terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ALENCAR, MINAS E BAHIA...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Está em pleno curso uma manobra política de grande envergadura, visando às eleições presidenciais e com repercussões prováveis nas eleições de governador de pelo menos dois Estados de grande importância: Minas Gerais – segundo maior colégio eleitoral do país – e Bahia. O núcleo da manobra está situado em Minas Gerais.
Ali, o governador tucano Aécio Neves, com os mais elevados índices de avaliação, durante os sete anos de mandato que já cumpriu, declara-se candidato a senador e publicamente descarta figurar como candidato a vice na chapa do governador José Serra, candidato tucano a presidente. Está decidido a jogar seu prestígio para eleger governador de Minas o seu vice, Antonio Anastasia.
Mas Aécio Neves sofre uma forte pressão de seu partido e de alguns outros setores para aceitar esse risco, de modo a reforçar a principal chapa da oposição. Assim, seria formada uma chapa integrada pelos governadores dos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, capaz de neutralizar ou até superar a grande vantagem que Lula tem no Nordeste por seu prestígio pessoal e pelos aliados, para benefício da candidata governista Dilma Rousseff, do PT.
Ocorre que Lula é muito esperto. Acaba de escalar o atual vice-presidente da República, José Alencar – 81 anos, um câncer em estágio avançado no intestino, 12 cirurgias e ausência, até aqui, de resolução do problema –, que é um grande empresário mineiro, para governador de Minas. Quer unir a base aliada em Minas e tentar contrabalançar a força de Aécio, principalmente se este acabar aceitando ser vice de Serra. E – é até uma ironia – a entrada de Alencar na equação pode levar Aécio a tentar se fortalecer concorrendo a vice-presidente, apesar do natural risco que isto representa.
O primeiro objetivo, unir sua base em Minas, parace facilmente alcançável. Os dois aspirantes petistas ao governo mineiro – o ministro de Desenvolvimento Social e ex-prefeito Patrus Ananias e o ex-prefeito Fernando Pimentel – estão resignados a desistir para apoiar Alencar. O senador e ministro das Comunicações, Hélio Costa, do PMDB, disse que só abre mão para Alencar. Pronto, sendo Alencar o candidato, a base estará pacificada e Aécio terá um imenso problema, pois Alencar conquistou a simpatia geral no país, imagine-se em Minas. E Antonio Anastasia, o candidato de Aécio ao governo, está para Aécio assim como Dilma está para Lula.
Mas, e a Bahia? A Bahia entraria na desistência do peemedebista Hélio Costa. Abrindo mão, em consequência de uma manobra direta de Lula, de disputar, com Hélio Costa, o governo mineiro, o PMDB ganharia um poderoso elemento para cobrar do presidente uma compensação. Não seria a desistência de Jaques Wagner disputar a eleição, claro, mas o PMDB poderia pedir tratamento absolutamente igual do governo ao candidato petista e ao peemedebista, sem qualquer favorecimento a este e absoluto respeito à estratégia do peemedebista Geddel Vieira Lima. Em síntese: perfeito equilíbrio dos dois pratos da balança governista na Bahia.
O que já começaria com a confirmação de João Santana como secretário executivo do Ministério da Integração Nacional, quando, no início de abril, Geddel deixar o cargo para manter as condições legais de disputar as eleições de outubro.

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