Uma pesquisa divulgada
esta semana revela que o número de atendimentos de emergência relacionados ao
uso de álcool aumentou de forma dramática no Canadá, especialmente entre as
mulheres. A mesma tendência já foi apontada nos EUA e no Reino Unido, e no
Brasil alguns trabalhos recentes também mostram que mais mulheres têm abusado
nas doses por aqui.
O estudo mais recente,
publicado no CMAJ, periódico da Associação Médica Canadense, identificou o
aumento de 175% nos atendimentos em hospitais por causa de bebida para
indivíduos na faixa dos 25 aos 29 anos de idade entre 2003 e 2016. De acordo
com os pesquisadores, da Universidade de Ottawa, as emergências relacionadas ao
álcool cresceram mais que a média geral de atendimentos. Esse aumento é
consistente com o apontado por outros estudos canadenses sobre consumo de
álcool.
Todos esses trabalhos
mostram uma clara mudança de padrão de consumo entre as mulheres. Dos mais de
765 mil atendimentos de emergência por álcool na província de Ontário no
período estudado, que envolveram mais de 480 mil pessoas, 32% eram do sexo
feminino, uma proporção maior que a encontrada em períodos anteriores.
Na maior província
canadense, a idade mínima para consumo de álcool é 19 anos. De acordo com o
estudo, jovens abaixo dessa idade atendidos nos setores de emergência são, na
maioria, garotas (17%, contra 9% de garotos). Os pesquisadores dizem que essa
diferença tem sido observada desde 2007. Na faixa dos 25 aos 29 anos, o número
de mulheres atendidas foi 240% maior em 2016, enquanto o aumento para os homens
foi de 145%.
Nos EUA, pesquisas
mostram que o número de atendimentos de emergência relacionados ao álcool
aumentou 47% de 2006 a 2014. Na Inglaterra, subiu 51% entre 2002 e 2014. Ambos
os países tambem têm divulgado preocupação com o aumento do consumo entre
mulheres. Os dados também apontam que, em ambos os países, os indivíduos com
menor renda são os mais afetados pelo uso nocivo do álcool, e essa disparidade
é ainda maior que no Canadá, onde políticas públicas têm evitado a
venda de bebida alcoólica a preços mais baixos.
Fazer uma comparação
com o Brasil não é simples, já que é preciso usar metodologias semelhantes para
se obter dados corretos. Mas estudos recentes têm chamado atenção para a
imersão das mulheres no uso abusivo de álcool.
Um deles, divulgado
pela Opas (Organização Panamericana da Saúde) mostra que a frequência de Beber
Pesado Episódico (ingestão de 4 ou mais doses de álcool em cerca de 2 horas)
aumentou de 4,6% para 13%, em cinco anos, entre as mulheres na região das
Américas.
O II Levantamento
Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) informa que 36% das mulheres e 51% dos
homens que usavam álcool, em 2006, o faziam no padrão conhecido como Beber
Pesado Episódico. Já em 2012, a proporção para elas foi de 49%, e para eles, de
66%. O uso precoce (antes dos 15 anos) também aumentou entre as garotas, de 8%
para 17%.
Vale lembrar que as
mulheres são mais vulneráveis que os homens aos efeitos do álcool por
diferenças em sua composição biológica. Elas também costumam ser mais afetadas
por transtornos como a depressão, algo que pode estimular a busca por bebida. É
preciso ficar atento a essa mudança de padrão e pensar em medidas de prevenção
que levem em conta as diferenças entre os sexos.
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