FONTE: *** Heloísa Noronha, Colaboração para Universa, https://www.uol.com.br/
O livro indiano Kama
Sutra é o mais famoso, mas na história da humanidade há
outros livros milenares que abordam as práticas eróticas. A China antiga foi um
terreno fértil para essas obras, com manuais sexuais com títulos como "A
Arte da Câmara de Dormir". Muitos dos textos datam de dois mil anos atrás
e seguem os princípios do Tao, filosofia oriental que promove um estilo de vida
duradouro e equilibrado e que vê a sexualidade — e a união das energias
complementares Yin (feminina) e Yang (masculina) — como um dos pilares para a
conquista desse objetivo.
Com alguns princípios
semelhantes ao Tantra, como o clima ritualístico e a prorrogação do clímax, o
sexo taoísta prega, entre outros mandamentos, o controle da ejaculação, a
diferenciação entre ejaculação e orgasmo
masculino e a satisfação plena da mulher.
Sexo taoísta: 10
curiosidades sobre a prática que vê transar como uma cura
1. O sexo é, acima de
tudo, espiritual.
Os preceitos básicos do
sexo taoísta são a sustentação e a sublimação de energia - ou seja, o prazer
está no caminho e não no fim (o gozo). O sexo é uma ferramenta para a conexão
com a espiritualidade e, sendo assim, o orgasmo não é o foco.
2. É preciso segurar a
ejaculação.
Segundo o sexo taoísta,
a pressa em ejacular faz com que o homem perca sua energia vital. O ideal é
segurá-la o máximo possível, mesmo porque ejacular é bem diferente de gozar, o
que significa que o homem experimenta várias sensações excitantes ao longo da
vivência. Ao sentir que vai ejacular, o ideal é que pare.
3. Foco está no orgasmo
vaginal.
O clitóris também não é
peça-chave da prática, que dá preferência ao orgasmo vaginal - o clitoriano
causa uma espécie de "esvaziamento" da energia feminina.
4. Não há pressa para o
casal gozar.
Quando o casal sente
que a energia está muito alta e o clímax se aproxima, devem
parar e praticar exercícios de sublimação que vão desde visualizações até
respirações específicas que os ajudam a entrar nos eixos.
Nenhum dos dois deve ter preocupação com a duração da transa, que pode levar
até três horas. Em alguns casos, a penetração sequer acontece - porém, o casal
termina satisfeito assim mesmo. O orgasmo começa nos genitais e se expande pelo
corpo. Com a prática mais avançada, os taoístas afirmam que o orgasmo se
expande pelo espírito.
5. A conexão entre o
par é ampliada.
Com toques suaves,
carícias prolongadas por todo o corpo, olhos nos olhos e, para alguns,
meditações, a prática taoísta segue um fluxo contrário do sexo ocidental que é
muito focado no prazer dos órgãos sexuais. É
preciso ter disponibilidade afetiva e calma para se redescobrir e ajudar o
outro nesse percurso também. Ao estender o sexo o máximo de
tempo possível, adiando a penetração, a relação sob essa perspectiva ajuda a
regular as diferenças de estimulação, desejo e respostas sexuais que em geral
são drasticamente diferentes em um casal. Há uma maior intimidade e expansão da
energia sexual dos genitais para o corpo todo, o que acaba afetando
drasticamente a forma como o par se relaciona, tornando-os mais cúmplices e
íntimos.
6. Para os Taoístas, o
sexo é curativo.
A energia sexual pode
se transformar em energia espiritual. Assim sendo, os objetivos transcendem o
corpo físico. Porém, os hábitos de preservar a energia sexual e retardar o
orgasmo promovem benefícios para a saúde, segundo os estudiosos. Ao
satisfazer-se e satisfazer o outro profundamente, aprofundar o relacionamento
sexual, amoroso e a intimidade consigo e com o par, a pessoa passa a viver em
um estado de equilíbrio, bem-estar e harmonia.
7. A cura começa pelo
autoamor.
E isso significa
explorar o próprio corpo com afeto. O primeiro passo é prestar mais atenção na
respiração, preferencialmente abdominal, se concentrando no modo como o ar
entra e sai de seu organismo. Essa etapa ajuda a relaxar. Em seguida, passe as
mãos pelos cabelos e vá descendo os dedos pelo rosto, sentindo a face, os
lábios, as orelhas. Depois siga para o pescoço, braços, seios, barriga,
nádegas, triângulo pubiano. A vulva e vagina devem ser as últimas regiões a
serem percorridas, pois a ideia é aumentar a consciência corporal. A dois, um
deve percorrer o mesmo roteiro com o outro, deixando os genitais para o final.
8. Algumas posições são
mais benéficas.
Uma bastante praticada
tem início quando um fica de frente para o outro. A mulher deve se sentar no
colo do parceiro, acolhendo o pênis em sua vagina. Ambos precisam ficar com o
corpo parado, sem movimentos de "britadeira". Nessa posição, a
contração vaginal é o que fará a energia sexual subir, sendo que ambos podem
ajudar a elevá-la através da respiração e do olhar. Outra, que prioriza a
penetração profunda, é o homem por cima e a mulher com as pernas bem levantadas.
9. A mulher é vista
como divina.
E, portanto, o prazer
feminino é fundamental. Portal de Jade, Fonte da Vida e Portal da Luz são
alguns nomes pelos quais a vagina é conhecida no sexo taoísta, pois é através
dela que perpetuamos a espécie e entramos em contato com o que há de mais puro
e divino em nós, nossa sexualidade, energia criadora, fonte de vida e prazer.
10. Não há busca por
orgasmos explosivos.
Mais do que atingir o
clímax, é o cultivo da chamada energia "fria" que guia as relações
taoísta. Os orgasmos, embora menos arrebatadores, são mais intensos e
duradouros. A justificativa é que a energia vital não é desperdiçada, mas, sim,
canalizada de forma eficiente para proporcionar saúde e bem-estar ao ser
humano.
*** FONTES CONSULTADAS:
Deva
Geeta, terapeuta tântrica, de São Paulo (SP); Juliana Bonetti Simão, psicóloga
especializada em sexualidade, de São Paulo (SP), e Paula Manadevi, sexóloga e
terapeuta tântrica sistêmica, do Rio de Janeiro (RJ).
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