FONTE: *** Alexandre Lyrio (CORREIO DA BAHIA).
A professora de educação infantil e alfabetização J. C., 28 anos, não tinha como calcular que cada passo de dança que deu naquela noite de junho, na casa de shows Malagueta, no Corsário, daria um resultado negativo em sua vida. Ela não imaginou que, ao subir ao palco para participar de uma coreografia em que o vocalista de uma banda de pagode puxa a sua calcinha, seria penalizada com tanto rigor.
A professora de educação infantil e alfabetização J. C., 28 anos, não tinha como calcular que cada passo de dança que deu naquela noite de junho, na casa de shows Malagueta, no Corsário, daria um resultado negativo em sua vida. Ela não imaginou que, ao subir ao palco para participar de uma coreografia em que o vocalista de uma banda de pagode puxa a sua calcinha, seria penalizada com tanto rigor.
Você concorda com a demissão da professora que dançou 'Todo Enfiado'?
Por causa da dança sensual, que vazou na internet, J. foi demitida do cargo de professora da alfabetização do ensino fundamental de uma escola particular. Um dos mais tocados sucessos dos atuais guetos de pagode da cidade, a música 'Todo enfiado', da banda O Troco, embalou a demissão da professora.
Por causa da dança sensual, que vazou na internet, J. foi demitida do cargo de professora da alfabetização do ensino fundamental de uma escola particular. Um dos mais tocados sucessos dos atuais guetos de pagode da cidade, a música 'Todo enfiado', da banda O Troco, embalou a demissão da professora.
O apelo vem da letra e o vocalista Mário Brasil obedece com gosto. Levanta a calcinha de mulheres nádegas acima. Filmada por dezenas de celulares, a imagem de J. caiu na rede no dia seguinte. A professora aparece num vestido curto, com estampa de oncinha, ao lado de mais três jovens, todas realizando a mesma coreografia de dar inveja a qualquer Boquinha da garrafa. “Não tiro a razão da escola porque trabalho com educação infantil. Todo ser humano erra e estou arrependida. Não estava nas minhas condições normais. Consumia álcool”, diz J., que tem uma filha de 7 anos. O CORREIO tentou entrar em contato com dois telefones da escola, mas não obteve sucesso.
Mudança
Ridicularizada no bairro em que morava, São Rafael, J. se mudou para a casa de parentes, na Ribeira. O motivo de sua demissão surpreendeu fãs e integrantes da O Troco. “O que ela faz na vida pessoal, fora do trabalho, é problema dela. Pelo amor de Deus, aquilo é uma brincadeira de palco, não pode prejudicar uma pessoa a esse ponto”, diz o empresário do grupo, Júnior Badega. ”É uma menina de família. Ninguém tem o direito de julgar ela assim” concorda Mário Brasil. “A demissão não tema mínima justificativa”, completa o produtor Cláudio Magrini, lembrando que J. é pedagoga e cursa pós-graduação. Quanto ao vídeo, virou mania na rede. Na terceira semana no ar, contabilizava mais de 90mil acessos noYouTube. Depois, outras filmagens com o mesmo conteúdo foram postadas. Shows na capital e no interior, com mulheres realizando a coreografia, podem ser facilmente encontrados. Mas nenhum bate o recorde da edição em que a professora aparece. Até a noite de ontem, eram 101.504 acessos.
Mulherio fica indócil durante as apresentações.
Criada há um ano, O Troco é uma das bandas de pagode mais solicitadas do momento. Formada por 11 integrantes, faz entre três e quatro apresentações semanais e provoca delírios coletivos por onde passa. Nas exibições do You Tube, aparece em animadíssimos ensaios em cidades como Simões Filho, Valença e Vera Cruz.A música ‘Todo enfiado’, principal responsável pelo recente estouro, foi composta pelo próprio vocalista. Mário Brasil garante que, antes de colocar qualquer mulher no palco, toma o cuidado de confirmar se realmente ela temmais de 18 anos.“A gente pergunta se elas são maiores e podem responder pelos seus atos. Se forem, não vemos por que não fazer a coreografia”, argumenta. Mário ainda revela que o sucesso é solicitado antes mesmo de o show começar, e se não for tocado a banda é repreendida pelo público. “É briga pra subir no palco, amigo. A gente não força ninguém a nada. Elas já vão preparadas. No último show, puxei uma calcinha que tinha uma corrente de metal no fundo. A corrente quebrou e a menina ficou sem nada por baixo”, diz o cantor.
Malagueta é pagode na veia.
O lugar tem nome de pimenta. E não é de cheiro. Localizado na Avenida Octávio Mangabeira, na altura da Praia do Corsário, o Malagueta é considerado um dos grandes centros de pagode da cidade. O lugar sempre abrigou os amantes do ritmo desde os tempos em que ainda se chamava Mamagaya, e serviu para impulsionar as carreiras de dezenas de bandas de pagode. No local, se apresentaram grupos como Parangolé e Pagodart, além dos mais antigos Terra Samba e Harmonia do Samba. Os ensaios costumam lotar a casa, que normalmente cobra R$ 10 de entrada. O Troco, porém, não se apresenta mais ali desde o mês passado. A banda cresceu demais para o tamanho do Malagueta. Hoje, o grupo se apresenta todas as sextas, no Píer 41 da Marina da Penha, na Ribeira.
*** Notícia publicada na edição impressa de 27/08/2009 do CORREIO.
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