universidade.
Para o estudo,
publicado na edição de junho do periódico Obesity, os pesquisadores
mediram o peso e a altura de um grupo de crianças desde seus primeiros anos de
vida. Aos cinco ou oito anos de idade também foram medidas suas habilidades
cognitivas gerais, memória, atenção e impulsividade. Um conjunto de testes
também mediu as habilidades intelectuais, incluindo habilidades verbais e organizacionais.
Os pesquisadores
descobriram que o excesso de adiposidade precoce foi associado a um QI mais
baixo, assim como raciocínio perceptivo e escores de memória prejudicados.
Enquanto o QI se refere às habilidades cognitivas gerais, a memória se enquadra
no conjunto de processos cognitivos que auxiliam no gerenciamento de
pensamentos, emoções e comportamentos direcionados a objetivos.
De acordo com os
autores do estudo, há uma série de mecanismos biológicos pelos quais o
sobrepeso pode afetar o neurodesenvolvimento, incluindo citocinas que ativam
vias inflamatórias em crianças e adultos. A inflamação pode afetar várias
regiões cerebrais relevantes para as habilidades cognitivas, aprendizagem
espacial e a memória. E a desregulação dos hormônios que atuam nas regiões
do cérebro, incluindo o hipotálamo, o córtex pré-frontal e o hipocampo, pode
afetar negativamente a cognição.
Segundo os
pesquisadores, trabalhos futuros podem investigar o impacto do status de peso
no desempenho escolar, em diagnósticos de transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade e no uso de educação especial.
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