quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

EM BUSCA DO NATAL...

FONTE: Cristiane Flores (TRIBUNA DA BAHIA).

Uma situação que se repete há pelo menos dois anos: uma multidão se posta desde as primeiras horas da madrugada na escadaria que liga a Rua Djalma Dutra a Nazaré, à espera da abertura do Cias (Centro de Integração e Atendimento Social) da Prefeitura Municipal de Salvador, que recadastra os beneficiados do programa Bolsa Família. Sob sol escaldante ou chuva, sendo que muitas mães ainda trazem bebês de colo, essa gente amarga uma espera de longas horas para ter direito a um benefício que, no final das contas, serve mesmo para comprar um botijão de gás ou alguns poucos quilos de feijão e arroz, conforme dizem alguns entrevistados.
Às vésperas do Natal é grande a procura nos postos de atendimento para regularizar a situação do Bolsa Família, programa do Governo Federal através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que beneficia as famílias em situação de pobreza existentes no País. Em Salvador, apesar da grande procura no posto da Djalma Dutra, o secretário Antônio Brito, da Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad), explica que existem postos em outros bairros para realizar o recadastramento. Entretanto, muitas pessoas não sabem dessa informação.
Zélia da Silva, diarista, afirma que está há dois anos sem receber por não saber onde poderia realizar o recadastramento. “Fiquei esse tempo todo sem vir até aqui por causa dessa fila enorme, debaixo desse calor todo, tudo bem que é um dinheiro que o governo dá. Mas deveriam arranjar outro lugar que não fosse tão ruim como aqui nessas escadas. Só vim hoje porque realmente estou precisando desse dinheirinho para ajudar nas festas, tive que faltar trabalho para vim até aqui hoje”, contou.
FUNCIONÁRIOS TRATAM “MUITO MAL”.
Jurandir Santana, vendedor autônomo, se queixa do atendimento. “Estou aqui para acompanhar minha filha que está grávida e minha esposa, chegamos cinco horas da manhã, entrei no posto para me informar, a funcionária me tratou muito mal, além de não esclarecer sobre a informação que eu desejava. Fico indignado com este tratamento, não é porque recebemos este benefício que seremos obrigados a ser tratados como indigente, isso é um absurdo”, desabafou Jurandir.Sobre o que iria fazer com o benefício a servente Joselita Bastos, respondeu:
“Que ceia de Natal que nada este dinheiro é para comprar gás e pagar a luz, acho um desrespeito fazer isso em plena véspera de Natal, colocar a gente debaixo deste sol, subindo e descendo estas escadas, eu cheguei aqui seis horas, porque arrumei um trabalho temporário em Dias D`Ávila, saí de lá escuro ainda e estou quase no final da fila, sabe Deus que horas vou ser atendida“, retrucou.
Apesar das queixas, o secretário, explica que desde que assumiu a gestão sua prioridade tem sido descentralizar o atendimento e não há razão para as filas. “Nosso principal objetivo desde que eu assumi a gestão é a descentralização a do atendimento dos Postos do Bolsa Família para os bairros, através dos Cras - Centro de Referência da Assistência Social. Portanto não há necessidade de todos os beneficiados pelo programa irem para a Central de Informação e Atendimento Social (Cias), na Djalma Dutra. Inclusive utilizamos televisão e rádio para informar os outros postos que realizam o atendimento”, informou Antonio Brito.

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