FONTE: Raquel Paulino - especial para o iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Os benefícios da boa autoestima
infantil são muitos. A psicóloga Katia de Paiva Accurso, especializada
em psicoterapia e psicodinâmica infantil pela Universidade Mackenzie, lista
alguns: “As crianças desenvolvem-se plenamente, com alegria de viver,
explorando o que encontrarem pelo caminho. Lidam melhor com as frustrações, que
são inevitáveis em nossas vidas. Aprendem mais na escola, pois não
temem demonstrar dificuldades e dúvidas. Se permitem ser criativas, já que não
se prendem a modelos. Serão mais independentes, uma vez que sabem que são
amadas pelos pais onde quer que estejam”.
A psicóloga clínica especializada em
crianças pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ana Paula
Miessi concorda. “A autoestima consolidada na infância forma adolescentes mais
tranquilos, que conseguem enxergar os dilemas típicos da idade com mais clareza
e lidar melhor com eles”, diz.
O problema é quando a educação dada pelos pais, por autoritarismo ou por falta de conhecimento sobre o assunto, não ajuda as crianças a construírem uma base de confiança para a vida. Quando a criação é baseada em frases que diminuem os filhos ou os fazem se sentir inseguros na maior parte do tempo (confira na galeria de fotos acima), as chances de a adolescência e a vida adulta serem mais complicadas são bem maiores.
Veja quais são essas frases:
"Por que você não é igual ao seu irmão?" (Amigo, vizinho, Primo) - Cada criança é única e compará-la a outra promoverá ciúmes e rivalidade com quem poderia ser uma influência positiva.
"Você é terrível
mesmo, não tem jeito!" - Essa
frase é um reforço para comportamentos inadequados.
"Eu vou embora se
você não parar com essa birra" - Sempre é melhor reforçar que a família tem regras que
devem ser seguidas e que não serão quebradas por uma birra inadequada.
"Que feio você é por
ter feito isso!" - O
melhor é explicar por que algo não deve ser feito sem envolver a aparência
física nisso.
"Se você fizer isso
errado, vou contar para seu pai/sua mãe" - Os pais devem agir em conjunto para o filho se sentir
seguro e próximo dos dois.
"Você é muito
mentiroso!" - Quando
quiser saber se o que seu filho fala é verdade ou não, pergunte se vocês estão
brincando de realidade ou de imaginação.
"Você só sabe mentir
mesmo" - Ouvir
que é mentirosa pode fazer com que a criança sinta necessidade de se calar de
uma vez por todas, encerrando a comunicação familiar.
"Que notas ruins,
como você é burro" - Estudar
junto com seu filho em casa, incluindo aulas de reforço nas atividades
extracurriculares, pode ser uma boa maneira de ajudá-lo a melhorar as notas.
"Nota baixa de novo?
Você é burro mesmo!" - Explique que é importante se dedicar aos estudos e afirme
que a criança pode fazer melhor no próximo bimestre.
"Você será sempre o
bebê da mamãe/do papai" - Essa frase passa a impressão de que a criança não terá a capacidade de ser
adulta um dia.
"Deixe que eu faça,
você está fazendo tudo errado!" - Pais podem intervir como companheiros de atividade, não
como substitutos.
“Sem uma boa autoestima, podem surgir
problemas nos relacionamentos, tanto de amizade quanto amorosos, compulsão por
dinheiro, distúrbios alimentares, problemas com álcool e com drogas”, afirma
Ana Paula. Katia complementa que “essa pessoa tende a ser mais introspectiva,
insegura ou agir de maneira prepotente e arrogante, justamente para ocultar sua
imensa insegurança. Autoestima rebaixada traz consigo angústia, tensão
constante e dependência”.
Depois de muito ler em livros e na internet
sobre o assunto e de trocar ideias com outras mães em grupos de discussão em
redes sociais, a artesã Camilla Werner incorporou ao dia a dia de sua família
várias atitudes para promover a autoestima dos filhos Theo, de nove anos,
Eloah, de cinco, e Isabella, de três. “Evito adjetivos negativos, porque a
criança acaba incorporando aquilo à sua personalidade”, exemplifica.
Ela segue direitinho as orientações
psicológicas contemporâneas. “Prefiro focar nas atitudes, conversar. Claro que
às vezes, na hora do nervoso, a gente não pensa e corre o risco de falar algo
de que se arrependerá. Quando isso acontece, não tenho problema em chamá-los
depois e explicar que me expressei mal porque estava nervosa. Que não tinha a
intenção de criticá-los pessoalmente. Tento acertar o máximo possível, porque
quero que eles sejam adultos completos e felizes.”
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