sexta-feira, 23 de agosto de 2019

DOR NA CANELA É LESÃO COMUM NA CORRIDA; ENTENDA AS CAUSAS E COMO EVITAR...


FONTE: Amanda Preto, Colaboração para o VivaBem, https://www.uol.com.br

       

Resumo da notícia
A síndrome do estresse medial tibial é uma lesão que ocorre devido à inflamação da membrana que reveste o osso da canela
Popularmente chamado de canelite, o problema gera dor ao correr e até ao caminhar ou subir e descer escadas
Aumentar a distância do treino sem planejamento, sobrepeso e treinar em pisos duros (concreto e asfalto) são fatores de risco da lesão
Durante o tratamento da canelite o atleta pode ficar até dois meses sem correr

A pessoa começa a correr, se empolga, aumenta a distância e a frequência dos treinos e, de repente, é pega de surpresa por uma dor chata na região da canela. O incômodo pode até passar depois de alguns dias de descanso, mas basta retornar para o asfalto que ele aparece novamente, às vezes mais intenso. Essa é a tal da canelite, lesão formalmente chamada de síndrome do estresse medial tibial, uma inflamação da membrana (periósteo) que reveste o osso da canela.

A maior queixa é dor na tíbia durante exercícios de impacto e depois do treino, que pode persistir até em movimentos simples, como caminhar e descer ou subir escadas. Se você é ou já foi vítima do problema, saiba que não está sozinho. Essa é uma das lesões mais comuns em corredores e corredoras e acomete até quem não pratica o esporte.

Quais são os principais vilões?
Segundo Murilo Curtolo, mestre em ciências da saúde pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e fisioterapeuta do esporte da clínica Physic, ao correr o corpo recebe um impacto três a oito vezes maior que seu próprio peso. A falta de um programa de treinamento bem planejado, com descanso adequado e aumento progressivo da distância e da intensidade da corrida, está entre as principais causas da canelite. Isso porque a elevação muito abrupta da carga de treinos não permite que o corpo se adapte adequadamente e suporte as exigências da atividade física.

O excesso de peso e treinar sempre em pisos duros (concreto e asfalto) são outros fatores que proporcionam grande impacto ao corpo e aumentam o risco da canelite.

O ortopedista Fellipe Savioli, pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício), explica que a falta de fortalecimento dos músculos das panturrilhas, do tibial anterior, dos quadríceps e dos glúteos também favorece a lesão, pois os músculos têm importante papel na absorção de impacto e protegem ossos e articulações.

Como tratar a canelite.
Caso a dor na canela persista por mais de 72 horas ou apareça em vários treinos seguidos, é importante consultar um médico para investigar o problema. Quando confirmada a lesão, o tratamento geralmente é feito com medicamentos anti-inflamatórios, fisioterapia e muito repouso --sim, o atleta costuma ficar sem correr de seis a oito semanas, tempo médio de cicatrização do periósteo.

Durante esse período de descanso, é importante evitar qualquer atividade física que gera sobrecarga na região lesionada, incluindo movimentos de musculação como agachamento com barra, leg press e exercícios pliométricos (saltos).

Até a bike, geralmente recomendada para corredores lesionados, por não ter impacto, requer cuidados. "O sppinning, por exemplo, exige trechos de pedalada em pé, o que é prejudicial para o tratamento da canelite. Se for participar de uma aula, fique o tempo todo sentado", alerta Curtolo.

Quando receber liberação médica para voltar aos treinos, faça isso de forma leve, gradual e procure correr na grama ou na terra, pisos que absorvem o impacto.

É importante saber que a canelite não ocorre apenas em corredores iniciantes. Os mais experientes também estão sujeitos ao desconforto, que pode evoluir para uma fratura do osso por estresse caso você ignore os sintomas e permaneça fazendo atividades de impacto.

Dicas para evitar a canelite.
- Respeite o descanso. Se na planilha está "day off", não vá correr. A recuperação faz parte do treino. É nesse intervalo que os músculos, ossos e articulações assimilam o estímulo e mobilizam forças para se tornarem mais resistentes.

- Quando estiver muito cansado em um dia der treino, avalie com seu professor se não vale ficar sem correr e tirar um tempo maior de descanso. Ouvir o corpo é uma forma de se poupar.

- Valorize seu tempo de sono. Dormir bem é essencial para ir bem nos treinos e uma adequada recuperação muscular.

- Evite treinar por conta própria. Nada substitui o aconselhamento profissional. Um bom treinador avalia o corredor de forma individualizada e pode ser capaz de prever e evitar lesões.

- Não ignore a dor ou deixe que ela atrapalhe o exercício. Vá ao médico logo que perceber um desconforto anormal (que dure mais de três dias ou ocorra em vários treinos).

- Tenha paciência. Correr de forma ininterrupta, aumentar a distância e tornar-se mais veloz leva tempo. Respeite seus limites e não vá na empolgação de quem está em um estágio no esporte diferente do seu.

- Alterne treinos no asfalto com corridas em pisos macios, como grama, terra batida e areia.

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