FONTE: Rodrigo Lago, TRIBUNA DA BAHIA.
A falta de leitos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) é um problema que atinge a maioria dos hospitais brasileiros, seja ele publico ou particular, e isso não é novidade para ninguém. Muitas vidas (o mesmo que números para algumas pessoas) se perdem por não conseguirem habitar uma vaga nessas unidades, consideradas por muitos a última tentativa de sobrevivência.
O problema fica ainda maior, no entanto, de perto, quando os números se transformam em parentes, sejam eles pais, mães e filhos.
“Meu filho, é um sofrimento e tanto que já dura seis dias. Já nem sinto mais o chão com tanta aflição. Ela precisa muito de uma UTI para continuar viva, os profissionais estão fazendo de tudo para tratar ela da melhor forma possível, lá mesmo na sala de triagem, mas não tem jeito, tem que esperar uma vaga”, disse angustiada, com os olhos cheios de lágrimas, uma das filhas da dona de casa Teresinha Alves Souza, 73 anos, internada no Hospital Geral do Estado.
De acordo com os familiares, Teresinha teve um infarto na última quarta-feira (15) e logo em seguida um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
“Levamos ela imediatamente para a unidade de emergência no bairro do Marback. Na quinta-feira ela foi encaminhada para o Hospital Geral com o objetivo de fazer um exame de tomografia.
Pedimos insistentemente que ela não retornasse para o Marback, esperasse no HGE onde teria mais cuidados médicos.
Ela então foi internada e está sendo muito assistida, mas os médicos já disseram que é preciso um UTI. Tenho medo de ela morrer nessa espera”, explicou Tânia Cerqueira, uma das filhas da dona Teresinha. Na sala da Regulação, no HGE, funcionários disseram ontem a tarde que não havia previsão de transferência de Teresinha para uma UTI.
Em toda a federação brasileira, de acordo com inúmeros relatos de médicos, a situação é séria e o problema se complica cada vez mais. Não importa se as pessoas são das classes A, B ou C.
“A situação é grave. Tentamos compensar da melhor maneira possível”, disse a reportagem um médico que não quis se identificar. Ele relatou ainda que, muitas vezes, os profissionais de saúde optam pela situação de saúde dos pacientes, ou seja, a pessoa que tem maiores chances de sair com vida da UTI.
LEITOS MAL DISTRIBUÍDOS.
O Censo de 2009 da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que reúne médicos das UTIs, aponta que 51,9% dos estados brasileiros têm uma quantidade de leitos aquém da necessidade, considerando os disponíveis nas redes pública e privada.
O Censo de 2009 da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que reúne médicos das UTIs, aponta que 51,9% dos estados brasileiros têm uma quantidade de leitos aquém da necessidade, considerando os disponíveis nas redes pública e privada.
O Ministério da Saúde contesta a análise e utiliza critérios diferentes, mas também aponta má distribuição dos leitos e situação preocupante nos três estados.
De acordo com o Ministério da Saúde, a ocupação média dos leitos de UTI no País, a necessidade mínima é de 0,73 vagas por 10 mil habitantes e não 1 leito por 10 mil. Com isso só ficam em situação abaixo do ideal os estados do Maranhão (0,59 vagas/10 mil habitantes), Acre (0,52/10 mil) e Roraima (0,55/10 mil).
A falta de profissionais habilitados para trabalhar nas unidades é considerada a dificuldade mais grave das UTIs brasileiras. Além da ausência de verbas para sua manutenção, problemas de gestão e desorganização da gestão das vagas. O Norte e o Nordeste do país têm a pior situação de leitos por habitante.
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