FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNA DA BAHIA).
Ladeira da Barra: edifícios em profusão. Quase no alto, um casarão antigo resiste precisando de alguns reparos. E no seu quintal um galo de campina teima em achar que se encontra, bucólico, no esplendor da natureza. Ele, com certeza, é o único no triângulo Vitória, Barra e Graça. E segue sua vocação de madrugador, marcando as horas cheias e as quebradas.
A Igreja da Vitória chama para a missa da manhã; não tão cedo que incomode aos ateus e agnósticos dorminhocos. O galo, não. O galo já passou a ser conhecido como Pavarotti. Canta alto. Tão forte que pode ser ouvido à distância. Em sua sanha de despertador, em seu delírio campestre, ele acorda todo mundo nos apartamentos ao redor, como chamando para a labuta, colheita, plantio, a ordenha ou o aboio. Ele acha que está numa fazenda.
O galo é mesmo doido e começa o seu cantar às três horas da manhã. Quem foi dormir com as galinhas tem de acordar. O poeta que verseja na madrugada não dorme mais. A jovem mãe que dá a última mamada fica em claro. O notívago aproveita e já une a madrugada com o alvorecer. Quem sai cedo para trabalhar vai sonolento. E o galo não descansa nem nos finais de semana.
Os vizinhos já tentaram de tudo. Falaram com a dona que com toda sabedoria disse que “não posso amordaçar o galo. Galo foi feito para cantar”. Já tentaram comprar o galo e doar para o Jardim Zoológico. Uns e outros acham melhor fazer ao molho pardo, mas alguém lembrou que carne de galo é muito dura. Demora duas horas para cozinhar e não pega tempero.
Outros, no desespero de ouvir o galo cantando noite e dia, tentaram fisgar o galináceo com anzol por cima do muro, Já jogaram até praga. O galo é ruim dos miolos, mas não é besta e se esquiva sempre. Alguém assegurou que vai torcer seu pescoço e outro lembrou da Associação Protetora dos Animais.
É isso. Salvador é cosmopolita, metropolitana, globalizada, mas de vez em quando encontramos vacas mugindo na Paralela, cavaleiros nas praias e sucuris jiboiando ao sol. O galo - falar a verdade - é dos males o menor nesta eterna província.
Ladeira da Barra: edifícios em profusão. Quase no alto, um casarão antigo resiste precisando de alguns reparos. E no seu quintal um galo de campina teima em achar que se encontra, bucólico, no esplendor da natureza. Ele, com certeza, é o único no triângulo Vitória, Barra e Graça. E segue sua vocação de madrugador, marcando as horas cheias e as quebradas.
A Igreja da Vitória chama para a missa da manhã; não tão cedo que incomode aos ateus e agnósticos dorminhocos. O galo, não. O galo já passou a ser conhecido como Pavarotti. Canta alto. Tão forte que pode ser ouvido à distância. Em sua sanha de despertador, em seu delírio campestre, ele acorda todo mundo nos apartamentos ao redor, como chamando para a labuta, colheita, plantio, a ordenha ou o aboio. Ele acha que está numa fazenda.
O galo é mesmo doido e começa o seu cantar às três horas da manhã. Quem foi dormir com as galinhas tem de acordar. O poeta que verseja na madrugada não dorme mais. A jovem mãe que dá a última mamada fica em claro. O notívago aproveita e já une a madrugada com o alvorecer. Quem sai cedo para trabalhar vai sonolento. E o galo não descansa nem nos finais de semana.
Os vizinhos já tentaram de tudo. Falaram com a dona que com toda sabedoria disse que “não posso amordaçar o galo. Galo foi feito para cantar”. Já tentaram comprar o galo e doar para o Jardim Zoológico. Uns e outros acham melhor fazer ao molho pardo, mas alguém lembrou que carne de galo é muito dura. Demora duas horas para cozinhar e não pega tempero.
Outros, no desespero de ouvir o galo cantando noite e dia, tentaram fisgar o galináceo com anzol por cima do muro, Já jogaram até praga. O galo é ruim dos miolos, mas não é besta e se esquiva sempre. Alguém assegurou que vai torcer seu pescoço e outro lembrou da Associação Protetora dos Animais.
É isso. Salvador é cosmopolita, metropolitana, globalizada, mas de vez em quando encontramos vacas mugindo na Paralela, cavaleiros nas praias e sucuris jiboiando ao sol. O galo - falar a verdade - é dos males o menor nesta eterna província.
Nenhum comentário:
Postar um comentário