Entidades ligadas ao comércio, como a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) questionam a falha na segurança dos shoppings centers de Salvador.Para os lojistas, o alto custo dos aluguéis que podem chegar a R$ 12 mil por loja não tem garantido o cumprimento dos itens formalizados no contrato, a exemplo da segurança que foi uma das motivações para o crescimento do tipo de empreendimento nas últimas décadas. Com o registro de crimes dentro dos shoppings, os comerciantes temem uma redução no número de clientes nesses estabelecimentos.
“Nós, enquanto associação de lojistas - cobramos as administradoras o cumprimento de questões que estão no contrato, como conforto, estacionamento, higiene e segurança. Há de convir que ao pagarmos um condomínio caro, temos a certeza que todas essas exigências estarão garantidas”, enfatiza o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Antonie Tawil.
Segundo ele, a segurança é sempre uma questão debatida com as administradoras de shopping da cidade.
“O shopping está dentro do contexto da cidade, portanto, ele não pode ser visto de forma separada. É preciso haver um entendimento entre o poder público e a iniciativa privada e acho que nesse esforço as duas estão falhando”, ressalta, lembrando que o comércio se intensificou nos shoppings porque o público também foi em busca de mais segurança.
A última característica citada que descreve o shopping center tem sido contestada, com o crescimento dos crimes dentro desses estabelecimentos, conhecidos como “impérios do consumo”.
A questão veio à tona com os últimos acontecimentos que envolveram o Shopping Iguatemi, considerado o mais popular da cidade. Pelo local passam diariamente pelo menos 120 mil pessoas. Para a maioria dos frequentadores já não existe mais o sentimento de segurança ao entrar nesses lugares. “Há algum tempo tenho tido mais cuidado. Só vou naqueles que noto uma maior quantidade de seguranças. Fui alertada por um amigo sobre as ocorrências em um grande shopping e desde então redobrei a minha atenção. Depois do crime que começou no estacionamento e foi divulgado pela mídia, senti muito mais medo”, conta a estudante universitária, Juliana Silva Santana, 27 anos.
De acordo com alguns empresários os fatos lembram a situação do Aeroclube, grande espaço de entretenimento que iniciou sua fase de decadência com os registros de violência no local.
“Assim começou a queda de movimentação do Aeroclube, que até hoje não conseguiu se reerguer”, cita o lojista de um grande centro comercial, Luiz Antonio Soares. “É preciso cobrar melhorias nesse sentido, pois isso pode afastar um perfil da clientela que é mais cautelosa e exigente”, ressalta um comerciante.
Para o consultor empresarial, Josias França Filho, esses problemas atingem a imagem da empresa no mercado e é preciso habilidade e boa comunicação para resolver. “As pessoas podem começar a se sentirem inseguras e deixarem de ir ao local, principalmente quando se tem um grande concorrente próximo. Nesse caso, é necessário mostrar para a sociedade os outros benefícios do empreendimento, o trabalho social que executa, enfim, se comunicar com o público através da imprensa”, diz ele que há 18 anos trabalha com Planejamento estratégico e Gestão Organizacional.
Conforme o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado da Bahia (Sindesp-BA), Uzel Duplat, a maioria dos shoppings brasileiros apresentam número insuficientes de seguranças. “Não conheço o esquema de segurança dos shoppings de Salvador, mas posso afirmar que faltam mais vigilantes. É preciso que haja sempre uma revisão do plano de segurança estabelecido e uma adequação as necessidades”, afirma, lembrando que os estabelecimentos aumentam de tamanho e de frequentadores, o que traz como consequências novas circunstâncias e necessidades.
Segundo ele, cada estabelecimento comercial ou empresa determina o tipo de segurança que deseja. “Em alguns há monitoração das câmeras de filmagem durante 24 horas, em outros ocorre apenas a gravação que depois será avaliada. A operação de segurança de cada local é relativa”, explica.
Ainda de acordo com Duplat, é preciso que os estabelecimentos, a exemplo dos shoppings centers absorvam os sistemas de segurança, como investimentos e não como despesas. “Com isso, o recomendável é de que sejam empresas de segurança regulamentadas. Os riscos ao contratar esses clandestinos é muito grande, pois muitas vezes são pessoas despreparadas, com armas ilegais, sem registro e oferecem problemas trabalhistas”, enfatiza.
A assessoria de comunicação do shopping Iguatemi informa que o empreendimento tem uma comissão de segurança formada por lojistas, funcionários do setor administrativo e da segurança que se reúnem semanalmente com o objetivo de discutirem questões ligadas ao assunto. Além disso, a assessoria destaca que em vista dos últimos acontecimentos o plano de segurança do estabelecimento está sendo aperfeiçoado, com a adoção de algumas medidas que já estão sendo colocadas em prática.
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