sábado, 29 de agosto de 2009

HOSPITAL PARTICULAR QUER ISENÇÃO DE IMPOSTOS...

FONTE: Roberta Cerqueira (TRIBUNA DA BAHIA).

Emergências lotadas, espera de mais de quatro horas, dificuldade em conseguir exames, consultas e até cirurgias já não são problemas apenas da rede pública de saúde, mas também de quem busca atendimento em hospitais particulares, da Bahia. A situação, segundo os empresários do setor, é resultado da alta carga tributária – cerca de 40% da receita – dos estabelecimentos, falta de linhas de crédito e ausência de reajustes nas tabelas do SUS (Sistema Único de Saúde) e dos planos de saúde, que, há nove anos, não sofrem alteração e pagam valores muito baixos por procedimentos de alta complexidade.
A crise financeira dos hospitais particulares e filantrópicos, do estado, foi tema de uma seção especial, na Assembleia Legislativa, ontem, pela manhã. Políticos e gestores dos principais estabelecimentos de saúde, de Salvador e do interior do estado, estiveram presentes para discutir medidas urgentes para conter as deficiências.
“O plano de saúde da Petrobras enviou, recentemente, um comunicado aos hospitais, informando que só libera, para seus segurados, uma visita de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) a cada dois dias, ou seja, quem estiver internado em UTI, só terá direito a três visitas, do médico, por semana”, relatou Marcelo Britto, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), destacando ainda problemas de atrasos e repasses insuficientes para a cobertura de procedimentos custosos, por parte dos convênios. Marcelo Brito relata ainda que “pela realização de uma anatomia patológica – exame que serve para detectar se o paciente tem câncer – o convenio paga aos hospitais cerca de R$ 7”.
O avanço tecnológico do setor médico hospitalar, com equipamentos cada vez mais complexos, requerendo investimentos e manutenção, além dos custos com medicamentos têm onerado as despesas dos hospitais, que por outro lado, ainda têm cerca de 95% dos seus pacientes como beneficiários do SUS ou dos planos de saúde. De acordo com Raimundo Correia, presidente do Sindicato de Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Estado da Bahia (Sindhosba), o estado possui cerca de cinco mil estabelecimentos – entre clínica e hospitais – particulares e filantrópicos e a maioria destes, passam por dificuldades financeiras e têm fechado os últimos anos no vermelho. “O setor que menos recebe investimentos é o da saúde”, disse, destacando um déficit superior a dois mil leitos e 300 leitos de UTI. Diretor e superintendente da COT, o médico Orlando Colavolpe destacou que as pessoas que podem pagar uma consulta particular não representam nem 5% do total de pacientes atendidos em suas unidades. “A carga tributária é um dos maiores problemas dos estabelecimentos, pois representam cerca de 40% da nossa receita”, relata, destacando ainda que uma consulta particular custa em média R$ 200, mas o SUS só repassa, aos estabelecimentos, entre R$ 2,40 e R$ 10 e os convênios cerca de R$ 30.
Preocupados com o provável aumento da demanda em 2014, em razão dos jogos da Copa do Mundo, os empresários do setor exigem as mesmas isenções, que serão oferecidas às construtoras, hotéis e demais empresas, que vão operar direta ou indiretamente durante o evento esportivo. “O caderno da Fifa prevê isenção de impostos para estas empresas, por que não estender os benefícios para os hospitais particulares?”, questiona Correia, lembrando que assim como qualquer outra instituição privada, os hospitais têm custos com o aumento do número de atendimentos. “Nós exercemos um papel que deveria ser do estado, por isso mesmo deveríamos receber maiores incentivos por parte do governo”, reforça.

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