sexta-feira, 28 de agosto de 2009

DESRESPEITO AO CIDADÃO...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

O processo de deterioração do Senado Federal parece irreversível. A Casa sempre foi alvo de críticas (como a Câmara dos Deputados o é), mas ultrapassou todos os limites de uma instituição que se quer fazer respeitar. O presidente José Sarney deveria não só perder o cargo como o mandato. Poucos homens públicos prestaram tantos desserviços ao país como ele. Viramos chacota internacional. Transformaram-nos num grande circo onde os palhaços não são mais suas excelências, mas nós, eleitores, responsáveis pelo desatino de colocar num organismo supostamente importante uma parcela razoável de aéticos e corruptos no sentido de que uma maioria legisla em causa própria e dos grupelhos ao seu redor.
O esbanjamento dos recursos dos contribuintes, gastos com passagens aéreas internacionais para namoradas de sicranos, amigos de beltranos e amantes de não sei quem causa espanto e nojo à sociedade brasileira. Já os acordos secretos entre partidos para não se apurar isso e aquilo é típico da ação de quadrilhas quando da partilha dos bens alheios surrupiados mesmo à luz do dia. O Senado não pode exigir nada, absolutamente nada dos seus críticos. Ao contrário, se muitos dos senadores tivessem vergonha na cara certamente se imolariam em praça pública. Pena que o haraquiri não seja uma prática entre a classe política nacional. Se o fosse, iríamos assistir com a mais naturalidade e tranquilidade, suicídios coletivos de deputados e senadores envergonhados dos atos indecentes perpetrados contra a Nação.
Infelizmente o Brasil tem a marca do desperdício. O correto, o lógico seria simplesmente fechar o Senado, uma medida profilática imprescindível nesse instante. Trata-se tão somente de mais uma entidade perdulária e cujos integrantes se lambuzam no mar de mordomias a eles oferecidas, enquanto milhões de miseráveis sequer tem o direito de possuir esperança. Ah, mas tem a tal da democracia. Babaquice. A extinção do Senado, além de representar uma economia formidável, possibilitaria termos uma Câmara mais representativa e, ao mesmo tempo, mais enxuta. Convenhamos que 513 deputados federais são demais, mesmo para um país com as nossas dimensões territoriais.
Obviamente que sei que estou chovendo no molhando. Se depender do Congresso, as coisas permanecerão exatamente como estão. Ou talvez piores. Se depender da classe (eu disse classe?) política, ao invés de 513 teríamos mil parlamentares na Câmara e ao invés de 81, o Senado seria composto por 801 membros. Afinal, a riqueza do Brasil é inesgotável e poderia ser efetivamente repartida entre uma minoria cujos próprios interesses estão acima dos interesses da grande maioria. Eles desejam o status quo. Mudanças podem representar perdas. Longe dos senadores admitirem abrir mão do seu quinhão.
Daí não haver alternativa se não a tal da sociedade organizada agir o mais rápido possível e pressionar o Legislativo a consertar seus erros. Simultaneamente, temos que forçar a aprovação de uma reforma política séria, honesta e transparente. Por fim, seria razoável que bancássemos uma campanha jamais vista neste País pela rejeição nas urnas dos políticos oportunistas, comprovadamente corruptos, de passado imundo e dos aproveitadores contumazes do erário. Chega de senadores e deputados que seguem e admiram o estilo do “coronel Sarney” (o coronel é pejorativo mesmo). Enfim, consolidaremos mais ainda a democracia com a exclusão do Senado e também dando uma nova cara à Câmara. Apesar de tudo, ainda vale pena sonhar.

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