Será que é possível
saber com antecedência quais adolescentes terão problemas com álcool? Alguns
neurocientistas sugerem que sim. Eles identificaram características no cérebro
de jovens de 14 anos que podem ser indícios de uma tendência mais alta a ter o
consumo de bebida aumentado cinco anos mais tarde.
O estudo foi conduzido
por uma equipe formada por profissionais de diferentes partes da Europa e dos
EUA, e coordenada por neurocientistas do Instituto Max Plack e da Universidade
de Hamburgo-Eppendorf, na Alemanha.
Os resultados,
publicados no periódico eLife, apontam o aumento na quantidade de
massa cinzenta numa área do cérebro conhecida como núcleo caudado, ligada ao
aprendizado, e no hemisfério esquerdo do cerebelo, associado ao pensamento e ao
movimento, como fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos
relacionados ao uso de álcool.
Eles analisaram exames
de neuroimagem de 1.814 adolescentes saudáveis e compararam com os de jovens
que tiveram os hábitos de consumo avaliados aos 14, aos 17 e aos 19 anos de
idade. Eles utilizaram modelos em 3D para prever as mudanças nos padrões de
comportamento dos participantes ao longo dos anos.
Alterações semelhantes
em adolescentes já foram associadas ao risco aumentado de transtornos
psiquiátricos na vida adulta, o que reforça a ideia de que mudanças estruturais
no cérebro podem estar por trás tanto de transtornos como depressão e ansiedade
quanto do abuso de álcool.
Qual a causa dessas
alterações? Isso é algo que ainda precisa ser bem estudado. Mas os
pesquisadores sabem que a produção de massa cinzenta aumenta gradualmente na
infância e tem seu pico na adolescência, fase em que ocorre um processo similar
a uma poda de árvore e conexões desnecessárias são eliminadas.
Esse tipo de estudo
pode ajudar os cientistas a descobrir o que torna certos jovens mais
vulneráveis ao álcool do que outros, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
O mais sensato para se evitar problemas com a bebida é evitar o consumo ao
máximo na adolescência, quando o cérebro ainda está em formação. Bons hábitos
cultivados nessa fase têm mais chance de persistirem pelo resto da vida.
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