FONTE: *** Renata Turbiani, Colaboração para VivaBem, https://www.uol.com.br/
No passado, quando a criança tinha febre, era comum as mães ou avós utilizarem batatas —algumas apostavam na cebola— para resolver o problema. O truque, passado de geração em geração, consistia em colocar rodelas cruas e geladas do alimento presas às solas dos pés ou à testa. A justificativa era de que elas puxariam o calor para si e, por isso, baixariam a temperatura corpórea.
Do ponto de vista da
física, isso faz sentido, afinal, quando dois corpos de diferentes temperaturas
se encostam, a energia térmica é espontaneamente transferida do mais quente
para o mais frio.
Sendo assim, utilizar
batatas geladas pode realmente diminuir o calor, só que apenas no local (testa
ou pés, dependendo de onde foram colocadas) e momentaneamente. A febre vai
continuar presente.
O que é febre?
Sintoma e não doença, a
febre é a elevação da temperatura corporal acima dos valores considerados
normais, que variam entre 36ºC e 37,2ºC. Ela é uma resposta do organismo a
agressões externas ou internas, provocadas, por exemplo, por agentes
infecciosos (bactérias, vírus e fungos), alérgenos, reação a certos
medicamentos, traumas, lesões, neoplasias e doenças inflamatórias ou
imunológicas.
Para entender melhor
como esse processo funciona, é preciso saber que a temperatura humana é
controlada pela área cerebral chamada hipotálamo —ele age como uma espécie de
termostato. No caso de o corpo sofrer qualquer tipo de ataque, substâncias
químicas (prostaglandinas) são produzidas e liberadas na corrente sanguínea
para combater os invasores. Quando chegam ao cérebro, elas estimulam justamente
o hipotálamo, e ele, por sua vez, aumenta a calor corporal.
Toda essa ação
desencadeia uma série de reações, como calafrios, arrepios, tremores, sudorese,
aumento do fluxo sanguíneo e alterações nas frequências cardíacas e
respiratórias —o organismo faz de tudo para gerar e reter o aquecimento e,
assim, se proteger. Também pode provocar dores musculares e de cabeça,
fraqueza, indisposição, perda de apetite e mal-estar geral.
Como tratar a febre.
Considera-se que uma
pessoa está com febre quando a sua temperatura, em repouso, atinge 37,8°C —para
bebês, é a partir de 37,5ºC. Entre 37,2ºC e 37,8ºC, ela está com febrícula (ou
em estado subfebril) e, acima de 39ºC, com febre alta. Vale salientar que
alguns indivíduos têm temperaturas um pouco mais elevadas ou mais baixas que as
médias, sem que isso seja um problema.
E
uma ressalva: é importante distinguir a febre da hipertermia,
na qual há aumento da produção ou diminuição da perda de calor sem alteração no
hipotálamo. Essa condição ocorre por exposição ao calor intenso, como ficar
tempo demais em uma banheira muito quente, exagerar no uso de agasalhos, no
banho de sol e na prática de exercícios e em decorrência de algumas doenças.
Para saber se alguém
está com a temperatura elevada, não basta encostar a mão na testa dela, é
necessário o uso do termômetro. O mais indicado é fazer a aferição nas axilas,
mas também é possível pela boca e ânus —só que nestas áreas, os valores tendem
a ser diferentes, mais altos.
Confirmada a condição,
a decisão de tratá-la ou não é individualizada e avaliada caso a caso. Em
pessoas saudáveis, muitas vezes, a febre é autolimitada e benigna. Então, se
ela não está atrapalhando a realização das atividades e se não há nenhum
sintoma associado, a recomendação, geralmente, é manter uma boa hidratação,
repousar, tomar banho morno e, se necessário, utilizar medicamento antitérmico.
Porém, se junto com a
elevação da temperatura corporal o indivíduo, sobretudo se for criança,
apresentar um desconforto maior, apatia, letargia, respiração ofegante, dores e
falta de apetite, entre outros sinais, ou se tiver alguma doença prévia, aí é
importante procurar o médico para uma melhor avaliação e indicação do
tratamento adequado.
***
Fontes: Ligia Machado,
imunologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Tadeu Fernandes,
presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP
(Sociedade Brasileira de Pediatria), e Thais Bustamante, pediatra
neonatologista, pós-graduada em nutrição pediátrica pela Boston Medicine
University.
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