FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNA DA BAHIA).
Pode parecer ingratidão, sacanagem, falta de educação e principalmente civilidade, mas não gosto muito de cartão eletrônico, este enviado via e-mail, que hoje todo mundo manda, até eu, claro. Falar a verdade eu nem olho direito para as mensagens. Embora venham com musiquinhas, coloridos e cheios de bossa, para mim passa batido. Fico com a sensação que mandaram para mim porque estou numa lista geral. Não que lembraram de mim. Pode parecer carência afetiva, pode ser, mas insisto: não gosto de cartão de Natal de internet.
Fica a sensação que faltou inspiração, que a mensagem é pasteurizada, que existe um certo distanciamento; que a pessoa que mandou não tem a afinidade certa para com quem recebe a “homenagem”. O cartão parece estar tão distante, quanto os quilômetros virtuais que separam o missivista e o destinatário final.
Nunca soube o porquê de se dizer destinatário final, uma vez que se envio uma carta para B, claro que é para B e não para C, o que destinatário final implica que haveria um destinatário intermediário, daí que não seria uma carta de A para B e sim uma mensagem de A para todos. Assim como acontece com os e-mails que você pode enviar de A para B ou de A para todos, sendo que todos podem estar ocultos, e um não fica sabendo que outros receberam a mesma mensagem pois só aparece o nome de quem abre o e-mail.
Entendeu? Nem eu, mas fica assim mesmo, pois se trata de uma hipérbole e é onde quero chegar, pois, quem me garante que eu estou recebendo com meu nome e tudo um cartão de Natal enviado para meu e-mail, como se fosse só para mim, mas que na verdade foi mandado para toda uma rede de destinatários ocultos? Eu recebo, mas um milhão de outras pessoas estão recebendo o mesmo cartão, o que é algo impessoal e imperdoável, como se fosse uma obrigação que o remetente teve de enviar, apenas para não ficar chato não ter enviado.
Gosto mesmo é de cartão de Natal de papel, mesmo que tenha sido pintado à mão e recortado (estes são melhores que os impressos e vendidos a rodo na Livraria Civilização Brasileira ou nas bancas dos milhares de camelôs que pululam na avenida Sete de Setembro ou na Estação da Lapa). Quero ter a sensação que foi comprado pensando em mim, por parecer a minha cara; e gosto por demais de ver a letra – muitas das vezes tão ruim que fica difícil entender ou interpretar – e que significa que na hora que a mensagem estava sendo escrita a pessoa estava pensando em mim. Mesmo que com pressa.
Ano passado me mandaram uma linda mensagem de Natal via e-mail. Piscante, all color, cantante. Uma lindeza só. Reenviei mensagem de volta agradecendo e apareceu um reply, que vem a ser mensagem automática. Uma semana depois encontrei a pessoa e agradeci pessoalmente e ele foi sincero: - Foi mesmo? Vou dar uma olhada, pois todo ano minha secretária escolhe uns cartões que são um horror. Liguei para a secretária e agradeci.
Sinceramente, quero meu cartão em papel, com selo do Correio e tudo. Feliz Natal.
Pode parecer ingratidão, sacanagem, falta de educação e principalmente civilidade, mas não gosto muito de cartão eletrônico, este enviado via e-mail, que hoje todo mundo manda, até eu, claro. Falar a verdade eu nem olho direito para as mensagens. Embora venham com musiquinhas, coloridos e cheios de bossa, para mim passa batido. Fico com a sensação que mandaram para mim porque estou numa lista geral. Não que lembraram de mim. Pode parecer carência afetiva, pode ser, mas insisto: não gosto de cartão de Natal de internet.
Fica a sensação que faltou inspiração, que a mensagem é pasteurizada, que existe um certo distanciamento; que a pessoa que mandou não tem a afinidade certa para com quem recebe a “homenagem”. O cartão parece estar tão distante, quanto os quilômetros virtuais que separam o missivista e o destinatário final.
Nunca soube o porquê de se dizer destinatário final, uma vez que se envio uma carta para B, claro que é para B e não para C, o que destinatário final implica que haveria um destinatário intermediário, daí que não seria uma carta de A para B e sim uma mensagem de A para todos. Assim como acontece com os e-mails que você pode enviar de A para B ou de A para todos, sendo que todos podem estar ocultos, e um não fica sabendo que outros receberam a mesma mensagem pois só aparece o nome de quem abre o e-mail.
Entendeu? Nem eu, mas fica assim mesmo, pois se trata de uma hipérbole e é onde quero chegar, pois, quem me garante que eu estou recebendo com meu nome e tudo um cartão de Natal enviado para meu e-mail, como se fosse só para mim, mas que na verdade foi mandado para toda uma rede de destinatários ocultos? Eu recebo, mas um milhão de outras pessoas estão recebendo o mesmo cartão, o que é algo impessoal e imperdoável, como se fosse uma obrigação que o remetente teve de enviar, apenas para não ficar chato não ter enviado.
Gosto mesmo é de cartão de Natal de papel, mesmo que tenha sido pintado à mão e recortado (estes são melhores que os impressos e vendidos a rodo na Livraria Civilização Brasileira ou nas bancas dos milhares de camelôs que pululam na avenida Sete de Setembro ou na Estação da Lapa). Quero ter a sensação que foi comprado pensando em mim, por parecer a minha cara; e gosto por demais de ver a letra – muitas das vezes tão ruim que fica difícil entender ou interpretar – e que significa que na hora que a mensagem estava sendo escrita a pessoa estava pensando em mim. Mesmo que com pressa.
Ano passado me mandaram uma linda mensagem de Natal via e-mail. Piscante, all color, cantante. Uma lindeza só. Reenviei mensagem de volta agradecendo e apareceu um reply, que vem a ser mensagem automática. Uma semana depois encontrei a pessoa e agradeci pessoalmente e ele foi sincero: - Foi mesmo? Vou dar uma olhada, pois todo ano minha secretária escolhe uns cartões que são um horror. Liguei para a secretária e agradeci.
Sinceramente, quero meu cartão em papel, com selo do Correio e tudo. Feliz Natal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário