FONTE: Agência Brasil, CORREIO DA BAHIA.
Apesar da queda global generalizada nas taxas de
mortalidade pela doença, entre 2006 e 2010, as mortes em decorrência da aids
aumentaram em 98 países.
O comportamento da contaminação da aids está mudando no
mundo, exigindo mais atenção e investimentos em países que há alguns anos
registravam baixos índices e passaram a apresentar níveis epidêmicos. A
informação faz parte do estudo O Peso do HIV: Percepções a partir do Estudo
Global sobre o Peso de Doenças 2010, do Instituto de Métricas e Avaliação da
Saúde (IHME, sigla em inglês), da Universidade de Washington.
Apesar da queda
global generalizada nas taxas de mortalidade pela doença, entre 2006 e 2010, as
mortes em decorrência da aids aumentaram em 98 países. O estudo mostra que a
contaminação pelo vírus cresceu principalmente em nações que não tinham sido
afetadas pela epidemia em décadas anteriores. O HIV é a principal causa do
surgimento de doença em 21 países, concentrados em quatro regiões: África
Oriental e Austral, África Central, Caribe e Sudeste Asiático.
De acordo com a pesquisa, em quatro dos 17 países da
América Latina (Colômbia, Honduras, Panamá e Venezuela), a aids aparece como
uma das dez principais causas de doenças incapacitantes e em outros sete países,
está no ranking das 25 principais causas de
enfermidades, como a Bolívia, o Brasil, Equador, a Guatemala, o Paraguai e
Peru.
O estudo
enfatiza que apesar dos progressos em políticas públicas no combate à
mortalidade, a doença continua a ser uma das principais causas de perda de
saúde, especialmente para pessoas com idades entre 25 e 45 anos.
A pesquisa
considera como perda de saúde a relação entre os anos de vida perdidos por
morte prematura e anos vividos com incapacidade por pessoas com o vírus da aids,
o que permite comparações entre diferentes populações e condições de saúde.
Em 2010, 20% da
perda de saúde devido ao HIV foram registrados em países onde o vírus não
estava entre as dez principais causas de doenças. Em 2005, esse percentual era
15,5%. De acordo com o documento, a Venezuela está entre os países
latino-americanos mais afetados pelo HIV. A doença foi responsável por 3,6% do
surgimento de casos de outras enfermidades em 2010 no país.
“Houve uma redução no mundo da mortalidade por aids, que
ainda é, no entanto, a principal responsável por doenças incapacitantes em 21
países – a maioria desses, africanos – mas também em locais como a Tailândia e
diversos países do Caribe. Acredito que foi surpreendente ter tantos países
afetados dessa forma pela aids na América Latina”, disse a pesquisadora do IHME
e líder do estudo, Katrina Ortblad, à Agência
Brasil.
“A principal
mensagem do estudo é que o vírus HIV não desapareceu. Apesar de avanços, com
esforços governamentais e mudança de comportamento da população, a aids é a
quinta principal causa de doenças em todo o mundo, considerando tanto as mortes
quanto os anos de incapacidade prematura”, acrescentou.
Apesar de ainda
registrar taxas elevadas de contaminação, o Brasil e o México estão em uma
tendência de queda acentuada, com redução da mortalidade em 45,3 % e 69,2 %,
respectivamente, do ano de pico até 2010. De acordo com o instituto
norte-americano, o Brasil atingiu o auge de contaminação em 1996, e o México em
1998.
“O Brasil tem
feito grandes progressos no combate ao HIV, comparando com outros países
latino-americanos a redução dos níveis de mortalidade é impressionante. Nós
também comparamos os avanços do Brasil com os demais países do Brics, como
China, Rússia e Índia”, destacou a pesquisadora.
Em 15 dos 17
países latino-americanos, a tendência é queda de mortalidade por aids. Chile e
Guatemala são as exceções. Nesses países, as mortes pela doença ainda estão
crescendo.
Na Argentina,
embora a taxa de mortalidade tenha atingido o pico há 12 anos, a doença foi a
sexta maior causa de problemas de saúde de homens e mulheres na faixa etária de
35 a 39 anos em 2010, aumento de 490% desde 1990.
Embora o estudo
tenha detectado a alta de contaminação da doença em países da América Latina,
ele não explica os motivos do aumento.
O estudo
descreve avanços no cenário global da aids. Ao atingir o ápice mundial de
contaminações em 2006, a doença está diminuindo a uma taxa média anual de
4,17%. Segundo a pesquisa, o bom resultado no combate pode ser atribuído ao financiamento
global e à consciência política.
No entanto, a
doença continua a ser uma ameaça à saúde na África, no Caribe e na Tailândia. O
instituto estima que em 2012 ocorreram mortes em decorrência do vírus em 186
países.
A pesquisa faz
parte de um projeto colaborativo de cerca de 500 pesquisadores de 50 países
liderados pelo IHME, da Universidade de Washington. De acordo com o instituto,
trata-se de um esforço científico sistemático para quantificar os níveis e as
tendências de perda de saúde devido a doenças, ferimentos e fatores de risco.
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