FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).
Tantos são os escândalos e fatos estranhos que têm sido abafados no Brasil, depois de produzirem um grande alarido, que já não se pode garantir que tenha mesmo uma consequência importante, à altura das circunstâncias, o caso do suposto pedido da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, à ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, para “agilizar” a investigação que envolve Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney.
Mas também não se pode garantir que tudo dê em nada. Convém, aqui, lembrar o escândalo do Mensalão. Houve algumas renúncias, também algumas cassações e está no Supremo Tribunal Federal um processo gigantesco, envolvendo dezenas de acusados que eram – e muitos ainda são – políticos de proa no país. Mas, por mais de proa que sejam, como é o caso, atualmente, do petista José Dirceu e do presidente do PTB, eles são apenas uma sombra do que eram em matéria de poder. Com o tempo e eleições, poderão recuperar o que perderam – ou não.
Quem não vai recuperar o que era ou pelo menos parecia ser é o PT. Para isto, aliás, chamou a atenção, em uma entrevista de grande repercussão que concedeu à revista Veja desta semana, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. Ele disse com todas as letras que o Mensalão roubou (epa!) do PT o diferencial que tinha em relação aos outros grandes partidos, o de legenda defensora intransigente da ética. O Mensalão, na análise do presidente do Ibope (para quem o Partido dos Trabalhadores dificilmente fará o sucessor do presidente Lula) igualou o PT aos demais partidos (talvez ele devesse ter feito algumas ressalvas para evitar ou reduzir o ataque implícito a algumas das outras legendas).
Esta perda, em consequência do Mensalão, do diferencial petista centrado na ética, foi muito bem apontada pelo presidente do Ibope – não importa a razão pela qual ele a tenha apontado neste exato momento, mas o mais provável é que a revista se interessou na análise de um especialista sobre uma temática que está na pauta e na ordem-do-dia da política do país e o entrevistado haja feito suas observações a partir do exame do quadro, de sua experiência e conhecimento do eleitorado brasileiro e, eventualmente, de dados de pesquisa de opinião ou mesmo eleitoral de que disponha. O Mensalão aconteceu no primeiro governo Lula e o presidente, após ir quase ao chão, conseguiu levantar-se, graças, em grande parte, à equivocada estratégia político-eleitoral adotada na época pelo PSDB (não pelo PFL, depois DEM) de produzir em 2006 uma eleição presidencial bipolarizada entre um tucano (seria Serra, que ao perceber que Lula se levantava, deixou para o cabeça-dura Geraldo Alckmin) e um presidente sangrando até à anemia mais profunda. O PSDB (que me desculpe a má lembrança) quis agir como um vampiro, beber o sangue do adversário, deixá-lo sem forças, mas sem matá-lo. Acontece que errou no cálculo e perdeu as eleições.
Apesar de não ter mais o diferencial da ética e de sua sempre barulhenta defesa, o PT ainda tinha mais a perder: um caso, um escândalo ou que qualificativo se lhe queira dar, que viesse reavivar a memória de um povo e de um eleitorado que às vezes parece sofrer do mal de Azheimer. Foi então que entrou em cena, para ativar e reforçar memórias, o escândalo no Senado, a artilharia sobre o presidente da Casa e ex-presidente da República, que parecia perdido e indefensável. Parecia, só. Porque o presidente da República, a bancada do PT, o comando do PT e – que horror – a candidata a presidente, ministra Dilma Roussef, se empenharam na defesa de Sarney. Que deles, aliás, cobrava o abraço de afogado.
Acontece que o afogado agora ameaça se salvar. E os salva-vidas – pelo menos a candidata, o poste a ser eleito – parecem em processo de afogamento.
Tantos são os escândalos e fatos estranhos que têm sido abafados no Brasil, depois de produzirem um grande alarido, que já não se pode garantir que tenha mesmo uma consequência importante, à altura das circunstâncias, o caso do suposto pedido da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, à ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, para “agilizar” a investigação que envolve Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney.
Mas também não se pode garantir que tudo dê em nada. Convém, aqui, lembrar o escândalo do Mensalão. Houve algumas renúncias, também algumas cassações e está no Supremo Tribunal Federal um processo gigantesco, envolvendo dezenas de acusados que eram – e muitos ainda são – políticos de proa no país. Mas, por mais de proa que sejam, como é o caso, atualmente, do petista José Dirceu e do presidente do PTB, eles são apenas uma sombra do que eram em matéria de poder. Com o tempo e eleições, poderão recuperar o que perderam – ou não.
Quem não vai recuperar o que era ou pelo menos parecia ser é o PT. Para isto, aliás, chamou a atenção, em uma entrevista de grande repercussão que concedeu à revista Veja desta semana, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. Ele disse com todas as letras que o Mensalão roubou (epa!) do PT o diferencial que tinha em relação aos outros grandes partidos, o de legenda defensora intransigente da ética. O Mensalão, na análise do presidente do Ibope (para quem o Partido dos Trabalhadores dificilmente fará o sucessor do presidente Lula) igualou o PT aos demais partidos (talvez ele devesse ter feito algumas ressalvas para evitar ou reduzir o ataque implícito a algumas das outras legendas).
Esta perda, em consequência do Mensalão, do diferencial petista centrado na ética, foi muito bem apontada pelo presidente do Ibope – não importa a razão pela qual ele a tenha apontado neste exato momento, mas o mais provável é que a revista se interessou na análise de um especialista sobre uma temática que está na pauta e na ordem-do-dia da política do país e o entrevistado haja feito suas observações a partir do exame do quadro, de sua experiência e conhecimento do eleitorado brasileiro e, eventualmente, de dados de pesquisa de opinião ou mesmo eleitoral de que disponha. O Mensalão aconteceu no primeiro governo Lula e o presidente, após ir quase ao chão, conseguiu levantar-se, graças, em grande parte, à equivocada estratégia político-eleitoral adotada na época pelo PSDB (não pelo PFL, depois DEM) de produzir em 2006 uma eleição presidencial bipolarizada entre um tucano (seria Serra, que ao perceber que Lula se levantava, deixou para o cabeça-dura Geraldo Alckmin) e um presidente sangrando até à anemia mais profunda. O PSDB (que me desculpe a má lembrança) quis agir como um vampiro, beber o sangue do adversário, deixá-lo sem forças, mas sem matá-lo. Acontece que errou no cálculo e perdeu as eleições.
Apesar de não ter mais o diferencial da ética e de sua sempre barulhenta defesa, o PT ainda tinha mais a perder: um caso, um escândalo ou que qualificativo se lhe queira dar, que viesse reavivar a memória de um povo e de um eleitorado que às vezes parece sofrer do mal de Azheimer. Foi então que entrou em cena, para ativar e reforçar memórias, o escândalo no Senado, a artilharia sobre o presidente da Casa e ex-presidente da República, que parecia perdido e indefensável. Parecia, só. Porque o presidente da República, a bancada do PT, o comando do PT e – que horror – a candidata a presidente, ministra Dilma Roussef, se empenharam na defesa de Sarney. Que deles, aliás, cobrava o abraço de afogado.
Acontece que o afogado agora ameaça se salvar. E os salva-vidas – pelo menos a candidata, o poste a ser eleito – parecem em processo de afogamento.
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