quinta-feira, 3 de maio de 2018

QUAL O PESO DA GENÉTICA NO PESO DO NOSSO CORPO?...


FONTE: *** Marcio Atalla, http://marcioatalla.blogosfera.uol.com.br



Queria falar um pouco sobre como a genética determina muitas coisas em nossa saúde, inclusive nosso peso corporal.

É sabido que tanto nosso peso, como a maioria das doenças, são poligenéticas, ou seja, determinadas por muitos genes. Assim é com a obesidade, o diabetes, a hipertensão e uma série de outras doenças. Mas, é fundamental sabermos que isso não é definitivo, imutável, mas que nosso estilo de vida também determina nossa saúde e pode alterar a expressão desses genes.

Durante minha vida sempre ouvi que a genética me abençoou e que sou magro por conta dos meu genes. Sempre achei uma injustiça, porque desde que me entendo por gente, tenho a lembrança da minha mãe me levando pra fazer natação e judô no Minas Tênis Clube, e de ficar na rua jogando bola até tarde e esperando meu pai chegar do trabalho pra jogar mais um pouco com ele.

A alimentação na minha casa sempre foi sem proibição, e também sem exageros. Muito arroz e feijão, pão, leite, fruta e salada. Também lembro de ir passar férias em São Paulo, na casa dos meus avós, e comer exageradamente uns 4 ou 5 pratos de macarrão e ficar muito orgulhoso, mas em seguida ouvir da minha avó que deveria sempre deixar a mesa com a sensação de poder comer mais um pouco, não empanturrado como estava. Lição dada e aprendida, sigo com ela até hoje.

Voltando aos genes, sempre fui convidado pra fazer testes e descobrir a tendência genética pra minha saúde. São empresas do exterior, algumas da Alemanha e Estados Unidos, que coletam nossa saliva e analisam o DNA. Já tinha feito em 2013 e fiquei surpreso (e desconfiado) quando recebi o resultado de ter forte tendência à obesidade e ao diabetes. Não era um relatório muito completo e não dei importância.

Esse ano, meu irmão me convenceu a refazer o teste em dois outros laboratórios, com relatórios mais completos. Hoje chegaram os resultados: de 702 genes analisados, 359 apontavam uma tendência à obesidade. A média de peso para pessoas da minha idade e com meu perfil genético é de 90 kg, e eu peso 75 kg. Além disso, minha glicemia em jejum é de 88 mg/dl, ou seja, menor que 99 mg/dl que é considerada a taxa limite.

Enfim, isso tudo pra dizer o que? Mais uma vez, que nosso estilo de vida –principalmente a atividade física regular, o movimento físico diário — tem o poder de “silenciar” alguns genes e determinar uma boa saúde e qualidade de vida para todos. Acima de qualquer predeterminação genética. Sei que não posso mudar a minha, mas ainda assim, tenho controle sobre meu estilo de vida e é nisso que invisto minhas energias, e não em colocar a culpa nos meus ancestrais…


Sobre o autor.
Marcio Atalla é professor de educação física, com pós-graduação em nutrição pela USP (Universidade de São Paulo). Depois de muitos anos como preparador físico de atletas de alto rendimento, passou a desenvolver uma série de iniciativas na mídia para incentivar a população a levar uma vida mais saudável. É autor de três livros, entre eles, “Sua Vida em Movimento” (ed. Paralela), com mais de 50 mil cópias vendidas.

Sobre o blog.
Dicas simples e muito eficazes para você ajustar seu estilo de vida aos poucos, começando a se movimentar mais e a fazer melhores escolhas alimentares. Detalhe fundamental: todas baseadas em estudos, sem espaço para mitos e modismos que sempre surgem quando o assunto é saúde e bem-estar.

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