FONTE:, em São Paulo, https://www.uol.com.br/
Você pode até não estar
familiarizado com nomes como "E171" ou "dióxido de
titânio", mas é provável que você já tenha consumido alimentos que
continham o composto.
A substância, um
aditivo alimentar, é usada como corante para clarear produtos como goma de
mascar, coberturas de chocolates, sobremesas, doces e bebidas. Na França, o
dióxido de titânio foi recentemente proibido, e a indicação da médica nutróloga
Marcella Garcez, diretora e professora da ABRAN (Associação Brasileira de
Nutrologia), é que você fique atento ao rótulo dos produtos que consome.
"Esse aditivo
alimentar comum altera significativamente a microbiota intestinal em
camundongos, causando inflamação no cólon e alterações na expressão de
proteínas no fígado, como mostrou uma pesquisa recente liderada pela
Universidade de Massachusetts Amherst", afirma Garcez.
A médica explica que a
microbiota intestinal, que se refere à comunidade diversa e complexa de
microrganismos no intestino, desempenha um papel vital na saúde humana. "O
desequilíbrio tem sido associado a uma série de problemas de saúde, incluindo
doenças inflamatórias intestinais, obesidade e doenças cardiovasculares",
afirma
E é necessário ficar
atento às crianças: nos Estados Unidos, por exemplo, a exposição ao E171 é duas
a quatro vezes maior em crianças do que em adultos, segundo o estudo.
Menor que 100
nanômetros, essas partículas extremamente pequenas causam preocupação. "As
partículas maiores não serão absorvidas facilmente, mas as menores podem entrar
nos tecidos e se acumular em algum lugar", aponta a especialista.
Como o estudo foi
feito.
O estudo utilizou
camundongos, que foram separados em dois grupos: um recebeu uma dieta rica em
gordura, semelhante à de muitos americanos; o outro foi alimentado com uma
dieta pobre em gordura.
Apenas os ratos
alimentados com uma dieta rica em gordura acabaram se tornando obesos, mas em
ambos os grupos, a microbiota intestinal foi perturbada pelas partículas
minúsculas de dióxido de titânio.
"As partículas
nanométricas causaram mudanças mais negativas nos dois grupos de ratos, mas os
camundongos obesos foram mais suscetíveis aos efeitos adversos", afirma.
Os pesquisadores descobriram que as nanopartículas de dióxido de titânio
diminuíram os níveis cecais (do intestino) de ácidos graxos de cadeia curta,
essenciais para a saúde do cólon, e aumentaram as células imunes
pró-inflamatórias e citocinas no cólon, indicando um estado inflamatório.
Para avaliar o impacto
direto na saúde da microbiota intestinal interrompida pelas nanopartículas, os
pesquisadores continuaram a investigação por meio de um transplante fecal. Eles
deram antibióticos para limpar a microbiota intestinal dos ratos e depois
transplantaram bactérias fecais com nanopartículas para esse grupo. Isso levou,
novamente, a uma inflamação e os resultados confirmaram a hipótese de que a
inclusão de dióxido de titânio na dieta interrompe o equilíbrio da microbiota
intestinal.
O estudo também mediu
os níveis de dióxido de titânio em amostras de fezes humanas, encontrando uma
ampla variedade. Mas ainda são necessários mais estudos para determinar os
efeitos na saúde da exposição a longo prazo.
"De qualquer
forma, todo aditivo alimentar deve ser evitado e devemos priorizar uma dieta
com alimentos mais in natura e menos ultraprocessados, que estão envolvidos em
uma série de problemas ao organismo. Procure ajuda de um médico nutrólogo para
melhorar a alimentação", conclui a médica.
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