quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

CAMPANHA COMBATE O PRECONCEITO CONTRA AIDS...

FONTE: Lílian Machado (TRIBUNA DA BAHIA).
João, Maria, José, Antonia e João. Todos (nomes fictícios) são baianos de várias idades e histórias de vida, mas com uma questão em comum: são portadores de HIV. Todos eles adquiriram o vírus da Aids da mesma forma: não fizeram uso de preservativos e, agora, dependentes dos medicamentos antirretrovirais, enfrentam o medo e o preconceito. Na Bahia são 11.100 casos registrados de pessoas com o vírus. Ontem, Dia Mundial de Luta contra a Aids, campanhas realizadas na capital baiana alertaram para necessidade do sexo seguro e para a convivência de forma saudável com o HIV. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) levou para as ruas o lema: “Viver com Aids é possível. Com preconceito não”.
Ausência de informação, medo de fazer o teste e preconceito. Essas são ainda algumas das questões que dificultam o controle da epidemia Aids no país. Com simplicidade e curto sorriso, M. S, 38 anos, casada, mãe de um filho de 12 anos, contou que por ter aprendido a se cuidar e a conviver normalmente com o vírus, muitas vezes ela até esquece da doença, mas o preconceito e as limitações sociais é o que a fazem lembrar todos os dias da epidemia que tem hoje 33,4 milhões de vítimas no mundo.
Vestindo uma camiseta que exibia a fita vermelha - símbolo da luta contra a Aids-, a soropositiva participou ontem das atividades promovidas pela Sesab no Dique do Tororó. “Até hoje eu e meu marido não temos certeza de como contraímos, mas o tempo inteiro lutamos pela vida. Tomamos o coquetel todos os dias e seguimos uma vida normal, criando nosso filho que, para nossa felicidade, não contraiu o vírus. Nossa família sabe e nos dá a maior assistência. Mas, no lugar onde moramos ninguém sabe, pois temos muito medo do preconceito. As pessoas ainda ignoram muito que têm o vírus”, relatou, aconselhando a todas as pessoas a fazerem o teste. “O quanto antes se descobre, maiores são as chances de tratamento e de uma vida normal”, acrescentou a dona de casa que convive com o vírus há dez anos. “Estamos chamando à população para que ela procure se orientar e fazer o teste. Além disso, incentivamos também a necessidade de se respeitar as pessoas que têm o vírus. Elas não podem ficar excluídas do convívio social”, disse a coordenadora do Programa Estadual DST-AIDS, Maricélia Macedo.
Participaram da atividade no Dique, o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, o coordenador de Direitos Humanos do Fênix – grupo gay de Pojuca-, Alessandro Monte, e a presidente da Associação de Travestis de Salvador, Keila Simpson.
ATO SIMBÓLICO.
O Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Bahia (Gapa-BA) também realizou um ato simbólico pelo Dia Mundial de Combate à Aids. O ato conhecido como “quilt”, que do inglês significa “colcha”, aconteceu no Farol da Barra.
A ação consiste em tecer uma colcha de retalhos composta por vários painéis contendo pinturas, gravuras, palavras, apliques e bordados que expressam, de forma simbólica, as diversas interfaces e sentidos da epidemia de HIV/Aids. Cada retalho contou uma história, abordando um aspecto da epidemia, e a união deles formou uma grande “colcha de retalhos”. O ato permitiu aos observadores fazer várias leituras das diversas faces que compõem o cenário da Aids no Brasil e no mundo.
Como forma de integrar a população, recortes de tecido em branco foram colocados à disposição das pessoas que quisessem colocar a sua mensagem ou até mesmo homenagear pessoas queridas que se infectaram ou morreram em conseqüência do HIV/Aids. “A colcha de retalhos traz uma leitura atual da epidemia de HIV/AIDS. Epidemia esta que atravessa lares, famílias, escolas e locais de trabalho ”, disse um dos coordenadores.
Em junho de 1987, um pequeno grupo de estrangeiros se reuniu em San Francisco para documentar as vidas negligenciadas por conta da Aids. O objetivo era criar um memorial para aqueles que tinham morrido de AIDS e ajudar as pessoas a compreenderem o impacto devastador da doença. Esta reunião de amigos e parentes de vítimas da AIDS serviu como base para o projeto que veio a se chamar “Memorial Quilt”.
Ativista dos direitos dos homossexuais em São Francisco - EUA -, Cleve Jones ajudou a organizar a marcha à luz de velas. Ele pediu a cada um de seus colegas para escrever em cartazes os nomes de amigos e entes queridos que tinham morrido de AIDS. No final da marcha, Jones e seus amigos colaram estes cartazes nas paredes do San Francisco Federal Building. A parede de nomes parecia uma colcha de retalhos. Inspirados por essa visão, Jones e seus colegas fizeram planos para um memorial maior. Pouco mais de um ano depois, ele criou o primeiro painel para o Memorial AIDS Quilt em memória de seu amigo Marvin Feldman.

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