Uma indiana de 14 anos
passou por uma cirurgia para retirar 1,3 kg de cabelo de seu estômago, após
relatar sintomas como dor abdominal e vômito. O caso foi publicado pela Fox News, na terça-feira (20).
Conhecida como Pooja, a
adolescente revelou aos médicos que estava secretamente comendo seu cabelo, o
que os levou a diagnosticá-la com tricofagia, popularmente chamada de
"Síndrome de Rapunzel". O transtorno está relacionado à
tricotilomania, outro distúrbio que faz com que o indivíduo arranque pelos do
corpo.
De acordo com Edson
Luiz de Toledo, coordenador do Programa para Tricotilomania do PRO-AMITI
(Programa do Ambulatório dos Transtornos do Impulso) do Instituto de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a tricofagia
é muito comum em crianças e adolescentes. "A idade média de início costuma
ser aos 12 anos, mas já atendi uma criança de três anos e meio", diz o
psicólogo.
Além disso, as mulheres
são as que mais sofrem do transtorno: ele afeta 10 mulheres para cada homem com
o problema.
"As causas são
diversas, mas geralmente está relacionada com a separação dos pais, brigas em
casa, bullying, primeira menstruação ou até abuso sexual", explica Toledo.
Segundo ele, a criança ou o adolescente começa a arrancar o cabelo e comer para
se distrair ou até punir pais e mães por algo que os incomoda. A tricofagia
inclusive está relacionada a outros transtornos como a depressão e a ansiedade.
Transtorno
é grave.
De acordo com o artigo
da Fox News, o cirurgião da adolescente, Rajesh Kumar Pendey, contou que eles
conseguiram remover toda a bola de cabelo do estômago de Pooja, que agora está
estável. Mas o problema pode ser fatal.
Em 2017 uma adolescente
britânica de 16 anos morreu devido a uma peritonite, uma inflamação da membrana
que reveste a parede abdominal e cobre os órgãos abdominais, causada pelo
acúmulo de cabelo no órgão.
"Comer cabelo é
algo bem grave. Se existe essa suspeita, é preciso diagnosticar e encaminhar
para um gastroenetrologista especialista em endoscopia para verificar se tem o
bolo de cabelo no estômago e, se necessário, realizar cirurgia", explica
Toledo. Além disso, a pessoa, assim como a indiana, sente cólica, dor
abdominal, constipação e chega até a ter lesão por esforço repetitivo.
Mas além de problemas
físicos, ela também sofre emocionalmente. "O paciente pode se isolar
socialmente ou deixar de estudar por conta das falhas no cabelo", alerta.
Tratamento
é eficaz.
Em crianças e
adolescentes o tratamento se resume à psicoterapia. Em adultos, psicofármacos
também podem ser prescritos.
O tempo para o
tratamento fazer algum efeito é muito particular, mas Toledo diz que no
PRO-AMITI, por exemplo, após 22 sessões, com uma por semana, a remissão dos sintomas
passa de 70% dos casos. "É uma taxa bem alta, mas não falamos em cura.
Assim como todos os transtornos mentais, como depressão e ansiedade, a
tricofagia pode voltar".
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